Este player portátil de US$ 50 está ajudando norte-coreanos a burlar censura do país

Norte-coreanos estão usando um media player de US$ 50 para enganar as autoridades e assistir programas e filmes de outros países.

Um media player de US$ 50 está se tornando uma ferramenta para burlar o opressivo regime da Coreia do Norte. Diversos norte-coreanos estão usando um dispositivo chinês barato e portátil para aprender sobre o mundo externo, além de assistir programação contrabandeada de TV, telejornais e filmes.

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Os norte-coreanos chamam este player portátil de “notel” ou “notetel”, uma junção de “notebook” e “televisão”. Eles têm porta USB e entrada para cartões SD, além de capturar sinal de rádio e TV, o que permite aos habitantes assistir e trocar programas por pendrives. Eles são carregados com baterias de carros, que é crucial em um país onde a energia é muito inconstante.

Os norte-coreanos compram este player desde pelo menos 2005, mas ano passado, o governo legalizou os aparelhos, tornando-os muito mais acessíveis.

Reuters conversou com o desertor norte-coreano Lee Seok-young, que contrabandeou mais de 18.000 mil notels da China para a Coreia do Norte. Seok-young explicou por que eles são tão importantes para quem quer assistir conteúdo contrabandeado sem lidar com duras consequências:

“Para evitarem ser pegos, as pessoas mantêm um DVD norte-coreano no aparelho enquanto assistem novelas sul-coreanas pelo USB, que pode ser retirado com facilidade”, ele disse. “Eles então contam às autoridades, que sentem pelo calor do aparelho que ele estava em uso, que assistiam filmes norte-coreanos”.

A Coreia do Norte tem sua própria linha de tablets Android capados, mas eles não têm USB, nem cartão SD, nem suporte a Wi-Fi e custam o equivalente a US$ 200. Os media players, apesar de não serem tão modernos quanto o tablet, são muito mais práticos para fazer uma maratona de programação proibida.

Em locais como São Paulo ou Seul, ver um vídeo de K-pop ou uma reprise de Friends serve apenas para passar o tempo. Mas para os habitantes isolados da Coreia do Norte, assistir e compartilhar mídia contrabandeada é, além de um ato de rebelião política, uma janela para um mundo sem intermediações de Pyongyang.

É por isso que ativistas como o desertor norte-coreano Kang Chol-hwan estão contrabandeando pendrives com conteúdo do mundo externo para dentro da Coreia do Norte, com a esperança de catalisar uma mudança de pensamento. E se pessoas o suficiente tiverem notels e quiserem receber mensagens contrabandeadas, estes players de US$ 50 ajudarão na mudança social desta nação isolada. [Reuters]

Imagem via Alibaba

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