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4 cidades feitas para milhares de pessoas, mas ainda totalmente vazias

Cidades são como organismos, mas isso não impediu que a humanidade tentasse forçá-las a serem totalmente artificiais - com resultados às vezes desastrosos.

Cidades são como organismos. Elas são o produto de forças inimaginavelmente complexas, e aumentam ou diminuem devido a fatores que vão além de nós, humanos. Mas isso não impediu que a humanidade tentasse forçá-las a serem totalmente artificiais – com resultados às vezes desastrosos.

>>> Um passeio pelas cidades-fantasma da China

Construir uma cidade é algo delicado, e em vários casos – desde a “vila-propaganda” da Coreia do Norte até os condomínios abandonados no sudoeste americano, feitos pouco antes da crise de 2008 – estes planos resultam em comunidades planejadas sem quaisquer habitantes reais.

Várias cidades ao redor do mundo foram realocadas ou construídas a partir do zero ao longo dos anos. Em alguns casos, isso dá certo, como provam estas imagens de satélite de cidade planejadas. Mas nem todas têm a mesma sorte, como veremos a seguir.

Nova Cidade de Kangbashi (China)

Você provavelmente já ouviu falar de Ordos, a cidade planejada na Mongólia Interior que tem sido descrita amplamente como uma “cidade fantasma moderna”, erguida com o dinheiro obtido a partir dos enormes depósitos de carvão abaixo da cidade.

Tecnicamente, estamos falando da Nova Cidade de Kangbashi: um projeto imobiliário em Ordos cheio de casas e ruas perfeitas, mas sem habitantes – uma cidade que serviu mais como um investimento imobiliário do que como uma comunidade real.

Em 2009, a Al Jazeera descreveu a cidade como uma forma de o governo aumentar o PIB, pois a construção entra no produto nacional. Mas, como informou o New York Times há algumas semanas, a situação recentemente piorou muito em Kangbashi:

Hoje, a situação imobiliária em Ordos se tornou macabra. Outdoors em vídeo ao longo das principais estradas da cidade exibem fotos de promotores imobiliários que fugiram da cidade, para escapar das dívidas. Há rumores de que alguns edifícios em Kangbashi serão dinamitados: donos de torres de apartamentos desocupados esperam criar valor através da destruição, revendendo terrenos para novos investidores.


Fotos: Bert van Dijk/Flickr.

Residencial Francisco Hernando, em Seseña (Espanha)

O Residencial Francisco Hernando não é exatamente uma cidade: é uma comunidade nos arredores da cidade Seseña em Toledo, Espanha. É uma das dezenas de “cidades fantasmas” que foram construídas no auge do boom imobiliário, pouco antes do crash de 2008, que atingiu particularmente a Espanha.

O projeto deveria ter sido “o maior complexo residencial já realizado por um incorporador privado na Europa”, com 13.500 unidades, de acordo com o Globe and Mail. Muitos deles foram realmente construídos, mas nem tudo era o que parecia para os compradores. María Beltrán, da Universidade de San Pablo, cita uma notícia do El Pais sobre problemas descobertos a partir de 2009, logo após a crise:

Mas, em seguida, alguns fatos terríveis vieram à tona: não existe infraestrutura urbana construída na nova cidade; não há estradas adequadas para ligá-la à cidade de Madri, nem rede de transporte público planejada e, mais alarmante ainda, nem distribuição de água permitida por lei – a água estava sendo roubada por uma segunda empresa contratada pelo [promotor imobiliário] “El Pocero”

Hoje, o local é uma monstruosidade vazia, cercada por um lixão de pneus, que representa os tipos de investimentos que levaram à especulação dentro da Espanha e contribuíram para a sua crise.


Foto: Gabri Solera.

Kijong-dong (Coreia do Norte)

A “cidade” norte-coreana de Kijong-dong é o exemplo perfeito de planejamento urbano como arma política; se a arma funciona, aí são outros quinhentos. A Coreia do Sul chama a cidade de “Vila Propaganda”, uma cidade erguida de propósito para dar a aparência de normalidade e produtividade para os observadores do sul.

“É uma mentira, uma enorme aldeia Potemkin projetada para dar à Coreia do Norte a aparência de modernidade”, como descreveu o Washington Post após visitar o local na década de 90.


Fotos: Marcella e RockyA/Flickr

Kilamba (Angola)

Angola possui uma enorme reserva de petróleo, por isso a China está investindo pesadamente na infraestrutura do país através de sua empresa estatal de investimento, a China International Trust and Investment Corporation. A cidade de Kilamba é o produto desse investimento.

Erguida nos arredores de Luanda, atual capital de Angola, esta cidade foi projetada para 500.000 pessoas. São fileiras de centenas de blocos de apartamentos, pintado em tons pastéis amigáveis, salpicados com lojas, escolas e áreas comerciais.

No entanto, Kilamba não foi tão bem sucedida como o planejado, porque quase ninguém podia arcar com os apartamentos. A BBC informou em 2012 que esta era uma cidade fantasma, sem habitantes, porque a hipoteca necessária para comprar qualquer uma das unidades estava muito fora do alcance para a maioria dos angolanos.

A cidade aparentemente pode ter uma segunda chance, depois de alterações nos preços, mas é um bom exemplo do que pode acontecer quando um país sofre com déficit habitacional entre pessoas de renda baixa e média, mas tem um excesso de moradias de luxo.


Fotos: Darwinius/Wikimedia. Imagem de capa: Bert van Dijk/Flickr.

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