Cientistas criam o primeiro embrião artificial sem utilizar óvulo ou esperma

Utilizando células-tronco, cientistas criaram pela primeira vez um embrião artificial sem utilizar óvulo ou esperma

Utilizando células-tronco cultivadas em uma armação 3D numa placa de Petri de laboratório, cientistas criaram pela primeira vez um embrião feito inteiramente de células-tronco.

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O embrião artificial de camundongo, detalhado na edição deste mês da revista Science, é um passo importante em direção à criação de embriões sintéticos que se parecem muito com os naturais. Isso pode jogar luz sobre o desenvolvimento inicial e melhorar os procedimentos de tratamento de fertilidade.

Bióloga da Universidade de Cambridge, Magdalena Zernicka-Goetz, cujo trabalho foca no desenvolvimento de linhagens de células, busca há muito tempo o desenvolvimento de embriões artificiais. Sem utilizar um óvulo de alguma forma, os cientistas tinham dificuldade de fazer com que as células se comunicassem umas com as outras nos estágios iniciais do desenvolvimento. Pesquisadores conseguiram clonar a ovelha Dolly, por exemplo, sem o esperma de carneiro, mas ainda precisaram de um óvulo para fundir o DNA adulto clonado.

A equipe de Cambridge conseguiu contornar esse problema ao pegar células-tronco embrionárias (células encontradas em embriões que conseguem maturar em qualquer tipo de tecido do corpo) e cultivá-las junto com células-tronco do trofoblasto (células que produzem a placenta). Depois de cultivar os dois tipos de células separadamente, eles as combinaram numa matriz de gel. Os dois tipos de células começaram a se misturar e se desenvolver em conjunto. Depois de quatro dias, os embriões começaram a se assemelhar com embriões normais de camundongos.

O objetivo não é necessariamente criar camundongos reais a partir dessas células – e a ciência ainda precisa percorrer um bom caminho para fazer isso, de qualquer forma. Tipos adicionais de células provavelmente precisam ser adicionados à mistura para que os embriões realmente comecem a desenvolver órgãos. Mesmo assim, elas podem não se desenvolver após os estágios muito iniciais mostrados no artigo da Science.

Mas conseguir estudar a maneira como as células se desenvolvem nos primeiros dias da vida de um embrião pode jogar luz sobre esse desenvolvimento inicial. Os pesquisadores de Cambridge, por exemplo, projetaram diferentes tipos de células para que brilhem em diferentes cores, possibilitando-lhes que monitorem a maneira como se comportam durante o desenvolvimento do embrião. O trabalho ofereceu uma descoberta sobre como esses dois tipos de células trabalham juntas para criar o formato do corpo do camundongo.

Abaixo, um vídeo de Zernicka-Goetz explicando o trabalho (em inglês):

[Science]

Imagem do topo: um embrião artificial de camundongo depois de 48 horas (direita) e 96 horas (esquerda). Crédito: Universidade de Cambridge

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