Por que a Apple comprou a Beats por US$ 3 bilhões

É oficial: a Apple pagou US$ 3 bilhões para comprar a Beats, um império de fones de ouvido combinado a um serviço promissor de streaming de música. Mas isso não é tudo: a Apple vai levar duas das mentes mais inteligentes na música e entretenimento – Dr. Dre e Jimmy Iovine. Tim Cook, CEO da […]

É oficial: a Apple pagou US$ 3 bilhões para comprar a Beats, um império de fones de ouvido combinado a um serviço promissor de streaming de música. Mas isso não é tudo: a Apple vai levar duas das mentes mais inteligentes na música e entretenimento – Dr. Dre e Jimmy Iovine.

Tim Cook, CEO da Apple, e Eddy Cue, vice-presidente de serviços, explicaram na Code Conference os motivos para comprar a Beats. Cook detalha por que realizou a maior aquisição da história da Apple:

– talento: “A Beats traz para a Apple pessoas com habilidades muito raras. Pessoas assim não nascem todos os dias. Eles são muito raros. Eles realmente entendem profundamente de música. Então nós recebemos na Apple uma infusão de talento incrível”, diz Cook.

– serviço de streaming de música: o Beats Music foi lançado nos EUA em janeiro com mais de 20 milhões de músicas no catálogo. Seu diferencial é que as recomendações de música não são guiadas apenas por um algoritmo: há também pessoas de verdade ajudando nisso. Cook diz que este é “o primeiro serviço de assinatura que realmente acertou nisso”, e que usando a presença global da Apple, ele poderia se expandir para mais países.

O Beats Music está disponível para iOS, Android, Windows Phone e web. Eddy Cue diz que vai manter o app nas plataformas concorrentes, em vez de removê-los como de costume. Por quê? O Recode especula que remover o Beats Music do Android e Windows Phone poderia ser um problema para autoridades regulatórias aprovarem a enorme aquisição.

– fones de ouvido: “Eles também criaram um negócio incrível de fones de ouvido premium ajustados por especialistas e ouvidos críticos. Somos fãs disso. É um negócio de tamanho razoável, que está em rápido crescimento”, diz Cook. Ele também sugere que os fones Beats agora poderão ser vendidos em mais países.

É interessante a ordem que o CEO da Apple listou os motivos: primeiro o talento, depois o novo streaming de música, e só então os fones de ouvido. Muitos dizem por aí que a Apple queria, acima de tudo, comprar a marca Beats e o hype ao redor dela, mas Eddy Cue rebate: “acho que não se compra hype… vamos fazer ótimos produtos juntos”.

Cook ainda lembra que a aquisição não se trata apenas do que a Beats faz hoje: “é o que acreditamos que combinar as duas pode produzir no futuro”, afirma.

Isso também diz muito sobre a Apple de hoje: Steve Jobs nunca teria comprado a Beats, porque ele era focado em aquisições menores que poderiam ser incorporadas à empresa – a Beats, no entanto, permanecerá independente. Mas, como aponta Matt Yglesias, Cook sabe que precisa reunir mais talentos para guiar a Apple para o futuro; sozinho, ele não conseguiria. Ele não é Steve Jobs, e está agindo de acordo.

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Jimmy e Dre

A Beats by Dre foi fundada em 2008, e nesse tempo ela cresceu em um negócio que movimentou mais de US$ 1 bilhão em vendas só no ano passado. Mas isso é apenas o sucesso mais recente de duas carreiras com décadas de triunfos criativos e financeiros.

Dr. Dre está entre os artistas de hip hop mais importantes e bem-sucedidos da história, para não falar de suas habilidades como produtor, proprietário de gravadora e caçador de talentos. Ele não fez isso só uma vez – foram quatro ou cinco vezes.

Primeiro, foi como membro do NWA; depois como artista solo que ajudou a lançar a carreira de Snoop Dogg; então, como a pessoa que deu o empurrão inicial para a carreira do Eminem; para depois lançar 2001, seu melhor álbum. E no ano passado, Dre foi produtor executivo do álbum mais bem-sucedido do rapper Kendrick Lamar.

Jimmy Iovine também não é qualquer um. Ele começou sua carreira como engenheiro de som para várias celebridades, de Bruce Springsteen a John Lennon, e subiu na carreira até se tornar um alto produtor. Em seguida, ele fundou a Interscope Records, uma das últimas grandes gravadoras a surgir antes de a música digital desmantelar o modelo de negócios tradicional.

No início dos anos 2000, quando a maioria dos executivos na indústria da música fingiam que a pirataria digital iria embora se movessem muitos processos na justiça, Iovine tentava encontrar formas de ganhar dinheiro online. Ele sempre esteve um pouco à frente da curva e, como observa Tim Cook, Iovine foi um dos primeiros a apoiar o iTunes. (Ah, e ele era amigo do Steve Jobs.)

A Beats é um negócio bem sucedido, mas é apenas um pequeno exemplo do que Dre e Iovine são capazes de criar. Não é um negócio tradicional de música; ele usa o prestígio de um artista para vender outros produtos. Em um mundo onde as vendas de álbuns estão cada vez mais difíceis, é uma estratégia esperta de negócios. O conteúdo on-line, e acima de tudo a música, precisam de inovação. Quantas empresas de música de sucesso surgiram na última década, e quantas delas podem valer uma aquisição de US$ 3 bilhões?

Jimmy e Dre – este é o nome oficial do cargo deles, apenas seus nomes – poderiam ajudar a Apple a evoluir e desenvolver a sua área de música. A Apple teve bastante sucesso com o iTunes, mas após dez anos, os sinais sugerem cada vez mais que a loja não será o bastante. A Beats provou que há muito dinheiro a se ganhar em outras áreas da música. A Apple sempre contratou pessoas que podem ver o futuro, e não há dois oráculos da música mais criativos do que Dr. Dre e Jimmy Iovine.

Colaborou: Mario Aguilar.

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