Brasileiros estão sendo punidos por dados que não temos, diz cofundador do WhatsApp

Jan Koum, cofundador do WhatsApp, se manifestou sobre o bloqueio do serviço de mensagens no Brasil.

Com o bloqueio do WhatsApp no Brasil, Jan Koum, cofundador do app, disse que o serviço não tem as informações solicitadas pela Justiça brasileira. Em post publicado no Facebook, ele reforça que o aplicativo de mensagens conta com criptografia de ponta a ponta e que eles não mantêm histórico de conversa dos usuários.

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Escreveu Koum em sua página no Facebook:

“Mais uma vez milhões de brasileiros inocentes estão sendo punidos por causa de uma corte que quer que o WhatsApp ceda informações que nós não temos. Não só criptografamos as mensagens de ponta a ponta no WhatsApp para manter as informações dos usuários seguras e protegidas, mas também não mantemos registros de conversas em nossos servidores. Quando você envia uma mensagem criptografada, ninguém pode lê-la — nem mesmo a gente.”

Recentemente, o WhatsApp implementou criptografia de ponta a ponta para todas as plataformas. Isso faz que apenas os contatos envolvidos na conversa consigam ler as mensagens por conterem uma chave pública do servidor do aplicativo. Isso significa que informações como mensagens de texto, mensagens de voz, fotos, vídeos, arquivos e ligações VoIP são protegidas.

Co-founder and CEO of Whatsapp Jan Koum speaks during a conference at the Mobile World Congress, the world's largest mobile phone trade show in Barcelona, Spain, Monday, Feb. 24, 2014. Expected highlights include major product launches from Samsung and other phone makers, along with a keynote address by Facebook founder and chief executive Mark Zuckerberg. (AP Photo/Manu Fernandez)
Jan Koum, cofundador do WhatsApp, discursa durante o Mobile World Congress 2014. Crédito: AP Photo/Manu Fernandez

As únicas informações que o WhatsApp diz gravar são número de celular, lista de contatos e metadados (dados sobre quando uma mensagem foi enviada ou recebida).

Apesar do bloqueio que afeta milhões de brasileiros, o cofundador do WhatsApp afirma que não vai flexibilizar a segurança do app para ceder informações de usuários: “Enquanto estamos trabalhando para que o WhatsApp volte ao normal o mais rápido possível, nós não temos a intenção de comprometer a segurança de nosso bilhão de usuários ao redor do mundo.”

Essa é a segunda vez que Koum se manifesta sobre o bloqueio do aplicativo no país. Na primeira, no ano passado, o WhatsApp ficou fora do ar por cerca de 13 horas por não ter cooperado em uma investigação sobre tráfico de drogas.

O segundo bloqueio do WhatsApp no Brasil

As operadoras começaram a bloquear o WhatsApp no Brasil a partir das 14h desta segunda-feira (2). A ordem foi expedida pelo juiz Marcel Montalvão, da comarca de Lagarto (SE) — o mesmo que mandou prender um executivo do Facebook em março.

O motivo do bloqueio é o mesmo da prisão de Diego Jorge Dzodan, vice-presidente do Facebook na América do Sul: o WhatsApp se recusou a quebrar o sigilo de mensagens trocadas no serviço por uma quadrilha de traficantes de drogas em Lagarto.

Após a decisão, o WhatsApp divulgou uma nota dizendo que cooperou com os tribunais locais e que não tem as informações solicitadas. Além disso, ressaltou que o bloqueio “pune mais de 100 milhões de brasileiros”. Mais tarde, ainda na segunda-feira (2), o serviço de mensagem, sem dar muitos detalhes, informou que estava recorrendo da decisão.

Por ocasião do bloqueio do ano passado, já falamos do péssimo precedente aberto pelo bloqueio temporário do serviço. As empresas de tecnologia e a Justiça brasileira precisam encontrar alguma forma de cooperação.

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