Estudo indica que bloqueadores de pornografia são desperdício de tempo e dinheiro

A pornografia não é, digamos, exatamente difícil de se conseguir. Essa prevalência e acessibilidade de imagens sexuais na rede levou muitos pais e figuras políticas a tentarem filtrar a baixaria para longe das telas dos jovens. Mas um novo estudo indica que esses esforços são, em grande parte, um desperdício de tempo e dinheiro. • Não […]

A pornografia não é, digamos, exatamente difícil de se conseguir. Essa prevalência e acessibilidade de imagens sexuais na rede levou muitos pais e figuras políticas a tentarem filtrar a baixaria para longe das telas dos jovens. Mas um novo estudo indica que esses esforços são, em grande parte, um desperdício de tempo e dinheiro.

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Neste mês, pesquisadores do Oxford Internet Institute publicaram um artigo — “Filtragem da Internet e Exposição do Adolescente a Material Sexual Online“, em tradução livre — que investiga se os filtros online para material sexual são uma medida preventiva eficaz que os responsáveis podem adotar com os jovens. De acordo com o estudo, não são.

“A luta para moldar as experiências que os jovens têm online é agora parte da paternidade moderna”, escrevem os autores do estudo. “Esse estudo foi conduzido para tratar o valor de indústria, política e conselho profissional em relação ao papel apropriado da filtragem da internet nessa luta. Nossas descobertas preliminares sugeriram que os filtros podem ter pequenos efeitos protetores, mas evidências advindas de uma abordagem empírica mais rigorosa e robusta indicaram que eles são completamente ineficazes.”

Além do mais, os autores apontam que a potência dessas ferramentas precisa ser melhor estudada. Bloqueadores de pornografia muitas vezes custam dinheiro para serem implementados por pais e responsáveis e, certamente, têm um custo para os desenvolvedores que os criam. Se, no fim das contas, eles são inúteis ou, em alguns casos, censuram conteúdo educativo, eles deveriam ser examinados mais rigorosamente.

Os pesquisadores observaram 9.352 homens e 9.357 mulheres, com idades entre 11 e 16 anos, da União Europeia e do Reino Unido. Eles também observaram um “número igual” de responsáveis, totalizando 18.709 pares de responsáveis e filhos. Quase metade dos jovens entrevistados tinham um filtro online em sua casa. Os pesquisadores descobriram que “mais de 99,5% das chances de um jovem ter encontrado material sexual online tinham a ver com fatores além do uso de tecnologia de filtro dos responsáveis”. Também descobriram que os jovens em casas com bloqueadores online eram mais propensos a ter visto pornô violento nos últimos seis meses do que aqueles de casas sem um filtro.

Esse é um estudo importante e que vem em boa hora, não apenas para pais tendo dificuldades em controlar o que seus filhos veem online, mas também para fornecer informações às políticas de estado sobre o assunto. “Nossas descobertas levantam a pergunta sobre se filtros online obrigatórios nas escolas, financiados pelo Estado, deveriam ainda ser considerados uma intervenção econômica, ao mesmo tempo em que fornece uma justificativa clara para a investigação de outros métodos preventivos, como ferramentas de verificação de idade ou estratégias educacionais para apoiar um comportamento online responsável e promover a resiliência”, escrevem os autores.

Embora esse estudo tenha observado apenas jovens de países europeus, existem também figuras políticas norte-americanas determinadas a empurrar pautas contra a pornografia até que se transformem em regras. Em 2016, um projeto de lei na Carolina do Sul exigiria que todos os dispositivos vendidos viessem equipados com um bloqueador de pornografia — a menos que você pagasse uma taxa de US$ 20 para comprar sem a censura. Naquele mesmo ano, o senador de Utah Todd Weiler propôs uma lei que exigiria que todos os celulares fossem equipados com filtros online e softwares antipornografia.

Também em 2016 — um grande ano para a guerra de Utah contra o pornô —, o governador Gary Herbert declarou que a pornografia representava uma “crise de saúde pública” no estado. Aliás, foi só no começo desse ano que o Utah aprovou uma leia para eliminar sua posição de czar da pornografia.

O estudo do Oxford Internet Institute ajuda a destacar esses ataques reacionários à internet livre, por melhores intencionados que eles possam ser, fornecendo evidências de que essas medidas são tomadas em vão. Em vez de combater a pornografia, talvez os responsáveis devessem considerar educar os jovens sobre materiais sexuais e a internet.

Com bloqueadores ou sem eles, se as crianças quiserem encontrar pornô, elas provavelmente vão conseguir.

[TechCrunch]

Imagem do topo: Getty

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