[COLUNA] Chegou a hora da TV nacional investir nos e-sports?

O mercado de e-sports já movimenta mais de US$ 600 milhões, seria a hora da TV nacional investir neste ramo?

Um levantamento feito pela SuperData, empresa especializada em pesquisa de games, constatou que o mercado de e-sports possui um  público de 134 milhões de pessoas e que a tendência é aumentar ainda mais nos próximos anos. O valor que circula no setor já chegou a US$ 612 milhões e a maior movimentação de capital acontece na Ásia, principalmente na China e Coreia do Sul.

Os jogos eletrônicos como forma de esporte já começam a se ramificar em diversas áreas. Universidades dos Estados Unidos já fornecem bolsas integrais para os estudantes que são craques no jogo e muitos jogadores profissionais já vivem exclusivamente da diversão. No Brasil o mercado de e-sports vem crescendo cada vez mais, impulsionado principalmente pela presença da Riot no País.

O documento também identificou um fenômeno que usaremos para explicar algumas coisas mais para frente: as empresas da área utilizam os eventos muito mais para promover seus produtos do que para a captação de receita. Indiretamente e a longo prazo, uma coisa acaba se misturando com a outra, o que ajuda de uma forma geral na aquisição de capital das publishers.

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A popularidade dos e-sports é tanta que até a ESPN americana resolveu transmitir o MOBA, da Blizzard, Heroes of the Storm. Aqui no Brasil, já tivemos os primeiros reflexos desta nova tendência, como nos contou o companheiro Bruno Izidro, sobre a transmissão da 1ª etapa do Campeonato Brasileiro de League of Legends, o CBLoL, no cinema.

Quando falamos de e-sports, é comum que pensemos em DOTA 2 e LoL, mas se engana quem deixa de lado Counter-Strike: GO, que também começa a ganhar sua importância em terras tupiniquins. A Games Academy promoverá um campeonato nacional do game, em São Paulo, entre maio e agosto, com premiação de R$ 25 mil. Vale lembrar que este é o cenário nacional. Fora do país, CS tem premiações absurdas e por que não imaginar que isso acontecerá no Brasil mais adiante?

Apresentados alguns dados e um pouco da movimentação atual dos e-sports, será que um dia veremos o gênero em nossas televisões? A pergunta é pertinente, mas não mais importante da que a do título deste artigo. Seria mesmo necessária a exposição dos e-sports na telinha para o seu crescimento?

Eu acho muito difícil afirmar que veremos e-sports na TV brasileira nos próximos anos e existem alguns motivos para isso. O primeiro deles, e o mais grave de todos, tem relação com nossos políticos. Até alguns anos, nossos governantes não consideravam games uma forma de cultura. Tem até político que ainda tenta impedir a venda de alguns títulos por aqui, por considerarem os mesmos violentos.

Outra questão trata do mercado brasileiro de games. Infelizmente, as empresas internacionais, que investem no País, esbarram na burocracia e na falta de entendimento da cultura local. Não à toa, acabam deixando de lado um mercado promissor, como aconteceu com a Nintendo recentemente.

O terceiro pilar diz respeito à pergunta do título: os e-sports não precisam da televisão para fazer sucesso, crescer e angariar fãs. Ela pode até servir para difundir os e-sports entre os leigos e os gamers que não têm intimidade com o gênero, mas dificilmente a exibição na TV faria com que os e-sports se tornassem uma moda generalizada.

Creio que um grande exemplo que fica para nós é o crescimento do Netflix, que em 2014 dobrou o seu lucro e chegou a 50 milhões de assinantes, segundo informou a própria empresa. Qual foi o principal ponto de apoio para o crescimento do serviço? Divulgação, exclusividades e a internet. Cada vez mais o mundo online está em nossas vidas e não duvide que as televisões se tornarão reféns dela.

Ajuda bem-vinda?

Ajudaria as redes de TV. Creio que as mídias televisivas ganhariam muito mais do que os próprios e-sports. Na busca desenfreada por telespectadores, os e-sports poderiam ser uma válvula de escape interessante, angariar uma nova leva de telespectadores, um leque diferente de publicidade. As possibilidades são imensas e basta os donos das empresas saírem da caixa.

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Thiago Simões é comentarista de futebol e hóquei no gelo na ESPN, e toda segunda-feira ele falará de games em sua coluna para o Gizmodo Brasil. Siga o Thiago no Twitter.

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