Buraco negro supermassivo está disparando ondas de rádio que chegam à Terra

Na busca por FRBs, astrônomos acabaram descobrindo algo diferente: um buraco negro constantemente emitindo ondas de rádio que chegam à Terra.

Durante os últimos nove anos, astrônomos vêm documentando uma série de pulsos estranhos de ondas de rádio, enviados de muito longe. Estas “explosões rápidas de rádio” (FRB na sigla em inglês) duram apenas milissegundos, e são quase sempre detectadas após terminarem – por isso, é um desafio descobrir de onde elas vieram.

Na busca por essas explosões, astrônomos acabaram descobrindo algo diferente: um buraco negro constantemente emitindo ondas de rádio que chegam à Terra.

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Em fevereiro, um estudo alegava ter identificado a origem de uma FRB no espaço pela primeira vez: uma galáxia a 6 bilhões de anos-luz. No entanto, as conclusões da equipe começaram a se desfazer quando Peter Williams e Edo Berger, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, levantaram novas evidências.

Após a FRB ser documentada, Williams e Berger rapidamente usaram os radiotelescópios Very Large Array para ter uma ideia melhor da galáxia onde se originou o sinal. Eles ficaram surpresos ao descobrir que o sinal ainda estava forte.

Em uma FRB de verdade, o sinal diminui rapidamente após o disparo inicial. Em vez disso, os astrônomos viram algo cíclico: as emissões de rádio se tornavam cada vez mais fortes, antes de quase sumirem novamente.

A fonte também logo se tornou clara: um buraco negro maciço no centro da galáxia, que vem expelindo rajadas de ondas de rádio que podem ser detectadas na Terra.

Jatos duplos explodem para fora do buraco negro, e processos físicos complexos dentro desses jatos criam uma fonte constante de ondas de rádio. A intensidade delas muda à medida que o buraco negro engole mais matéria.

O mistério das FRBs

Ou seja, o que parecia ser uma FRB na verdade é apenas o sinal cíclico de um buraco negro. “O que a outra equipe viu não tinha nada de incomum”, diz Berger em um comunicado. “A emissão de rádio a partir desta fonte aumenta e diminui, mas nunca some de vez. Isso significa que ela não pode ser associada à explosão rápida de rádio”.

Williams lembra que “parte do processo científico é investigar resultados para ver se eles sustentam. Neste caso, parece que há uma explicação mais mundana para as observações de rádio”, diz ele em comunicado. A “explicação mundana” é o buraco negro supermassivo. O estudo foi aceito para publicação na Astrophysical Journal Letters.

Tudo isso mostra o poder do método científico, mas deixa em aberto o mistério das FRBs: ainda há um longo registro desses sinais cósmicos únicos, cuja origem não foi descoberta.

Mas os pesquisadores estão otimistas: “há 30 anos, víamos explosões de raios gama aparecerem e desaparecerem, mas não sabíamos o que eram nem o que as causava; agora temos provas concretas de suas origens”, diz Williams. Pode ser questão de tempo resolver a incógnita das FRBs também.

[Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics]

Conceito artístico de um buraco negro no centro de uma galáxia/M. Helfenbein, Yale University/OPAC

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