Um olhar através do Oculus Rift no mundo submerso do petróleo

A GE mostra como a realidade virtual e realidade aumentada podem ser usadas na indústria de óleo e gás.

A GE inaugurou hoje o seu primeiro Centro de Pesquisas Global no Brasil: ele fica no Rio de Janeiro, no Parque Tecnológico da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e tem uma equipe de 140 pesquisadores e engenheiros trabalhando em inovação.

No Brasil, a empresa trabalha com pesquisas na área de aviação e ferrovias, mas seu foco está no mercado de óleo e gás – a GE tem parcerias com a Petrobras e a britânica BG Group (que produz gás natural). E eles usaram um Oculus Rift para mostrar como isso pode ser bem interessante.

Eu coloquei no rosto o Oculus Rift DK2, que testamos no início do ano. À minha frente, havia uma câmera que detecta o movimento de toda a parte superior do corpo. Isso permite que você se aproxime de objetos e mova a cabeça sem perder a imersão. Coloquei os fones de ouvido e estava pronto para começar.

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Um executivo (não sou eu!) testa o Oculus Rift, com a câmera de rastreamento à frente dele. 

Eu estava dentro da cabine virtual Nautilus One, contei 3, 2, 1 e desci para o fundo do mar. A assistente de voz me dizia que, a 6.400 m de profundidade, foi descoberto petróleo na camada pré-sal. Enquanto descíamos, a água exercia nas janelas de vidro uma pressão de 689 toneladas por metro quadrado.

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E então vi o FLX360, um enorme conector para transmitir energia no fundo do oceano, se ligar à “tomada” para fazer funcionar uma peça submarina. A peça era uma “árvore de natal” chamada DVXT: ela reúne as válvulas que regulam a produção de óleo e gás natural, e aguenta temperaturas entre -18°C e +151°C.

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O petróleo e gás então passam para o manifold, peça feita de tubos e válvulas que reduz a pressão do petróleo e gás submarinos, e então os transfere para um oleoduto ou gasoduto. A GE nota que todas essas peças precisam funcionar perfeitamente por até 30 anos – elas duram para sempre só no Oculus Rift.

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No Canadá, a GE está usando o Oculus Rift para realizar treinamentos imersivos de manutenção e operação na área de óleo e gás. Jim Colvin, CEO da Serious Labs, que faz renderizações 3D, diz no site da GE Canada:

“Este é um dos trabalhos mais perigosos que existem, e antes era muito difícil ensinar essas habilidades para alguém… você tende a seguir um cara depois de seu treinamento em sala de aula”, diz Colvin. “Nós criamos esse simulador para realmente mostrar aos funcionários como é tomar decisões relacionadas a manter a pressão no poço de petróleo, como fechar vazamentos etc.”… isso é em geral muito mais barato do que desligar equipamentos para realizar o treino.

Realidade aumentada em tablets

Por sua vez, a realidade aumentada – que projeta imagens virtuais no mundo real – ajuda na manutenção.

O pesquisador Paulo Galotti demonstrou um app para iPads e tablets Android que exibe modelos 3D de peças como a “árvore de natal”, que mencionamos acima. Antes de ser instalada abaixo do oceano, a ANM (árvore de natal molhada) precisa ser testada exaustivamente durante três dias – afinal, consertá-la depois seria muito custoso.

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A realidade aumentada pode ajudar nisso. Você aponta o tablet para a árvore de natal, e aparece automaticamente um modelo 3D da peça com todos os detalhes. Este software foi desenvolvido no Brasil.

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Na demonstração, usamos uma foto da peça, e tudo funcionou direitinho: o app analisa elementos característicos da árvore de natal, e então exibe o modelo em 3D. Aí é possível ampliá-lo, girá-lo, e tocar nas válvulas para marcar quais estão funcionando (em verde), e quais precisam de atenção (em vermelho).

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O app também funciona com um modelo em escala feito em impressora 3D, mas aí requer um QR code. Galotti diz que este app vem sendo desenvolvido desde 2012, e começará seus testes em campo no ano que vem.

Óculos de realidade aumentada

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A GE também está testando óculos de realidade aumentada para ajudar na manutenção. A pesquisadora Camila Nunes demonstrou os óculos da Atheer Labs rodando basicamente o mesmo software do tablet – mas aqui, você controla tudo com gestos da mão.

O Atheer Developer Kit é um headset de realidade aumentada com duas lentes (que você pode usar por cima de óculos de grau), mais uma câmera de rastreamento e sensor infravermelho. Dessa forma, ele consegue detectar seus dedos e receber comandos. Funciona assim:

A demonstração da GE é simples: coloque o headset, levante o polegar e o indicador, e gire-os para rotacionar o modelo 3D da árvore de natal. Você também pode clicar nos botões da interface usando um dedo e tocando-o no ar. Isso permite fazer as mesmas coisas que em um tablet, como analisar as válvulas da árvore de natal. (O headset da Atheer roda Android.)

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Por enquanto, isso é um projeto para o futuro, mas tem potencial: como nota o GigaOM, “sistemas de realidade aumentada já foram adotados em várias indústrias, onde headsets que não requerem toque podem ajudar um funcionário de plataforma petrolífera acessar informações sem sujar o equipamento”.

O software rodando no headset foi desenvolvido no Brasil. A GE vai investir US$ 500 milhões no novo Centro de Pesquisas Global para que esse trabalho continue.

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