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A fuga de Edward Snowden, que revelou o esquema PRISM de espionagem dos EUA

No início do mês, documentos vazados revelavam o PRISM, programa da NSA (Agência de Segurança Nacional) para obter informações privadas – como e-mails, fotos e arquivos – de alvos estrangeiros. O grau de envolvimento de grandes empresas como Google, Apple e Facebook ainda não está claro. E a pessoa essencial em revelar o PRISM é […]

No início do mês, documentos vazados revelavam o PRISM, programa da NSA (Agência de Segurança Nacional) para obter informações privadas – como e-mails, fotos e arquivos – de alvos estrangeiros. O grau de envolvimento de grandes empresas como Google, Apple e Facebook ainda não está claro.

E a pessoa essencial em revelar o PRISM é Edward Snowden, ex-funcionário da CIA. Em 9 de junho, ele revelou sua identidade – e desde então, tenta fugir para evitar a ira do governo americano.

Snowden estaria buscando asilo político no Equador, depois que ele foi acusado formalmente de espionagem e o governo americano pressionou Hong Kong – onde ele passou as últimas semanas – a ajudar em sua extradição.

Inicialmente, Snowden estava se escondendo em um hotel de Hong Kong. Ele escolheu o país por supostamente ter “um compromisso intrépido com a liberdade de expressão e com o direito de dissidência política”. No entanto, várias pessoas apontaram que isto não é bem verdade: Hong Kong tem um tratado de extradição com os EUA desde 1996, e os dois países têm um forte histórico de colaboração. Depois que surgiram essas informações, Snowden desapareceu do hotel.

No dia seguinte, em 12 de junho, ele ressurgiu: disse ao South China Morning Post que planejava ficar em Hong Kong por se sentir seguro, e que tem mais segredos para revelar. Snowden recebeu apoio de Julian Assange, o ativista símbolo do Wikileaks.

Enquanto isso, as empresas de tecnologia supostamente envolvidas no PRISM negam que a NSA tenha “acesso direto” a seus servidores, e que só entregam informações privadas quando exigido por ordem judicial. No entanto, fontes dizem ao New York Times e Washington Post que as empresas têm esquemas especiais para entregarem seus dados às autoridades. Facebook, Apple e Microsoft receberam permissão para revelar alguns números sobre os pedidos feitos pelo governo americano – mas como o próprio Google aponta, isso ainda é pouco.

E segundo a Associated Press, o Prism pode ser apenas a ponta do iceberg: a agência estaria de olho em todo o tráfego de internet que entra e sai dos EUA, armazenando-o para depois analisá-lo:

… enquanto o Prism tem chamado a atenção recentemente, o programa na verdade é uma parte relativamente pequena de um esforço de espionagem muito mais expansivo e invasivo… que obtém os dados à medida que passam através dos cabos de fibra óptica que compõem a espinha dorsal da Internet. Esse programa, conhecido há anos, copia o tráfego de internet que entra e sai dos EUA, e então o encaminha para a NSA para análise.

Além disso, graças a mais documentos vazados por Snowden, sabemos que a GCHQ – equivalente à NSA no Reino Unido – também está espionando todo mundo de forma indiscriminada, acessando e-mails, histórico de buscas e até telefonemas. Eles compartilham esses dados com a NSA.

Nesta sexta-feira (21), Snowden foi acusado formalmente pelo governo americano de revelar informações confidenciais e roubar propriedade do governo, obtendo documentos secretos usando um pendrive nos computadores da NSA.

Então o governo americano começou a pressionar a China – da qual Hong Kong é região administrativa – para entregar Snowden: segundo o Washington Post, pediu-se que ele fosse detido, enquanto os EUA organizavam tudo para extraditá-lo. Um alto funcionário do governo disse ao jornal que “se Hong Kong não agir logo, isso vai complicar as nossas relações bilaterais”.

Neste domingo (23), Snowden deixou Hong Kong. O governo do país permitiu sua saída, dizendo que o pedido dos EUA de prendê-lo “não cumpria integralmente os requisitos legais sob a lei de Hong Kong”. O governo americano revogou o passaporte dele, mas isso não o impediu de viajar.

Ele agora estaria em Moscou, segundo o Wikileaks e a empresa aérea Aeroflot; no entanto, nenhum oficial russo confirmou sua chegada ao país. Se ele estiver mesmo lá, provavelmente não será seu destino final: segundo a agência russa Interfax, ele irá para Cuba e depois para o Equador, “já que não há voos diretos para Quito” saindo da Rússia.

Ricardo Patiño Aroca, ministro das relações exteriores do Equador, diz que seu governo mantém relações diplomáticas com a Rússia, e diz que está considerando oferecer asilo político a Snowden. Uma porta-voz do WikiLeaks defende o histórico de liberdade de imprensa no Equador.

Mesmo com a tensa história de fuga, Snowden lembra que não quer que isso seja o foco: “eu não quero a atenção do público, porque eu não quero que a história seja sobre mim. Eu quero que seja sobre o que o governo dos EUA está fazendo”, disse ele ao revelar que vazou dados secretos da NSA.

O novo escândalo de privacidade nos anos recentes, por sua vez, continua: Snowden diz que “a verdade está chegando, e não pode ser interrompida”. [Front e Guardian]

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