Como esse “lerdo”, “atrapalhado” e estranho animal enganou a morte

Muitos animais endêmicos de ilhas seguiram o proverbial “caminho do dodô”, incluindo, bem, o próprio dodô. Espécies de ilhas encaram um dos climas mais pesados e desafios induzidos por humanos, então algumas delas acaba não sobrevivendo. Mas uma nova pesquisa mostra que este estranho animal – o solenodon – pode escapar da extinção por ser […]

Muitos animais endêmicos de ilhas seguiram o proverbial “caminho do dodô”, incluindo, bem, o próprio dodô. Espécies de ilhas encaram um dos climas mais pesados e desafios induzidos por humanos, então algumas delas acaba não sobrevivendo. Mas uma nova pesquisa mostra que este estranho animal – o solenodon – pode escapar da extinção por ser esfomeado.

Já de cara os solenodons parecem um tanto estranhos: são mamíferos, sua saliva é venenosa e usam os dentes para injetá-lo em presas. Eles já foram chamados de “lentos” e “atrapalhados” e têm um estranho andar que os fazem marchar em zigue-zague. Se você pedisse para um bêbado desenhar um tamanduá, o resultado provavelmente se pareceria mais com um solenodon. Ou talvez o Mickey.

Por mais estranhos que eles sejam, a qualidade mais útil do solenodon é que eles não são nada frescos para comer. Uma nova pesquisa apresentada esta semana em uma conferência da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados, em Alberta, Canadá, sugere que a habilidade destes animais em comer praticamente qualquer coisa os ajudou a sobreviver a constante presença de novas populações indígenas e europeias no Caribe.

Olha esse focinho! (Imagem: Wikimedia Commons)

Para entender isso melhor, Alexis Mychajliw, uma doutoranda na Universidade Stanford, analisou fósseis da espécie mamífera e populações humanas no Caribe por um período de 7.000 anos. “Observando os solenodons hoje, você pode até pensar que se trata de uma estranha criatura isolada que, da mesma maneira que muitas linhagens anciãs, não conseguem se manter a frente de ameaças modernas”, disse em um comunicado à imprensa. “Mas dados de um fóssil recente nos dizem uma versão diferente dessa história: o solenodon é um sobrevivente, persistindo quando praticamente todos os outros mamíferos ao seu redor se extinguiam”.

Usando uma técnica genética chamada “metabarcoding”, ou código de barras de DNA, Mychajliw pode construir um perfil detalhado da dieta do solenodon moderno por meio das fezes do animal. Ela conclui que o solenodon era um “generalista flexível”, o que significa que ele comia praticamente qualquer coisa. Se uma determinada espécie que servia de alimento para o solenodon morria, ele apenas decidia se alimentar de outras. Essa fome insaciável provavelmente o ajudou a sobreviver por milhares de anos.

Mas é claro que existem algumas ressalvas, já que se trata de um trabalho não publicado que cria uma hipótese sobre dados de um fóssil baseado na análise genética moderna, mas esperamos que os grupos de conservação do Caribe continuem a estudar outras esquisitices do solenodon em maiores detalhes.

Imagem de topo: Alexis Mychajliw

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