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Tudo o que sabemos sobre a interferência russa nos anúncios do Facebook, Twitter e Google

Representantes do Twitter, Facebook e Google testemunharam para o Comitê de Inteligência da Câmara dos EUA sobre a interferência russa em suas plataformas nesta quarta (1). Aprendemos o seguinte da audiência: Propaganda russa teve um impacto no mundo real Sabemos há algum tempo que trolls russos gastaram U$ 100 mil para promover publicidade no Facebook […]

Representantes do Twitter, Facebook e Google testemunharam para o Comitê de Inteligência da Câmara dos EUA sobre a interferência russa em suas plataformas nesta quarta (1). Aprendemos o seguinte da audiência:

Propaganda russa teve um impacto no mundo real

Sabemos há algum tempo que trolls russos gastaram U$ 100 mil para promover publicidade no Facebook durante a eleição americana de 2016, e aprendemos esta semana que estes posts criados por trolls atingiram 126 milhões de americanos – mais que um terço da população dos EUA. Mas o Facebook continua a diminuir o impacto da Rússia em sua plataforma, argumentado que campanhas políticas reais gastaram muito mais em publicidade. Durante a audiência desta semana, o vice-presidente de realidade aumentada e realidade virtual e antigo vice-presidente de publicidade do Facebook, Andrew Bosworth, twittou: “Anúncios políticos legítimos gastaram três vezes mais que estes U$ 100 mil. É uma história semelhante para o conteúdo orgânico”.

No entanto, o senador Richard Burr demonstrou que os anúncios pagos pelos russos foram influentes mesmo que não tenham sido caros. Ele mostrou anúncios patrocinados por duas páginas de trolls no Facebook, “Heart of Texas”, que tinha mais de 250 mil curtidas, e “United Muslims of America”, que tinha mais de 320 mil curtidas, que promoveram protestos concorrentes em um centro islâmico em Houston, Texas. Os anúncios motivaram um protesto real.

De acordo com os relatórios, cerca de uma dúzia de manifestantes anti-muçulmanos e mais de cinquenta manifestantes contrários foram ao protesto. “Estabelecer estes dois grupos competidores, pagar pelos anúncios e causar este evento turbulento em Houston custou a Rússia cerca de 200 dólares”, disse Burr.

Os anúncios não miraram exclusivamente os ‘swing states’

Uma análise da inteligência da comunidade divulgado no início deste ano afirmou que a Rússia conduziu uma campanha ampla, projetada para influenciar a eleição de 2016. Mas ela não agiu como uma companha política comum, pelo menos não nas redes sociais.

Anúncios foram divulgados cinco vezes mais em Maryland do que em Wisconsin e mais anúncios foram divulgados em Washington, DC, do que na Pensilvânia. “Maryland, foi alvo de 262 anúncios, enquanto,  Wisconsin, foi alvo de 55, mesmo não sendo um estado importante; era um estado que a candidata democrata tinha 26% da intenção dos votos”, disse Burr. Os três estados que mais foram alvos de anúncios foram Nova York, Missouri e Maryland, e o senador Roy Blunt notou que as cidades de Ferguson e Baltimore foram “grandes alvos”.

O conselheiro geral do Facebook, Colin Stretch, disse que apenas 25% dos anúncios foram geograficamente dirigidos.

Trolls russos atingiram mais milhões de americanos no Instagram

Enquanto o foco tem se mantido no Facebook e Twitter, e um pouco no YouTube, outras plataformas também foram usadas. O senador Mark Warner notou que 120 mil posts do Instagram estavam ligados à Rússia. “Os dados do Instagram não são tão completos”, disse Stretch, mas notou que desde outubro de 2016 estes posts atingiram mais de 16 milhões de usuários. Antes da data, os posts atingiam pelo menos 4 milhões, disse.

Senadores não estão satisfeitos com a indústria e prometem regulação

Representantes do Facebook, Twitter e Google também testemunharam ao Comitê Jurídico do Senado, e senadores não se satisfizeram com a performance – e o fato de nenhum CEO das companhias participar da audiência.

“Estou desapontado que vocês estão aqui e não seus CEOs, porque estamos falando sobre política e a política das companhias”, disse o senador Angus King.

A senadora Dianne Feinstein repreendeu as companhias com o que ela considerou uma resposta muito insuficiente para um ameaça significante a segurança nacional. “O que estamos falando é o começo de uma guerra cibernética”, disse, prometendo que o congresso não tinha nenhuma intenção de abandonar o problema.

Se o Google, Facebook e Twitter não melhorarem suas políticas, o Congresso vai regular o serviço para eles, ameaçou Feinstein. “Você criaram estas plataformas e agora elas são usadas de forma incorreta. E são vocês que devem fazer algo sobre isso, ou nós faremos”, ela disse.

Um grupo bipartidário de senadores já introduziu uma lei para regular anúncios políticos na internet, e os comentários de Feinstein indicam que a legislação pode ganhar mais suporte. A senadora disse que trabalha na própria legislação que obrigará empresas de tecnologia a reportar atividades terroristas em suas plataformas.

Twitter, Facebook e Google se mantiveram em silencia até então se vão ou não apoiar a lei. Quando pressionados a responder se sua companhia apoiaria a legislação, o conselheiro geral do Twitter, Sean Edgett, disse, “Temos algumas alterações que adoraríamos discutir”.

Não sabemos se um dia veremos um relatório completo dos anúncios russos que apareceram no Facebook

Apesar dos senadores receberam impressões de alguns anúncios, e outros exemplos que apareceram em outras formas de mídia, não sabemos se veremos uma lista completa deste conteúdo.

O Facebook diz que prefere deixar essa decisão para o Congresso, e diversos senadores deixaram clara a vontade de tornar estes anúncios públicos. Entretanto, parece que alguns senadores não querem que estes anúncios sejam divulgados. “Acho que temos uma discordância neste comitê se devemos divulgar ou não estes anúncios”, disse o senador Martin Heinrich.

Imagem de topo: da esquerda para a direita, conselheiro geral do Facebook, Colin Stretch; conselheiro geral do Twitter, Sean Edgett; vice-presidente e conselheiro geral do Google, Kent Walker, durante juramento ao Comitê de Inteligência do Senado. (AP)

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