A ciência por trás da terrível queda que hospitalizou uma ciclista olímpica

A ciclista olímpica holandesa Annemiek van Vleuten está se recuperando após um acidente na pista de ciclismo de estrada nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

A ciclista olímpica holandesa Annemiek van Vleuten está se recuperando na UTI após um acidente terrível na pista de ciclismo de estrada nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Ela sofreu uma concussão pesada e três pequenas fraturas na coluna lombar, embora esteja consciente e capaz de falar, e sem sinais de hemorragia interna.

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Este é o segundo acidente de bicicleta nessa parte da pista em poucos dias. No sábado, o ciclista italiano Vincenzo Nibali quebrou as duas clavículas quando caiu durante a prova masculina.

Aqui está o vídeo do acidente de Van Vleuten:

É difícil dizer exatamente o que aconteceu sem um exame atento de vídeo de alta qualidade em câmera lenta. Mas o ex-campeão olímpico de ciclismo Chris Boardman teve alguns bons comentários sobre o design deste segmento específico da pista – alguns elementos traiçoeiros estariam colocando os ciclistas em risco.

“Sabíamos que isso estava longe de ser técnico; era perigoso”, disse ele à BBC. “As pessoas que projetaram a pista e disseram quais recursos de segurança eram necessários perceberam isto também e a deixaram.”

“Sabíamos que a descida era traiçoeira”, acrescentou. “Eu olhei para os itens da estrada e pensei, ‘ninguém pode cair aqui e simplesmente se levantar’. É muito ruim, e é isso o que vimos.” Os itens da estrada são as barreiras, divisões de pista, o meio-fio, entre outros.

De acordo com a física Diandra Leslie-Pelecky, autora do livro The Physics of NASCAR: The Science Behind the Speed, os freios em particular podem ser perigosos para os ciclistas.

“Quando o pneu frontal bate em algo, ele para”, disse ela ao Gizmodo. “Isso cria um torque que gira a bicicleta e basicamente joga o ciclista para a frente. É por isso que ela aterrissou daquele jeito.”

Leslie-Pelecky disse que, com base no vídeo, parece que o acidente de van Vleuten começou quando sua roda frontal cruzou a linha pintada na estrada – essa tinta costuma ser menos “aderente” do que o asfalto.

“Quando você vai muito rápido, só uma parte muito pequena da roda fica em contato com a estrada a qualquer momento, por isso, se alguma coisa ficar entre a roda e a estrada, é catastrófico”, disse ela. “Para um pneu de carro, isso só acontece quando há água suficiente sob a roda, mas os pneus que eles usam são tão finos que não é preciso muito [para causar um acidente].”

A física é central para a maioria dos esportes, até mesmo porque é crítica a forma como um atleta consegue gerenciar seu centro de massa. “O problema [no ciclismo] é que, quando você se inclina para uma volta, você corre o risco de mover o centro de gravidade muito longe do seu apoio e cair”, disse Leslie-Pelecky.

A companheira de equipe de Van Vleuten, Anna der Breggen, acabou vencendo a prova feminina. “Eu estava muito chocada. Eu acho que ela caiu feio”, disse der Breggen ao The Guardian. “Eu percebi que estava na frente da equipe, então eu tive que ir rápido. Fiz isso por Annemiek.”

No Twitter, Van Vleuten diz que ainda está no hospital “com algumas lesões e fraturas, mas vou ficar bem” – ela espera ter alta ainda nesta segunda-feira (8). [Reuters]

A ciclista holandesa Annemiek van Vleuten estava na liderança antes do acidente. (Foto por Bryn Lennon/Pool Photo via AP)

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