Como o arco e flecha conquistou o mundo

Se a cultura pop é algum indicativo, arco e flecha é a arma do futuro. Estranho, não? Mas também é maravilhoso: Jogos Vorazes é estrelado por uma heroína atiradora de flechas. O Gavião Arqueiro irá defender a terra usando um arco e flecha em Os Vingadores. As olimpíadas de verão terão fantásticas competições de arquearia […]

Se a cultura pop é algum indicativo, arco e flecha é a arma do futuro. Estranho, não? Mas também é maravilhoso: Jogos Vorazes é estrelado por uma heroína atiradora de flechas. O Gavião Arqueiro irá defender a terra usando um arco e flecha em Os Vingadores. As olimpíadas de verão terão fantásticas competições de arquearia para você apreciar. E o novo super herói da TV, o Arqueiro Verde, também empunha um arco.

Então é uma ótima ocasião para sacar estar antiga ferramenta e examinar como ela evoluiu para ser a arma do momento.

O arco foi o primeiro dispositivo mecânico que podia ultrapassar projéteis arremessados à mão, e era a melhor arma que humanos tinham durante combates montados em cavalos – até que fosse inventado o revólver.  Foi um grande passo no desenvolvimento das armas.

Culturas pré-histórias – supreendentemente, independentes umas das outras através do globo – desenvolveram o arco e flecha para caça e combate. As pontas de flechas mais antigas, descobertas na África do Sul, eram feitas de ossos e datam de 61,000 anos atrás. Pessoas pré-medievais na África, junto com índios Americanos e Esquimós tinham as suas próprias versões do arco e flecha. No Japão, arcos de madeira gigantescos de quase dois metros e meio foram encontrados junto com modelos menores feitos de ossos de baleia ou chifres, e imagens do primeiro imperador do Japão, Jimmu, que governou por volta de 660 a.C, mostram-no segurando um grande arco.

Mesmo a balestra tem origens pré-medievais. Ela não foi aperfeiçoada até a Idade Média, mas quando foi refinada, se tornou tão mortal na batalha que o Concílio de Latrão de 1139 proibiu seu uso contra Cristãos. O arco longo estreou nos campos de batalha no século 14. Ele podia atirar flechas com mais precisão e rapidez (seis flechas direcionadas por minuto). Mas muitos guerreiros ainda preferiam a balestra porque elas necessitavam de muito menos esforço físico para operar.

E esse esforço físico certamente pesava nos arqueiros. Quando o navio inglês Mary Rose afundou em 1545, ele levou muitos arqueiros experientes em arcos longos. Seus corpos, encontrados depois no porto de Portsmouth, exibiam antebraços, dedos e costas deformadas por causa dos anos praticando arqueria.

Mas arqueria não era apenas para batalha e caça. O esporte recreacional data dos egípcios e gregos, e as mais antigas sociedades de arqueria na Inglaterra começaram a aparecer no século 16. Os arqueiros naquela época tinham que compensar os modelos de madeira imprecisos e fracos que enviavam a flecha em uma viagem tortuosa para o seu alvo.

“Se ele não está estável, o arco irá fazer zig zag depois de lançar a flecha”, e a flecha fará o mesmo, explica Douglas Denton, o engenheiro responsável pelos modelos de arco olímpicos da Hoyt Archery.

E ainda assim, por maior parte da história, arqueiros aturavam este comportamento desregrado porque não havia nada superior. Mas na metade do século 20, fabricantes de arcos encontraram materiais melhores e mais estáveis como madeira laminada, plástico e fibra de vidro. A temperatura e umidade não entortavam estes materiais e a arqueria se tornou mais previsível.

Modelos modernos se inspiram muito em inovações aeroespaciais. “Lâminas” que saem da parte inferior ou superior da empunhadura são feitos de espuma de resina sintética (pense em pequeníssimas bolas de vidro) que foi coberta de fibra de carbono – muito forte. E cordas super resistentes são feitas de coisas como a membrana Gore para prevenir que ela se rompa, o que era um problema recorrente – e doloroso – até bem recentemente.

Os avanços mais recentes na inovação têm sido na geometria do arco. Nos últimos quatro anos, tem havido mais mudanças estruturais no arco do que nos 30 anos anteriores. Em resumo, a Hoyt rearranjou a maneira que as forças operam no instrumento, então disparar flechas agora requer muito menos esforço por parte do arqueiro.

Quando você puxa a corda de um arco, as forças agem tanto na direção da empunhadura quanto na direção contrária a ela. Denton aperfeiçoou estas forças mudando a maneira que as três peças principais do arco – a empunhadura e as lâminas inferiores e superiores – se conectam.

Imagine segurar um bastão com as suas duas mãos juntas na parte inferior dele. “Se você está segurando um bastão vertical e alguém tenta agarrá-lo, você não será capaz de estabilizá-lo porque essa conexão – seus punhos – está muito próxima”, ele diz. “Mas se você tirar uma das mãos e movê-la para o meio do bastão e alguém tentar agarrar o bastão, você pode estabilizá-lo com mais facilidade”.

O mesmo tipo de coisa vale quando você considera a conexão entre a empunhadura e as lâminas. Anteriormente, o segmento da lâmina que estava preso à empunhadura era curto e tinha dois conectores bem próximos. Mas Denton acreditava que isso precisava de mais estabilidade, então ele aumentou esse segmento em 3,8cm, permitindo mais espaço para separar os conectores. O ajuste reduziu a pressão na empunhadura em 44%, o que é importante quando você está competindo por um lugar no pódio.

O objetivo é fazer o arqueiro esquecer o arco e concentrar no alvo: o que é especialmente importante quando você está lutando até a morte em uma batalha televisionada com 23 outros adolescentes.

Rachel Swaby é uma escritora freelancer que mora em São Francisco

Imagem: Shutterstock/lurii Davydov

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