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O sistema solar pode permanecer habitável mesmo depois que a Terra for destruída

Luas congeladas do sistema solar exterior podem se tornar habitáveis à medida que nosso Sol se expande, sugerindo novos lugares onde descobrir vida.

Em alguns bilhões de anos, os oceanos da Terra vão evaporar e a atmosfera será destruída pelo fogo à medida que o nosso Sol se expandir em uma gigante vermelha. Vai ser fim de jogo para a vida em nosso planeta, mas para o sistema solar exterior, este será um recomeço. As luas Europa e Encélado vão derreter e criar oceanos, oferecendo um refúgio para qualquer forma de vida pós-humanoide.

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Este, pelo menos, é um destino possível para a nossa espécie e nosso sistema solar, de acordo com novos modelos desenvolvidos pelos astrônomos Ramses Ramirez e Lisa Kaltenegger, publicados na revista Astrophysical Journal.

Uma das principais conclusões do estudo – luas congeladas do sistema solar exterior podem se tornar habitáveis à medida que nosso Sol envelhece e se expande – tem profundas implicações para outro lugar na galáxia em que podemos descobrir vida.

“Sabemos que, no futuro, o nosso Sol vai se tornar muito quente e brilhante para a vida na Terra”, diz Kaltenegger ao Gizmodo. “A ficção científica muitas vezes brinca com a ideia de que as pessoas vão se mudar para Marte e além. Agora sabemos para onde ir.”

Não só o estudo sustenta a velha ideia de seres humanos migrando para órbitas mais distantes à medida que o Sol envelhece, como também implica que qualquer forma de vida alienígena presa sob a superfície de uma lua congelada poderia ter o seu momento de fuga em cinco bilhões de anos, se espalhando e evoluindo à medida que o ambiente aquece.

Até agora, os astrônomos interessados ​​em encontrar mundos habitáveis ​​fora do nosso sistema solar vinham se concentrando em planetas como o nosso, e em estrelas como o Sol. Isso significa pequenos mundos rochosos que orbitam na zona habitável de uma estrela de sequência principal, que funde hidrogênio em seu núcleo.

Mais lugares para encontrar vida

Quando as estrelas não têm mais hidrogênio como combustível, eles deixam a sequência principal e passam a ter uma pós-vida. Nosso Sol, por exemplo, vai se expandir em uma gigante vermelha em cerca de cinco bilhões de anos, queimando tudo até Marte.

Do ponto de vista geocêntrico, isto é obviamente uma má notícia – um apocalipse de fogo e enxofre. Mas, à medida que o ​​interior do sistema solar entra em chamas, os frios confins vão se tornar mais habitáveis. Uma evolução semelhante da zona habitável poderia acontecer em toda a nossa galáxia, à medida que estrelas envelhecem e transitam para a fase de gigante vermelha.


Zona habitável atual e futura do nosso sistema solar, como determinado por novos modelos de Ramirez e Kaltenegger. Imagem por Cornell Universtiy

Isso levanta uma questão intrigante: as gigantes vermelhas e suas zonas habitáveis podem ​evoluir para sustentar a vida?

Para descobrir, Ramirez e Kaltenegger modelaram a localização de zonas habitáveis ​​em estrelas de diferentes tamanhos à medida que elas se tornam gigantes vermelhas. Enquanto uma estrela se expande, a zona habitável migra para fora. Mas o importante para a vida é por quanto tempo a zona habitável persiste ao redor da gigante vermelha. Isso depende da massa da estrela original.

De acordo com o novo estudo, a futura zona habitável da gigante vermelha em nosso sistema solar vai durar por cerca de 500 milhões de anos. Mas as estrelas de massa menor podem permanecer gigantes vermelhas por até nove bilhões de anos, sustentando zonas habitáveis ​​que duram mais do que a história da vida na Terra até agora.

“Isto basicamente quebra a ideia de que uma zona habitável significa ​​estrelas como a nossa, e sóis com idade como o nosso”, diz Kaltenegger.

Ramirez concorda. “Nós basicamente estamos fornecendo aos observadores um mapa de navegação para a zona habitável de qualquer estrela”, diz ele. “É uma ferramenta para encontrar todos os planetas potencialmente habitáveis.”

Europa e Encélado

Nos últimos anos, Europa e Encélado – luas congeladas do sistema solar exterior – foram sinalizadas como possíveis bastiões de vida alienígena. Ambas têm um núcleo quente, rochoso, e no caso de Encélado, temos evidência firme de um grande oceano abaixo da superfície.

Uma implicação fascinante do novo estudo é que mundos congelados como Encélado poderiam se tornar paraísos aquosos em um futuro distante. Naquele momento, quaisquer formas de vida presas no oceano profundo poderiam se espalhar para a superfície, gerando uma biosfera semelhante à Terra que seria detectável por astrônomos alienígenas.

Claro, não estaremos vivos para descobrir se é assim que as coisas vão acontecer em nosso sistema solar. Mas planetas e luas que orbitam estrelas gigantes vermelhas hoje podem oferecer pistas. Astrônomos conhecem atualmente 23 gigantes vermelhas a um raio de 100 anos-luz da Terra, e mais uma centena que estão perto da fase de gigante vermelha.

“Seria fascinante descobrir assinaturas de vida em um mundo que estaria completamente congelado de início, mas que agora está dentro da zona habitável evoluída”, diz Kaltenegger. “Isso, de certa forma, ajuda a responder à questão de saber se você poderia ter vida em um oceano subsuperficial.”

Lua Encélado, de Saturno, fotografada pela sonda Cassini. Imagem: NASA/JPL-Caltech

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