Exame caseiro de DNA revela que obstetra usou o próprio esperma na inseminação de um casal

Já se tornou uma história comum na era dos testes de DNA caseiros: um pessoa cospe em um tubo de ensaio para saber mais sobre sua herança genética e acaba descobrindo que tem um pai ou irmão que ela não sabia que existia. Pode ser difícil manter segredos de família debaixo do tapete quando tudo […]

Já se tornou uma história comum na era dos testes de DNA caseiros: um pessoa cospe em um tubo de ensaio para saber mais sobre sua herança genética e acaba descobrindo que tem um pai ou irmão que ela não sabia que existia. Pode ser difícil manter segredos de família debaixo do tapete quando tudo que leva para revelá-los são US$ 99 e uma cuspidela.

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Uma revelação por DNA dessas está no centro de uma fascinante ação judicial por negligência médica iniciada na semana passada, no Tribunal Distrital de Idaho, nos Estados Unidos.

Em julho de 2017, depois de enviar sua própria amostra de DNA para o Ancestry DNA, Kelli Rowlette ficou surpresa ao receber uma notificação de que seu DNA parecia sugerir uma relação pai-filha com um homem de quem ela jamais tinha ouvido falar e que morava a mais de 800 km de sua casa no condado de Benton, em Washington: um ginecologista obstetra de Idaho Falls chamado Gerald Mortimer.

Rowlette não sabia, mas em 1979, seus pais estavam tendo dificuldades para conceber e buscaram tratamento com Mortimer. O médico sugeriu que parte do problema era que o pai de Rowlette tinha uma contagem de esperma baixa e que sua mãe tinha o útero inclinado. Ele sugeriu uma solução: misturariam o esperma do pai de Rowlette com uma pequena quantidade de esperma de um doador anônimo para aumentar as chances de concepção, usando essa mistura para fazer inseminação artificial.

O casal concordou com a ideia, segundo a ação judicial, contanto que o doador cumprisse certas especificações: um estudante de faculdade que se parecesse com o pai de Rowlette, com cabelos castanhos e olhos azuis e mais de 1,80 metro. Em vez disso, alega a ação, Mortimer usou seu próprio esperma. Em 1981, Mortimer conduziu o parto saudável do casal, dando à luz uma bebê saudável e nunca revelando a possibilidade de que ela pudesse ser sua filha.

Mortimer ainda permaneceu como o ginecologista obstetra de Rowlette por alguns anos, antes do casal se mudar de Idaho para Washington.

“O dr. Mortimer chorou quando a srta. Ashby o informou que eles estavam de mudança”, diz a ação. “O dr. Mortimer sabia que Kelli Rowlette era sua filha biológica, mas não revelou isso para a srta. Ashby ou para o sr. Fowler.”

Quando Rowlette recebeu os resultados, mais de três décadas depois, achou que devia haver um erro. Ao saber da notícia, sua mãe entrou na conta de Rowlette no Ancestry para investigar a questão. Quando viu o nome de Mortimer, “ficou devastada”, diz o processo.

No entanto, os pais de Rowlette não lhe disseram a verdade imediatamente. Em vez disso, consta na ação, eles “lutaram para lidar com a agonia deles próprios e tiveram dificuldade contemplando a tormenta que a descoberta causaria em sua filha quando e se ela descobrisse”.

Alguns meses depois, Rowlette estava ajudando seu pai a limpar uma papelada antiga quando descobriu sua certidão de nascimento em uma antiga mesa. Ela notou que o médico que a assinava tinha o mesmo nome do homem que apareceu como uma combinação de paternidade no Ancestry. Rowlette ficou horrorizada.

Rowlette e seus pais estão processando Mortimer, sua esposa e a clínica Obstetrics and Gynecology Associates, de Idaho Falls, por negligência médica, fraude, lesão corporal, danos emocionais causados por negligência e violação de contrato. A família está buscando uma quantia não revelada acima de US$ 75 mil em danos.

Não conseguimos entrar em contato com Mortimer para ouvi-lo. Um advogado da clínica apontou que havia acabado de receber os arquivos do caso, mas que nenhuma das pessoas que trabalhavam na clínica nos anos 1970 e 1980 ainda trabalhava lá. O advogado da família também não ofereceu comentários sobre o caso.

Imagem do topo: AP

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