Tudo é maravilhoso hoje e ninguém está feliz

Cheguei agora há pouco a Brasília. No embarque em São Paulo, no avião e no desembarque, ouvi as mesmas reclamações de sempre. “Só tem esse amendoim?” “E tem que pagar?” (Webjet, no caso); “Tem que despachar?”; “Aff, tem que esperar o ônibus pra levar até o avião?”; “Isso é apertado demais, Deus que me livre”. […]

Cheguei agora há pouco a Brasília. No embarque em São Paulo, no avião e no desembarque, ouvi as mesmas reclamações de sempre. “Só tem esse amendoim?” “E tem que pagar?” (Webjet, no caso); “Tem que despachar?”; “Aff, tem que esperar o ônibus pra levar até o avião?”; “Isso é apertado demais, Deus que me livre”. Se essas pessoas que reclamaram aproveitaram a mesma promoção que eu, todas elas pagaram menos de R$ 100 para percorrer quase mil km em 1h20. Pense nisso por um instante. Como diz o comediante americano Louis C.K., estamos numa época maravilhosa de avanços tecnológicos que pode estar sendo estragada por uma geração de idiotas mimados. Ele explica melhor no 4° melhor vídeo da história da internet.

Viu? Eu assisti este pedacinho da entrevista dele no programa do Conan O’Brien há coisa de um mês e não consigo o tirar da minha cabeça – mostro o vídeo pra basicamente qualquer pessoa que passe na minha casa desde então. E, sim, tenho total consciência que rir disso é um pouco de rir de mim mesmo. Nós aqui reclamamos quando o sinal GPS demora mais de 2 segundos, ou quando o sistema operacional do seu celular “obsoleto” que está carregando as páginas 0.3 segundos mais lento que o do vizinho. Precisamos?

Resmungar pelo celular é cada vez mais comum. Mas, como diz o Louis, quando o assunto é viagem de avião, a coisa é pior. Quando eu era moleque, viajar de avião era coisa para pouquíssimas pessoas. A Varig servia um almoço bom, com talher de prata (minha mãe roubou alguns), porque o preço da passagem era ridiculamente alto. Hoje é mais barato que ônibus em alguns casos. Aí tem gente que reclama que “aeroporto está parecendo uma rodoviária”. Só que isso é bom. Mostra que gente de todo tipo voa hoje. No vôo de hoje, a senhora do meu lado certamente nunca havia voado de avião. E ela não reclamava como o idiota na poltrona da frente que bufava por não ter um bom lugar para pendurar o terno (onde já se viu?!).

A senhorinha achava o máximo, sorria. Ela estava voando. E talvez precisemos mais dessa inocência: de tempos em tempos, pare de reclamar um pouco da tecnologia e lembre o quão mágico é o momento histórico que vivemos. Até agora há pouco eu estava sentado em um cadeira. No céu. Não dá para ser mais fantástico que isso.

[DailyMotionLegendas do vídeo por Marina Val]

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