Enquanto os docks para Android chegam agora, o futuro nada distante do áudio é wireless

Durante a última IFA, uma parte do estande da Philips levantou dúvidas: por que somente agora os smartphones com Androids terão docks de áudio para chamarem de seu — algo que o iPhone tem há anos? A resposta diz muito sobre o Android como um todo — a falta de padronização era uma das maiores […]

Durante a última IFA, uma parte do estande da Philips levantou dúvidas: por que somente agora os smartphones com Androids terão docks de áudio para chamarem de seu — algo que o iPhone tem há anos? A resposta diz muito sobre o Android como um todo — a falta de padronização era uma das maiores barreiras. O único problema é que a solução criada pela Philips chegou tarde demais.

Diferente dos docks para iPhone, iPod touch e iPad que invariavelmente usam o conector plano de 30 pinos, o Android não tem um formato de conector obrigatório. Já vimos smartphones com conectores proprietários e variações do mesmo tema — micro, miniUSB etc. Por sorte, nos últimos tempos, um certo consenso rondou os fabricantes: o MicroUSB é maioria nos smartphones com Android.

Pronto! Agora com um conector padronizado, o problema foi resolvido. Ok, nem tanto. Há outros detalhes importantes. Apesar da presença maciça do MicroUSB, cada fabricante escolhe onde irá colocar o seu. Há smartphones e tablets com o conector na lateral esquerda, alguns no topo e até o lado do conector pode mudar — o smartphone pode ficar de costas no dock.

Padronizar centenas de smartphones criados por diversas empresas é algo complicado.

A solução da Philips foi um sistema patenteado, batizado de FlexiDock. Diferente dos modelos com conectores para produtos da Apple, os docks Fidelio para Android tem um conector móvel, que pode ser arrastado para a esquerda ou para a direita e até girado para mudar a posição do MicroUSB. Com a flexibilidade do sistema, é possível colocar tablets e smartphones que falam a mesma língua — Android — mas que nasceram em mundos diferentes.

Problema resolvido. Só há um porém: esse problema, na verdade, não existia.

A demora para o lançamento de docks para Android não impediu a tecnologia de caminhar. Se três anos atrás ter um dock para iPod era uma das melhores soluções para ouvir música em casa, hoje todas as empresas apostam no AirPlay, sistema de transmissão de conteúdo sem fio da Apple. E o mesmo acontece com o Android, que pode se conectar aos docks via Bluetooth. Eis o pulo do gato: nenhum dos docks para Android da Philips precisa do conector MicroUSB — ele está lá apenas para carregar o aparelho enquanto ele toca as músicas. A conexão entre dock e celular é feita por meio do aplicativo Fidelio, que conecta os aparelhos por Bluetooth.

Conversei com Jeroen Steenblick, diretor global de áudio e vídeo da Philips para entender o porquê do MicroUSB. Se o aparelho se conecta via Bluetooth, sem fios, por que criar conector patenteado que será obsoleto em pouco tempo? “Os usuários querem colocar o celular no dock. Eles querem a mesma experiência do iPhone. Para nós, não é necessário contar ao usuário que a conexão é feita por Bluetooth — ele apenas conecta o celular no dock e ele funciona”. No resumo: o conector é apenas um placebo. (E, para os mais preocupados com áudio, ele diz que a distância mínima entre o dock e o smartphone elimina qualquer possibilidade de perda de qualidade de som por causa da conexão sem fio.)

O Zeppelin Air, da Bowers & Wilkins, já conta com AirPlay, mas ainda oferece o dock para iPhone

Questionei a demora para a chegada dos docks com Android. Na visão de Steenblick, a dificuldade de padronização foi um dos principais empecilhos, mas ele admite que a tração do sistema operacional só foi sensível para a categoria de áudio no ano passado. “Agora nós temos usuários em busca de docks para Android. Até o ano passado, essa era uma reclamação rara”, diz.

Para Steenblick, as gerações de dock para Android dependerão do andar da carruagem do concorrente, o iPhone. Em breve os docks perderão o pino conector e serão apenas caixas de som com belo design e poucas portas. Mas isso só acontecerá quando o mais comum dos usuários souber usar o AirPlay e conectar seu Android ao som via Bluetooth. Atualmente, os dois sistemas são bem simples de usar — dois toques no AirPlay ou no app do Fidelio e os aparelhos se conectam.

Mas o app do Fidelio é proprietário. Enquanto os docks não perdem os pinos, o Google tem a chance de tentar padronizar alguns rumos do Android — pelo bem dos usuários.

* O Gizmodo viajou para Berlim a convite da Philips.

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