Este sensor da NASA para celulares sente cheiro de câncer

E se você pudesse usar seu celular para ver se o ambiente tem toxinas? E se você pudesse monitorar sua saúde apenas soprando o celular? Parece surpreendente, certo? A tecnologia de nanossensores desenvolvida pela centro de pesquisas NASA Ames vai tornar isto realidade. Jing Li, cientista na NASA Ames, vem trabalhando por anos no que […]

E se você pudesse usar seu celular para ver se o ambiente tem toxinas? E se você pudesse monitorar sua saúde apenas soprando o celular? Parece surpreendente, certo? A tecnologia de nanossensores desenvolvida pela centro de pesquisas NASA Ames vai tornar isto realidade.

Jing Li, cientista na NASA Ames, vem trabalhando por anos no que será o acessório de celular mais incrível que existe. Trata-se de um pequeno chip, do tamanho de um selo de carta, que contém 32 barras de nanossensores. Cada barra é composta de um material diferente em nanoestrutura. Como cada barra de sensores é única, ela pode responder de diferentes formas a diferentes substâncias químicas, permitindo ao chip não só diferenciar entre elas, como monitorar seus níveis relativos, e em tempo real.

Em seu estágio atual (que está bastante próximo da produção em massa), o chip fica em um pequeno revestimento que é ligado a um smartphone. Por motivos jurídicos a NASA Ames não pôde dizer a qual smartphone o chip pode ser conectado, mas acho que você já adivinhou. Ele será compatível com muitos outros smartphones no futuro. A ideia é desenvolver uma versão de baixo custo para que consumidores possam comprá-lo e usá-lo para saúde e segurança. Mas antes, vamos voltar um pouco.

A tecnologia de nanossensores foi desenvolvida originalmente pela NASA Ames para uso espacial. É isso que a NASA faz, afinal. O primeiro uso era monitorar vazamentos de combustível em veículos de lançamento – foguetes espaciais usados para transportar carga da Terra para o espaço. A tecnologia é usada na Estação Espacial Internacional (ISS) desde 2008, monitorando a qualidade do ar e checando se há formaldeído – esta substância é tóxica e se forma naturalmente no espaço. Usos futuros poderiam incluir a obtenção de amostras em asteroides e em missões a Marte. Assim começou a tecnologia de nanossensores, mas o Departamento de Segurança Interna dos EUA agora está financiando o projeto para trazê-lo de volta à Terra – e aos consumidores.

Com certeza há aplicações militares (o Departamento de Defesa está financiando uma implementação na qual soldados podem vestir nanossensores para alertá-los de ameaças químicas), mas a implementação para celular é voltada claramente para consumidores. O chip consome só 5 miliwatts, o que significa um consumo mínimo de bateria (o smartphone que eles testaram pode usar o sensor por 8 horas seguidas com uma só carga). Ele está sendo desenvolvido primeiramente para monitorar monóxido de carbono, cloro, amônia e metano em sua casa. Mas estes sensores poderiam ser usados em qualquer lugar, por serem tão pequenos. Um app poderia enviar automaticamente os dados de monitoramento para o Departamento de Segurança Interna ou para serviços de emergência, o que lhes daria uma visão ampla de uma grande área – e permitiria saber caso fosse necessário evacuar as pessoas.

O uso potencial mais interessante, no entanto, é como ele poderia diagnosticar e monitorar pessoas com problemas de saúde. Por exemplo, em pacientes com diabetes há uma correlação direta entre os níveis de acetona na expiração e o nível de açúcar no sangue. O nanossensor poderia ser usado para diagnóstico e mensuração totalmente não-invasivos. É só respirar no celular. Chega de furar a ponta do dedo mil vezes por dia. Nós temos uma grande aversão à palavra “revolucionário” por aqui, mas acho que ela se encaixa bem.

Também existe uma correlação entre óxido nitroso e câncer de pulmão: soprar seu celular poderia lhe alertar do problema para você controlá-lo a tempo. Mas o óxido nitroso é usado em produtos comerciais como spray aerossol de chantilly, e ao encher pacotes de batata chips com ar, então o diagnóstico não seria definitivo – mas um alerta é sempre bom. Cientistas já conseguiram treinar cães para detectar óxido nitroso, mas não dá pra levar um labrador no seu bolso, não é mesmo?

E isto é apenas o início do que os nanossensores podem fazer.

Eles ainda precisam evoluir para serem considerados pelo X-Prize, mas com certeza trata-se de um grande passo na direção certa. Devido a seu tamanho, é possível que, um dia, sensores como este sejam implementados diretamente em smartphones. Este é o tipo de tecnologia que queremos ver. Muito da tecnologia móvel é só ruído e distração, mas um celular que pode prevenir ameaças químicas e monitorar sua saúde? Traga, por favor. É ótimo ver a NASA estimulando este tipo de uso para uma tecnologia deles, e espero vê-la nos bolsos de muitos em um futuro próximo.

Um grande obrigado a Jing Li pela demonstração, e um obrigado especial a Mark Rober, Jessica Culler, Dan Goods, Val Bunnell, e a todos da NASA JPL e NASA Ames por fazer isto acontecer. A lista de agradecimentos iria preencher páginas e páginas, mas por nos dar acesso, e por serem tão generosos com seu tempo, nós estamos extremamente agradecidos a todos de lá.

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