Cientistas injetam circuitos no cérebro para monitorá-lo e estimulá-lo

Um grupo de químicos e neurocientistas da Universidade Harvard criou uma malha ultrafina que pode se fundir com o cérebro.

Um grupo de químicos e neurocientistas da Universidade Harvard criou uma malha ultrafina que pode se fundir com o cérebro. Isso pode criar o que parece ser uma interface perfeita entre circuitos biológicos e de máquina.

Chamado de “malha eletrônica”, o dispositivo é tão fino e flexível que pode ser injetado com uma agulha. Eles testaram isso em ratos, que sobreviveram ao implante e estão bem.

Os pesquisadores descrevem o dispositivo como “um eletrônico injetável por seringa”. A parte mais surpreendente é que as células do cérebro do rato cresceram em torno da malha, formando conexões com os fios, essencialmente acolhendo um componente mecânico em um sistema bioquímico.

Como explica a Nature, a equipe de Harvard usou uma malha de fios de polímeros condutores, macios como seda e flexíveis. Nas interseções entre os fios, eles colocaram eletrodos e transistores.

Os pesquisadores implantaram malhas com 16 elementos elétricos em duas regiões do cérebro de ratos anestesiados. Dessa forma, eles conseguiram monitorar e estimular neurônios.

Por enquanto, os ratos com esta malha eletrônica estão ligados ao computador através de um fio; a ideia é que, no futuro, esta conexão seja wireless.

Malha eletronica para cerebro (2)
Imagem feita em microscópio 3D da malha se fundindo com as células do cérebro

A ideia da “malha eletrônica” é estudar o cérebro bem de perto, entendendo como a atividade de neurônios individuais provoca emoções e sensações. Além disso, ela pode ser usada para estimular tecidos e até promover a regeneração de neurônios.

Os pesquisadores dizem que a malha tem uma série de usos, como monitorar a atividade cerebral, oferecer tratamento para doenças degenerativas como o mal de Parkinson, e até mesmo aumentar as capacidades cerebrais. O estudo foi publicado na revista Nature Nanotechnology.

A revista Smithsonian explica que uma série de grupos estão investindo nesta pesquisa, incluindo as forças armadas dos EUA:

Os financiadores [do pesquisador Charles Lieber] incluem a Fidelity Biosciences, uma empresa de capital de risco interessada ​​em novas formas de tratar doenças neurodegenerativas, como a doença de Parkinson. Os militares também se interessaram, oferecendo apoio através do programa Cyborgcell da Força Aérea americana, que se concentra em produtos eletrônicos de pequena escala para a “melhoria de desempenho” das células.

Esta invenção parece um protótipo da vida real para a “malha neural” dos livros do escocês Iain M. Banks. Ele escreveu uma série de ficção científica sobre a Cultura, uma sociedade interestelar anárquica e utópica: ela é composta por espécies pós-humanas que possuem um dispositivo especial no cérebro.

Nesse caso, a “malha neural” se trata basicamente de uma interface cérebro-computador sem fio, que permite programar seus neurônios para liberar certos elementos químicos com pensamentos. É bem curioso ver isso sendo adaptado, aos poucos, para a vida real.

Lieber e seus colegas esperam começar a testar em breve a “malha eletrônica” em humanos. Mas, sendo realista, isso deve demorar alguns anos: eles precisam provar que isto é realmente seguro.

Ainda assim, este pode ser o primórdio das interfaces cérebro-a-cérebro, que viram realidade graças a componentes eletrônicos injetáveis, para transmitir seus pensamentos sem fio. Nada poderia dar errado nisso, não é mesmo?

[Harvard – Nature – Smithsonian]

Imagens por Lieber Research Group, Harvard University

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