9Heads: quando três cabeças se transformam em nove para criar games no Brasil

Por Bruno Izidro Muitos devem conhecer a lenda da Hidra, o ser mitológico de várias cabeças. Quando uma delas era cortada, duas outras se regeneravam no lugar. Para o artista 3D Daniel Ernesto, essa característica tem um significado bem forte: “Se cairmos, nos levantamos mais fortes”. Foi com essa motivação que ele, o game designer […]

Por Bruno Izidro

Muitos devem conhecer a lenda da Hidra, o ser mitológico de várias cabeças. Quando uma delas era cortada, duas outras se regeneravam no lugar. Para o artista 3D Daniel Ernesto, essa característica tem um significado bem forte: “Se cairmos, nos levantamos mais fortes”. Foi com essa motivação que ele, o game designer Henrique Elias e o engenheiro Aymar Pescador fundaram, em 2012, a 9Heads Game Studios. Assim, as três cabeças começaram a representar nove, com o objetivo de criarem jogos.

A 9Head nunca chegou a cair ou ter suas cabeças cortadas, muito pelo contrário. Nesses pouco mais de três anos de vida, o estúdio já conseguiu que seus dois primeiros jogos fossem lançados no Steam, e os dois são bem diferentes um do outro: o jogo de puzzle Vitium e o terror Damned.

Ainda assim, a menção de queda que Ernesto fala era uma preocupação muito mais presente quando eles começaram. Afinal, os três desenvolvedores largaram os respectivos empregos para se dedicaram só ao estúdio. “Foi um tiro no escuro, sabíamos que era arriscado, não sabíamos quando tempo levaria para ter algum retorno, e se iríamos ter retorno”, fala Ernesto.

Na época a 9Heads estava finalizando o desenvolvimento de Vitrum, um jogo 3D que une desafios de plataforma com puzzles usando cristais, que alteram a gravidade ou criam blocos no ar.

Como dá pra perceber, a inspiração para Vitrum veio diretamente de Portal e os próprios desenvolvedores admitem isso. O mérito do jogo, porém, está em como ele serviu para o estúdio ganhar experiência, principalmente por eles terem feito uma engine própria, batizada de 9Gears, para criá-lo. “O Aymar, até então único programador da equipe, reuniu e integrou várias bibliotecas open source para dar forma a 9gears e depois programar todo o game”, conta o artista 3D.

Com o bom resultado de Vitrum para a equipe e a experiência adquirida, a 9Heads partiu para um segundo e mais ambicioso projeto: um jogo de terror chamado Damned. Dessa vez pegando inspirações de jogos indies que faziam sucesso em 2013, eles decidiram adicionar um toque a mais para Damned chamar a atenção. “Na época, o game Slender era uma febre entre os youtubers e a comunidade streamer. Amnesia era também um game extremamente popular, porém em todos eles faltava algo: um modo Multiplayer”, explica Ernesto.

Damned é um jogo multiplayer para cinco jogadores, onde um deles assume o papel da “criatura” que persegue os outros quatro, que devem sobreviver. Além desse conceito interessante, o jogo possui cenários randômicos.

Salvos pela luz (verde)

A 9Heads já tinha desenvolvido um jogo e o projeto de Damned já estava demandando mais do que três pessoas e foi aí que novas cabeças surgiram no estúdio. Hoje eles são oito integrantes (só falta mais para justificar o nome); o problema é que as despesas também aumentaram.

Vitrum já estava finalizado, mas não dava retorno comercial. Foi então que Damned, já no estágio final do desenvolvimento, conseguiu ser aprovado no greenlight do Steam e Vitrum seguiu o mesmo caminho logo em seguida. “Foi um alívio para o time, provavelmente não iríamos conseguir nos manter por muito mais tempo sem um retorno sobre o trabalho que estivemos realizando”, comenta Ernesto. Publicar os dois jogos no Steam foi o que deu segurança e, principalmente, reconhecimento para a 9Heads continuar.

Só há um detalhe aí: esse reconhecimento vem muito pouco aqui do Brasil. Mas isso se dá porque o estúdio tem seu foco comercial em mercados maiores, como EUA e Europa. Eu mesmo descobri o estúdio por acaso, depois de me interessar pelo conceito de Damned e pesquisar mais sobre essa tal 9Heads que o havia desenvolvido. “Concordo que estamos um pouco sumidos aqui no Brasil, [porque] promover a empresa por aqui é um pouco mais complicado do que no exterior”, justifica Daniel Ernesto.

A bem da verdade, eles têm um bom motivo para o foque só no mercado lá fora. “Somente 1,2% da receita do Damned provém do Brasil”, diz o desenvolvedor. “Mas por ter uma equipe pequena e orçamento limitado, preferimos focar onde está a grande massa consumidora”.

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Atualmente a 9Heads já trabalha em seu próximo jogo e, mais uma vez, com uma temática completamente diferente dos anteriores: um game de faroeste chamado Sunset Rangers. Mas dessa vez eles se aproveitarão um pouco do sucesso e o jogo terá elementos que o assemelham a Damned — como ser multiplayer e ter itens randômicos, como as armas. “Jogadores terão de sobreviver às terras áridas do deserto, criar itens para sobrevivência e construir armas para enfrentar outros jogadores e NPC’s”. Infelizmente ainda não há data para o lançamento do jogo.

Pelo menos agora poderemos ficar de olho tanto no jogo como no estúdio. Quem sabe assim o 9Heads não começa a ser mais reconhecido em sua terra natal?

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