Fundador do Opera junta-se ao coro e denuncia suposto abuso de poder do Google

Enquanto os pedidos de maior regulação sobre o poder do Google aumentam, o fundador do navegador Opera está entrando na briga. Jon von Tetzchner alega que o Google cresceu e se tornou um monopólio que está infernizando a vida de sua equipe de desenvolvimento ao usar “práticas anti-concorrência” e fazer “exigências irracionais” pela inclusão em […]

Enquanto os pedidos de maior regulação sobre o poder do Google aumentam, o fundador do navegador Opera está entrando na briga. Jon von Tetzchner alega que o Google cresceu e se tornou um monopólio que está infernizando a vida de sua equipe de desenvolvimento ao usar “práticas anti-concorrência” e fazer “exigências irracionais” pela inclusão em sua rede de anúncios.

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Com o Opera, Tetzchner e sua equipe criaram um dos primeiros navegadores livres da internet e, até hoje, ele é o quinto mais popular no mundo. Mas o quinto lugar não significa muito em um mundo dominado pelo Google. O Chrome engole 54% do mercado, e o Opera está agarrado a apenas 4% do total. Porém, hoje em dia, Tetzchner está focado em construir o navegador Vivaldi e alega que o Google tem misteriosamente lhe causado vários problemas.

Em um post de blog, Tetzchner fala amigavelmente de antigamente, quando o Google estava determinado a não ser do mal. Ele diz que o Opera foi o primeiro navegador a integrar a busca do Google diretamente em sua interface e que, por algum tempo, a parceria foi maravilhosa. Mas conforme a gigante das buscas cresceu além das expectativas de qualquer um, ele diz que o Google começou a se expandir e a se negar a agir de maneira legal com os outros.

O primeiro sinal de problemas, de acordo com Tetzchner, foi quando o Google apresentou seu pacote de aplicações office Docs, que não iria funcionar com o Opera. Ele diz que isso forçou sua empresa a esconder sua identidade para que os usuários pudessem ter acesso ao software. Esse problema persiste com o Vivaldi, que é construído em cima do projeto de código aberto Chromium, do próprio Google.

Embora esse tipo de prática pudesse ser vista como justa no mundo dos negócios, Tetzchner diz que recentemente se viu em uma situação mais problemática com o Google. A conta do Vivaldi na rede de anúncios Google AdWords foi misteriosamente suspensa apenas alguns dias depois de ele dar uma entrevista à Wired em que criticou as práticas de privacidade da empresa. Ele escreve:

Quando entramos em contato com o Google para resolver o problema, recebemos um esclarecimento mascarado na forma de termos e condições vagos, alguns dos quais, como eles próprios admitiram, não eram uma exigência “indispensável”. Em troca de ser reintegrado à rede de anúncios do Google, seus especialistas internos ditaram como deveríamos organizar o conteúdo em nosso próprio site e como deveríamos comunicar as informações para nossos usuários.

Ele alega que levou cerca de três meses para resolver todas as “demandas irracionais” do Google e acredita que as tendências monopolistas da empresa alcançaram um ponto “em que é necessária regulação”. Ele não destacou quais eram essas demandas específicas, então entramos em contato para esclarecimento. Um porta-voz do Vivaldi nos enviou a seguinte explicação:

Eles nos pediram para acrescentar um acordo de licença de usuário final (EULA, na sigla em inglês) ao nosso site. O que nós fizemos – para depois recebermos outro obstáculo. Agora, o Google estava nos pedindo para acrescentar o EULA “dentro do quadro de cada botão de download”. Isso, eles admitiram depois, não era uma “exigência indispensável”, e ainda assim, de alguma forma, foi suficiente para manter nossa conta suspensa. Eles também nos pediram para acrescentar informações detalhadas sobre como desinstalar o Vivaldi – algo para o qual eles não tinham orientações diretas em seus artigos de ajuda. Reconhecendo isso, eles nos escreveram que “confiavam nos anunciantes para se responsabilizar ao anunciar conosco, consequentemente lendo e seguindo as diretrizes políticas”. Justo, se ao menos essas políticas fossem claras e estivessem disponíveis – ou se o Google desse o exemplo e acrescentasse um EULA “dentro do quadro de cada botão de download” das landing pages do Chrome. Como se isso não fosse o bastante, levou mais de um mês para que eles nos aprovassem como um “site de distribuição autorizado para software de desktop gratuito – Vivaldi”.

O fato de que seus especialistas estão ditando como e onde devemos colocar nosso conteúdo em nosso próprio site é muito difícil de conceber. Eles não deixam claros seus termos e condições em primeiro lugar, e cada caso é um caso, o que é estranho.

Três meses de trabalho para recolocar uma empresa a um programa de anúncios parece mesmo um pouco ultrajante — tão ultrajante que seria normal que alguém não se sentisse inclinado a fazer mais negócios com a empresa que dá tantas dores de cabeça a seus clientes. Mas o Vivaldi não tem escolha, já que o Google controla 75,8% do mercado de anúncios de pesquisa. Descartar o Google significa descartar três quartos da internet.

Entramos em contato com o Google para ver se eles tinham alguma resposta às acusações de Tetzchner e pedimos esclarecimento sobre as supostas demandas que fizeram para o Vivaldi. Até agora, não recebemos uma resposta.

A história de Tetzchner vem em meio a uma onda de testemunhos sobre o Google abusar de seu poder para silenciar discursos, influenciar políticas e esmagar a concorrência. Conforme a empresa enfrenta regulação cada vez maior na Europa, um sentimento bipartidário está se espalhando nos Estados Unidos de que o Google talvez precise ser fragmentado pelo governo. As histórias de terror vão continuar aparecendo, e o Google precisa acordar para o fato de que seu período no topo pode chegar a um fim rápido se passar a ser co-administrado pela Comissão Nacional de Comércio dos Estados Unidos.

[Vivaldi]

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