Por que as coisas parecem estar mais longe em alguns espelhos retrovisores?

O retrovisor do lado do passageiro em todo carro moderno quase berra o seguinte alerta: “os objetos refletidos estão mais próximos do que aparentam.” Você já se perguntou o motivo? Não é uma falha de design; na realidade, é um mecanismo de segurança. O motivo por trás do aviso é uma simples questão de física […]

O retrovisor do lado do passageiro em todo carro moderno quase berra o seguinte alerta: “os objetos refletidos estão mais próximos do que aparentam.” Você já se perguntou o motivo? Não é uma falha de design; na realidade, é um mecanismo de segurança.

O motivo por trás do aviso é uma simples questão de física – e de posicionamento do espelho retrovisor do passageiro em relação aos olhos do motorista.

Quando a luz bate em uma superfície plana, o ângulo da luz refletida é equivalente ao ângulo em que ela atingiu a superfície. Ou seja, se a luz recebida atinge um espelho plano em um ângulo de 45º, seus olhos precisam estar no ângulo 45º oposto para ver aquela imagem. Isso se chama “ponto focal” e em superfícies reflexivas planas esse ponto é literalmente o local em que a luz recebida atinge a superfície.

As montadoras há muito exploram essa propriedade física da luz fazendo os espelhos retrovisores do lado do motorista planos, já que a superfície plana gera reflexos altamente precisos – apesar de ter um ponto focal menor e um ângulo de visão que diminui rapidamente quanto mais você se afasta do espelho.

Como os olhos do condutor geralmente estão a cerca de um metro do retrovisor do seu lado, não chega a ser um problema. Os espelhos do lado do passageiro, porém, estão mais ou menos no dobro de distância de uma olhada do motorista e são encarados de um ângulo mais fechado. Se fosse completamente plano (como o do lado do motorista), esse só veria um pedaço do que está acontecendo na estrada, criando um ponto cego grande o bastante para ocultar um caminhão.

Para compensar ângulo e distância, o espelho do lado do passageiro tem na realidade um formato convexo – ele salta levemente para fora no centro em comparação às beiradas, como uma lente de contato. O formato convexo estende o ponto focal de modo que a luz que incide na superfície venha de um ângulo mais amplo e converja para o mesmo ponto focal e, em seguida, salte para os seus olhos.

Isso, claro, tem um preço. Enquanto uma superfície plana gera um reflexo preciso às custas do ângulo de visão, superfícies curvadas oferecem ângulos de visão maiores às custas da fidelidade visual. Basicamente, quanto maior o ponto focal que compreende a imagem refletida, mais os objetos aparecem menores e mais distantes do que realmente estão. Daí o aviso.

Por outro lado, espelhos convexos fazem um trabalho muito melhor de minimizar os pontos cegos do que os planos. Eles são tão bons nisso, na realidade, que em 2010 o Departamento de Transportes dos EUA começou a pesquisar se os norte-americanos não se beneficiaram de dois espelhos curvados, em vez de um, como é na Europa (e como são alguns carros vendidos no Brasil).

Ainda não se sabe se os EUA adotarão esse padrão (eles ainda sequer usam o sistema métrico, ora!), então até lá é bom ficar de olho nos dois espelhos levando em conta as suas diferenças. [DoT – Physlink – How Stuff Works –Wiki]

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