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A Microsoft sabia que o Windows Phone 7 teria vida curta antes mesmo de lançá-lo

Ainda tem muita gente furiosa com o fato de que nenhum Windows Phone atual será atualizado para o Windows Phone 8. Há motivos de sobra que justificam a decisão da Microsoft e, em entrevista à CNet UK, Greg Sullivan, gerente de produtos sênior para Windows Phone, contou mais detalhes sobre os bastidores dela. O reboot […]

Windows Phone 8 na mão.

Ainda tem muita gente furiosa com o fato de que nenhum Windows Phone atual será atualizado para o Windows Phone 8. Há motivos de sobra que justificam a decisão da Microsoft e, em entrevista à CNet UK, Greg Sullivan, gerente de produtos sênior para Windows Phone, contou mais detalhes sobre os bastidores dela. O reboot já estava planejado antes mesmo do Windows Phone 7 ser lançado, no final de 2010.

O desenvolvimento das versões 7 e 8 do Windows Phone correu em paralelo, ou seja, enquanto a Microsoft trabalhava para aprontar o WP7, os trabalhos em seu sucessor já estavam sendo feitos. Como Explica Sullivan:

“[O desenvolvimento do WP8 começou] logo após o Windows Phone 7. O time que desenvolveu o 7.5 estava, na realidade, trabalhando em paralelo com o time central que já havia começado [o WP8]. Na verdade, parte daquele trabalho começara antes mesmo do Windows Phone 7 estar disponível — então ele remonta a um pouquinho antes.”

Unificar o Windows Phone e o Windows convencional (kernel NT) “sempre foi o plano.”

Sullivan se refere à mudança da versão 7 para a 8 como uma “guinada de geração” e acalma os que temem algo parecido no futuro — um eventual Windows Phone 9 incompatível com a base então atual. Segundo ele é um tipo de evento raro, mas às vezes necessário e que não vê outra guinada do gênero acontecendo no futuro devido à vantagem que a nova arquitetura dá à Microsoft.

Para os atuais donos de Windows Phones, resta a versão 7.8 que trará a nova tela inicial (acima), de acordo com Sullivan uma resposta aos anseios dos usuários — mais controle sobre os live tiles, mais deles visíveis na tela. Ele diz, ainda, que quem tem um novíssimo Lumia 900 ou qualquer outro Windows Phone da geração atual ainda usufruirá de muitos recursos do ecossistema da Microsoft, como a sincronia com SkyDrive, o Xbox LIVE, a pesquisa do Bing, mapas e tudo mais, mesmo que coisas legais da vindoura integração entre Windows Phone 8 e Windows 8 fiquem de fora. Que coisas? Além do uso de NFC, ele não comenta muito, mas promete que elas estarão lá:

“Há uma série de… novas capacidades e funções que virão e sobre as quais não falamos ainda e tem a integração com o Windows 8 que demonstraremos quando estivermos mais próximos do lançamento.”

Além dessas novidades ainda desconhecidas, os usuários do Windows Phone 7.X ficarão sem os novos apps feitos especialmente para o Windows Phone 8. Na cola desse assunto, perguntaram a Sullivan por que a Microsoft não esperou para lançar o Windows Phone já com o novo kernel em vez de apostar num sistema que, com antecedência, já se sabia que teria vida curta. A resposta dele:

“Era importante para nós estabelecer essa nova abordagem em experiência de usuário e começar a construir o ecossistema para desenvolvedores. Eles são necessários, mas insuficientes para estabelecer uma nova plataforma e não queríamos esperar [até podermos lançar o Windows Phone 8] para começar isso porque estamos mantendo as características básicas da plataforma [na migração].

[O Windows Phone 7] Tem sido uma importante parte da nossa estratégia móvel. É este novo paradigma de usuário, com estilo Metro e linguagem de design, e a nova plataforma de apps, que chegou aos 100 mil na semana passada, o que é uma marca importante em termos de plataforma de massa crítica.

Estamos em um ponto agora onde temos relacionamentos com operadoras, começamos a estabelecer uma abordagem diferente na experiência de usuário, e agora temos uma massa crítica de apps… e [o Windows Phone 8] não é um recomeço — é uma extensão disso.

Nós sabíamos que essa migração na arquitetura aconteceria e é por isso que tivemos a abordagem na plataforma de aplicações que tivemos — assim, todos os apps continuarão rodando.”

A explicação bate com o que o Felipe comentou neste post: “Se a Microsoft tinha que abandonar o Windows Phone 7 no meio do caminho, por que não começou direito? (…) Provavelmente porque a Microsoft não tinha outra alternativa. Ela não iria esperar o Windows 8 ficar pronto para lançar o Windows Phone. Senão, iria lançar seu primeiro concorrente ao iOS e Android em 2012. Isso seria loucura! Esperar até 2010 pelo primeiro Windows Phone já foi tempo demais.” Tome como exemplo contrário o que a RIM está fazendo; o Windows Phone não é um exemplo de sucesso ainda, mas está muito melhor que o BlackBerry 10 simplesmente por já existir.

Se sabiam desde o começo, por que não contaram logo que tudo mudaria em dois anos? A lógica nos diz que não contaram para não encalhar os atuais aparelhos, especialmente os lançados neste ano, mas Sullivan tem outra justificativa:

“A realidade disso é que nós que estamos nessa indústria e sabemos exatamente a versão do sistema operacional ou o número da build da atualização que temos no celular somos diferentes do resto da população. Somos especiais. Nós, nerds de gadgets, somos especiais e nós nos preocupamos profundamente com cada pedaço de tecnologia que usamos e as entendemos em um nível bastante profundo.

Se você olhar a base instalada de Androids, por exemplo, a pessoa média não sabe qual a versão do SO que está instalada em seu dispositivo. Mesmo se você olhar no mercado do Android, é o tipo de celular para pessoas que acham que seria legal se transformar em um robô. Nem todo mundo acha que isso seria legal.

E para pessoas comuns a ideia de recompilar seu kernel não soa como uma forma divertida de passar uma tarde, mas alguns de nós somos especiais… A ideia de atualizações é muito importante para uma pequena parte influente da base de usuários… A maioria esmagadora de usuários de Android não fazem atualização — em grande parte porque eles não têm habilidade para tal e mesmo quando têm, em geral não o fazem.

Então temos uma guinada de geração em nossa plataforma. Estamos conduzindo-a como parte de uma sequência intencional de eventos para trazer o Windows Phone ao mercado. É deliberada e eu acho que evidenciada pelo cuidado que temos demonstrado com apps que continuarão rodando, os investimentos em apps que serão mantidos e as partes-chave da experiência de usuário que desenvolvemos voltará aos já existentes, então achamos que essa é a melhor abordagem que nos permitiu entregar um significativo conjunto de valores que será relevante ao hardware existente e, ao mesmo tempo, aproveitar ao máximo as vantagens do novo hardware.”

No resto da entrevista, Sullivan comenta algumas questões sobre a nova tela inicial (e nos tranquiliza em dizer que não haverá texturas ou muitas outras cores extravagantes) e o hardware dos aparelhos com Windows Phone 8 sem dar detalhes concretos. [CNet UK]

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