Não, você não gostaria de trabalhar na Konami

De acordo com o jornal Nikkei, os funcionários da Konami são praticamente tratados como prisioneiros.

Por: Daniel Junqueira

Em menos de um mês, a Konami lançará Metal Gear Solid V: The Phantom Pain, o maior jogo da empresa desde MGS4, de 2008. Mas o que poderia ser muito bem um período de comemoração entre os funcionários da empresa (afinal, finalizar um projeto gigante como esse não é nada fácil) aparentemente está se tornando cada vez mais um pesadelo – um artigo publicado pelo jornal japonês Nikkei denuncia condições terríveis de trabalho na casa de Pro Evolution Soccer.

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Que as coisas não vão bem dentro da Konami, nós já sabemos. Há alguns meses, pintou um rumor de que The Phantom Pain seria o último jogo de Hideo Kojima, o criador de MGS, na empresa, e que ele estaria prestes a se desligar da Konami. Silent Hills, que seria um projeto de Kojima com o cineasta Guillermo del Toro, foi cancelado e a empresa disse que passaria a se concentrar cada vez mais em jogos mobile, deixando as produções para consoles em segundo plano.

Considerando os custos cada vez mais altos para a produção de jogos AAA e a possibilidade de lucro rápido e fácil em smartphones e tablets, não chega a ser chocante a mudança de foco da Konami. Mas, se o artigo do Nikkei estiver certo, as coisas estão muito, mas muito piores do que pensávamos.

No Kotaku, Brian Ashcraft citou alguns dos pontos abordados na reportagem do jornal japonês, e ela faz parecer que a Konami é, hoje, uma empresa tirada de um livro de George Orwell. Funcionários são constantemente vigiados, alguns deles sequer podem acessar a internet e todos correm riscos de serem trocados de setor caso façam algo que desagrade os chefões.

Eis algumas das principais denúncias do artigo:

  • Câmeras foram espalhadas pelos escritórios da Konami, mas não para fins de segurança. O objetivo delas é monitorar os funcionários para que a chefia saiba todos os movimentos deles durante o expediente. Saiu para almoçar? A ausência também é monitorada, e, se demorar muito para voltar, o nome do funcionário é anunciado para que a pessoa volte ao trabalho (e todos saibam que ela passou mais tempo fora do que deveria).
  • Desenvolvedores que não são considerados “úteis” pelos diretores da Konami podem ser simplesmente trocados de posição e assumir funções como segurança, limpeza ou até mesmo passar a trabalhar em fábricas da empresa.
  • A relação de Kojima com a Konami não é boa e já sabemos há algum tempo (os adiamentos de The Phantom Pain teriam contribuído para a deterioração da relação entre o designer e a empresa). Em relação a isso, o Nikkei diz que o estúdio anteriormente conhecido como Kojima Productions agora é internamente chamado “Departamento de Produção número 8”, e a sua equipe não tem acesso à internet, sendo capaz apenas de trocar mensagens internas.

Esses pontos parecem preocupantes por si só, mas o Nikkei tem algumas denúncias um pouco mais pesadas. Um episódio específico resultou no remanejamento de muita gente dentro da Konami.

Tudo começou quando um antigo funcionário da empresa postou no Facebook que conseguiu um novo emprego. Alguns dos seus antigos companheiros de Konami foram curtir o post e isso desagradou a gerência da empresa – esse pessoal que curtiu o post acabou sendo trocado de função dentro da empresa. É isso mesmo: curtiu um post inofensivo no Facebook e mudou de função.

Metal Gear Solid V: The Phantom Pain será lançado dia 1 de setembro para PS3, PS4, Xbox 360, Xbox One e no dia 15 de setembro para PC. Cada vez mais parece que ele será um divisor de águas na indústria: possivelmente como um jogo revolucionário, é verdade, mas também por marcar a transformação de uma Konami que foi uma das mais importantes na história dos jogos em uma empresa que, bem… não sabemos exatamente o que esperar. E, se o artigo do Nikkei estiver correto, o futuro da Konami pode ser muito mais nebuloso do que imaginávamos.

[Nikkei via Kotaku]

Foto por popculturegeek/Flickr

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