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A NASA acha que o pior do El Niño já passou

Os efeitos do El Niño devem diminuir após o pico atingido em 2015. No entanto, o aquecimento global pode prolongar os efeitos do fenômeno que "bagunça" o clima.

O El Niño é como aquele pior tipo de convidado em uma festa: ele é daqueles que aparece tarde e com fúria para, tropeçar em sua casa e vazar após uma hora. No último mês, estávamos nos perguntando quando ele iria nos deixar, e a NASA disse que o fenômeno climático que causa essa confusão no tempo está ficando menos potente. Isso significa que a gente pode ter atingido o pico do El Niño.

O fenômeno ocorre quando as águas oceânicas superficiais do Pacífico equatorial começam a esquentar, deslocando o fluxo de água do sul, o que acaba perturbando os padrões de circulação atmosférica e dos oceanos. Você pode imaginar o Pacífico equatorial como um gigante caldeirão de água que está fervendo aos poucos nos últimos 12 meses. Em dezembro, este caldeirão começou a ferver, e um pouco mais tarde, todo mundo percebeu que o El Niño chegou pesado. Na Califórnia, choveu torrencialmente, na costa leste dos EUA parecia que era verão. Enquanto isso, o polo norte começou a derreter.

Como a NASA gosta de observar, o El Niño parece assustadoramente parecido com o El Niño de 97-98. Após esse aquecimento, o Pacífico equatorial deveria começar a esfriar, em tese. O fato é que ainda não podemos afirmar isso com certeza, pois precisamos de dados para reforçar essa tese. O satélite Jason-2 tem monitorado o El Niño da órbita da Terra, medindo as variações da altura da superfície do mar e correlacionando com a temperatura do oceano (a água se expande quando é aquecida, fazendo com que o oceano “inche”).

Neste mapa é possível ter uma ideia de como foram os últimos 12 meses:

Anomalias da superfície do mar no Pacífico mostram o El Niño ganhando força durante o ano de 2015. Cores quentes indicam que o nível do mar está mais alto que o normal e com temperaturas mais altas, já as cores frias indicam nível do mar menor que o o normal e temperaturas baixas. Via NASA Earth Observatory

Há ainda um coringa que pode entrar em cena, segundo a previsão da NASA: o aquecimento global. 2015 foi o ano mais quente nos últimos 135 anos, e não foi só o El Niño que contribuiu para isso. O caldeirão gigante de água pode estar ficando mais frio, porém, um idiota ligou um aquecedor na cozinha. Se a tendência geral de aquecimento fará com que o El Niño seja um pouco mais longo, nós ainda não sabemos.

Mas considerando que o El Niño atingiu seu pico, isso significa que o clima voltará a ficar normal em breve? É melhor não se adiantar nas conclusões. Em um comunicado recente, o Centro de Previsão de Clima NOAA disse que o “EL Niño já produziu impactos globais significantes e é esperado que afete a temperatura e os padrões de precipitação nos Estados Unidos durante os próximos meses. A maioria dos modelos indica que um El Niño mais forte ficará fraco com uma transição ENSO (El Niño/Oscilação para o sul) durante o fim da primavera ou no início do verão no Hemisfério Norte”.

O El Niño pode estar indo embora, mas ele não vai para a casa sem deixar estragos.

[NASA Earth Observatory]

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