Como funciona a “Cúpula de Ferro” de Israel?

Dada a relação tumultuada de Israel com seus vizinhos, o país toma algumas medidas de segurança bastante específicas. Uma delas é um sistema de defesa aérea contra foguetes disparados ao longo da faixa de Gaza. Para defender suas cidades, Israel implementou um sistema conhecido como a Cúpula de Ferro (ou Domo, ou Redoma). O nome realmente […]

Dada a relação tumultuada de Israel com seus vizinhos, o país toma algumas medidas de segurança bastante específicas. Uma delas é um sistema de defesa aérea contra foguetes disparados ao longo da faixa de Gaza. Para defender suas cidades, Israel implementou um sistema conhecido como a Cúpula de Ferro (ou Domo, ou Redoma).

O nome realmente é “Cúpula de Ferro”: trata-se de uma bateria antimísseis desenvolvido pela Rafael Advanced Defense Systems, uma empresa de segurança de Israel.

Ela foi projetada para identificar e interceptar foguetes de curto alcance e morteiros a até 70 km de distância, à medida que eles voam em direção a áreas povoadas ao longo da faixa de Gaza. A primeira bateria foi instalada em 2011, na cidade de Beersheba.

A Cúpula de Ferro consegue fazer isso graças a um projeto de três partes:

– um sistema de radar feito pela israelense ELTA, que detecta os foguetes e monitora sua trajetória;

– uma estação BMC separada (sigla para “Gestão de Batalha e Controle de Armas”),

– a bateria de mísseis interceptores, conhecidos como Tamirs.

Os foguetes são primeiro detectados pelo radar, que monitora sua trajetória e a envia para uma estação BMC. Nela, há um software que estima a trajetória futura do foguete, e pessoas que fazem uma verificação dos dados: se parecer que o foguete vai atingir uma área povoada, a Cúpula de Ferro ativa uma bateria remota de mísseis para interceptá-lo.

A cúpula foi projetada para abater foguetes voando rumo a áreas residenciais, ignorando ogivas que provavelmente só cairão em terrenos vazios. Como nem sempre o Hamas usa foguetes de precisão, isso evita que Israel desperdice munição.

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A Cúpula de Ferro usa mísseis interceptores Tamir especialmente feitos para essa tarefa. Eles medem cerca de 3 m de comprimento, com um diâmetro de 15 cm e peso de 90 kg. Cada um deles custa cerca de US$ 60.000: eles são equipados com sensores eletro-ópticos, um uplink de dados para receber correções de trajetória da estação BMC, e são detonados por um fusível de proximidade.

Curiosamente, os mísseis são programados para não atingirem o alvo: em vez disso, eles explodem à frente dele, efetivamente derrubando a ameaça do ar. O míssil leva até 15 segundos para chegar até o foguete do inimigo. Israel diz que cada bateria da Cúpula de Ferro pode proteger de um raio de aproximadamente 150 km².

A cúpula será complementada com mísseis Sling de médio alcance, para derrubar foguetes e mísseis de cruzeiro; por mísseis balísticos Arrow II, de longo alcance; e pelo sistema exoatmosférico Arrow III, que cuidará de mísseis balísticos intercontinentais. Além disso, Israel terá um Feixe de Ferro: um laser em estado sólido para superaquecer foguetes, morteiros e outros a até 7 km de distância.

Israel diz ter investido US$ 1 bilhão na expansão da cúpula, e os EUA ajudaram com mais US$ 200 milhões. O sistema, no entanto, não é perfeito. Ele precisa sempre receber informações de tráfego aéreo, para não derrubar aviões de civis por acidente; ele não protege áreas rurais, só cidades; e mesmo quando o míssil neutraliza um foguete inimigo, os restos podem cair no solo e ferir – ou até matar – os habitantes.

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E talvez ele não seja tão eficaz. Israel diz que, desde 2011, seu sistema derrubou 87% dos foguetes disparados pelos palestinos. Mas a defesa contra mísseis é um ramo notoriamente obscuro. Por exemplo, o exército americano disse que o sistema de defesa aérea Patriot, usado na Guerra do Golfo em 1990, derrubou até 80% dos mísseis disparados pelos rebeldes iraquianos. Mas, depois da guerra, uma investigação comprovou que a eficácia real era de apenas 9%.

De um jeito ou de outro, a Cúpula de Ferro está sendo usada para fins políticos: Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, não precisa temer por uma retaliação dos palestinos, nem se apressar para firmar um acordo de paz.

Amir Peretz, ex-ministro da defesa, disse recentemente ao Washington Post: “se não tivéssemos o sistema, e os foguetes caíssem em Israel matando pessoas, então o exército israelense teria pouca escolha a não ser entrar em Gaza”. Peretz lembra, no entanto, que a Cúpula de Ferro é apenas um paliativo: “no fim, a única coisa que trará paz de verdade é uma solução diplomática”. [Gizmodo US – Economist – Agência EFE/G1 – Atlantic]

Fotos por Israel Defense Forces; Emanuel Yellin/Wikimedia e NatanFlayer/Wikimedia

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