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China diz não haver provas de que Coreia do Norte invadiu Sony; “A Entrevista” será lançado

Os EUA pediram ajuda da China para combater hackers norte-coreanos. Agora, a China diz não haver provas de que Coreia do Norte fez ataques à Sony Pictures.

Neste final de semana, os EUA pediram à China para ajudar a combater hackers norte-coreanos. Agora, a China declarou publicamente que condena ataques cibernéticos, mas acredita não haver nenhuma prova de que a Coreia do Norte foi responsável pelos recentes ataques à Sony Pictures.

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Segundo a Reuters, o ministro das relações exteriores Wang Yi “enfatizou que a China se opõe a todas as formas de ataques cibernéticos e terrorismo cibernético”. Mas uma porta-voz diz:

Antes de chegar a quaisquer conclusões, é preciso haver uma avaliação completa dos fatos e bases. A China vai lidar com isso de acordo com as leis relevantes internacionais e chinesas de acordo com os fatos.

A China é o único grande aliado da Coreia do Norte, e sua relação com os EUA é desconfortável, especialmente em questão de segurança digital – a China já foi acusada de invadir redes americanas. Por isso, não é surpreendente que eles estejam adotando uma abordagem cautelosa.

A notícia será decepcionante para as autoridades americanas, no entanto, que no sábado disseram ao New York Times:

O que estamos procurando é uma ação de bloqueio, algo que pudesse prejudicar os esforços [da Coreia do Norte] de realizar ataques. A cooperação [da China] seria crítica, uma vez que praticamente todas as telecomunicações da Coreia do Norte passam por redes operadas por empresas chinesas.”

Coreia do Norte

Enquanto isso, a Coreia do Norte está irritada com as acusações, negando que realizou os ataques. Em uma declaração na KCNA, rede estatal de TV, o governo disse (grifo nosso):

Obama declarou pessoalmente em público um “contra-ataque simétrico”, um comportamento vergonhoso.

Não há necessidade de adivinhar o que será esse “contra-ataque simétrico”, mas o exército e o povo da RPDC [República Democrática Popular da Coreia] nunca serão intimidados por uma coisa dessas.

A Coreia do Norte já lançou o contra-ataque mais duro. Não há um erro de cálculo mais sério do que supor que apenas uma única produtora de filmes é o alvo desta ação. Nosso alvo são todas as cidades dos imperialistas norte-americanos que ganharam o ressentimento amargo de todos os coreanos…

Nosso contra-ataque mais forte será corajosamente lançado contra a Casa Branca, o Pentágono e todo o território dos EUA, aquela fossa de terrorismo, ultrapassando em muito o “contra-ataque simétrico” declarado por Obama.

São palavras fortes! O governo norte-coreano ainda diz que “não sabemos quem ou de onde [os hackers] são, mas certamente podemos dizer que eles são partidários e simpatizantes da RPDC”.

A Entrevista

O advogado David Boies, que representa a Sony Pictures, disse em entrevista que a estreia do filme A Entrevista não foi cancelada, apenas adiada:

A Sony está lutando para ter o filme distribuído. Como vai ser distribuído, acho que ninguém sabe ainda. Mas será distribuído.

Na semana passada, a Sony Pictures cancelou o lançamento de A Entrevista nos cinemas e em qualquer outro meio, dizendo que “não tem mais quaisquer planos futuros de lançamento” para ele. No filme, dois jornalistas conseguem uma entrevista com o líder norte-coreano Kim Jong-Un e, em seguida, são instruídos pela CIA a matá-lo.

Na sexta-feira, o presidente Barack Obama criticou a decisão da Sony, dizendo que isso foi um erro, porque cedeu às demandas de um grupo hacker que ameaçava “condenar a um destino amargo” quem fosse assistir ao filme. “Não entrem em um padrão onde você é intimidado por esses tipos de ataques”, disse Obama.

Boies diz que a resposta de Obama veio tarde demais, mas parece que fez a Sony Pictures voltar atrás. Paulo Coelho, George R. R. Martin, o site Gawker e a rede BitTorrent já se ofereceram para distribuir A Entrevista. [Reuters; Guardian; Folha]

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