Interpretar um palhaço malvado é prejudicial para a saúde mental dos atores?

Nesta semana no Giz Asks, conversamos com vários especialistas para chegar à resposta

Com seus trajes fantasiosos e personas cômicas, palhaços parecem o auge da alegria. Mas essas imagens de diversão também podem provocar uma resposta de medo e até mesmo ter inspirado a sua própria fobia. Embora não seja oficialmente reconhecida pela categorização DSM-5 de doenças da Associação Psiquiátrica Americana, a coulrofobia, o medo de palhaços, é uma das fobias mais comumente conhecidas na percepção pública. É fácil entender por que palhaços são algumas vezes vistos como ícones de medo. Sorrisos congelados, cabelos estranhos e maquiagem pesada podem ser a causa de pesadelos.

A cultura popular ajudou a transformar o palhaço em um ícone do terror. O livro de 1986 de Stephen King, It, e o filme baseado nele acompanham sete amigos de infância e como eles são aterrorizados pelo palhaço malvado Pennywise, que ataca os seus medos e inseguranças mais profundas. O palhaço malvado já tinha sido mostrado nas páginas da ficção no final de 1970, quando o serial killer da vida real John Wayne Gacy foi apelidado de “palhaço assassino” depois que descobriram que ele se vestia como “Pogo”, apresentando-se em festas de aniversário de crianças. Em 2016, uma mania do palhaço malvado pareceu se espalhar por todo o mundo, com relatos de pessoas encontrando palhaços ameaçadores.

Benjamin Radford, autor de Bad Clown, afirmou que o palhaço malvado não é um fenômeno novo: “Há uma noção incorreta de que palhaços foram um dia sempre felizes e alegres e que o palhaço malvado é uma novidade. Na verdade, palhaços sempre foram personagens bastante ambíguos. Às vezes, eles são bons, às vezes, eles são maus. Às vezes, eles são figuras malandras… Às vezes, eles estão fazendo as pessoas rir, às vezes, eles estão assustando todo mundo.” Rami Nader, psicólogo e diretor da North Shore Stress and Anxiety Clinic em Vancouver, disse à NBC que talvez a raiz da coulrofobia venha da identidade “embaçada” do palhaço: “Você não pode realmente dizer quem [os palhaços] são. Você não pode realmente ver o seu rosto. Você realmente não sabe o que isso tudo significa por trás da máscara”. Então, o que significa quando um ator assume o papel de um palhaço malvado no cinema, onde o personagem do palhaço malvado está mais popular do que nunca? Nesta semana no Giz Asks, conversamos com vários especialistas — incluindo psicólogos experientes, sobre atuação, e vários atores que interpretaram palhaços assassinos — o que significa se transformar no pior pesadelo de nariz vermelho de um público.

Sid Haig

Ator, Capitão Spaulding no filme de Rob Zombie A Casa dos 1000 Corpos e Rejeitados pelo diabo

Qual é a parte mais difícil de retratar um palhaço conturbado?

Deixá-lo de lado ao final do dia. Eu sei que soa um pouco estranho. Eu trabalho organicamente. Dentro de cada pessoa, existe cada tipo de personalidade. Há um capitão Spaulding em você. O que eu tive que fazer foi entrar e achar o Capitão Spaulding em mim e trazê-lo para fora. Eu tenho que deixá-lo de lado ao final do dia, ou então coisas ruins podem acontecer. Esse foi o trabalho mais difícil na criação do personagem, encontrar esse lugar em mim que eu podia acessar.

Não acho que tenha muita preparação. Eu tinha que encontrar a coisa dentro de mim que me faria retaliar, machucar as pessoas, ser um sociopata. Eu usei isso para buscar em mim e encontrá-lo. Mesmo o maior pacifista poderia encontrar um motivo para pegar uma arma e matar alguém. Há alguma ação que teria que ocorrer para fazer ele fazer isso, mesmo que ele possa ser a pessoa mais pacífica do mundo, há sempre algo que vai desencadear esse tipo de comportamento. Então, é isso que eu tinha que fazer.

Como você sente que o papel afetou o seu estado geral de espírito ou de saúde mental?

Eu estava ok. Eu não fiz nada sociopata. Estávamos todos lá juntos o tempo todo, então estávamos todos descomprimindo depois que o filme [Casa dos 1000 Corpos] foi filmado. Foi muito divertido. Tivemos a chance de fazer todos os tipos de coisas loucas sem realmente machucar ninguém.

Foi catártico para você?

Sim, de certa forma. Você tem a chance de liberar essa loucura — e agora você está no controle dela, e não ela que está no seu controle.

Por que as pessoas têm medo de palhaços?

Eu gostaria de dizer que a partir de minha experiência como um hipnoterapeuta, eu fui capaz de explicar às pessoas porque é que exista uma fobia de palhaços. A mãe e o pai acham que vai ser uma grande coisa levar o pequeno Billy para o circo, quando ele tem oito anos de idade ou mais. Eles levam-no lá, e ele está tendo um grande momento — até que alguém aparece, e é um palhaço. Eles são tão esquisitos, eles não se parecem com a mamãe e o papai, a tia Mary, nem ninguém. Eles não falam. Isso é estranho. Eles usam umas roupas malucas, e isso é um pouco bizarro. E, em seu ato, alguém se machuca, seja de água no rosto, escorregando numa casca de banana, ou o que quer que seja. E isso é assustador para uma criança. Em seguida, eles vão para a sua consciência primordial, que é onde fica o seu mecanismo de lutar/fugir, e eles fogem. Como um adulto, cada vez que vê um palhaço, o mecanismo de fuga é ativado. Essas memórias anteriores de sua mente subconsciente ficam lá até que você trabalhe com elas na terapia e assim por diante.

Você aprecia filmes de terror?

Eu gosto de um bom terror. Filmes de terror que mostram uma grande quantidade de sangue apenas pelo sangue são meio idiotas. Mas eu fiz um filme do qual eu estava muito orgulhoso, chamado Spider Baby. Esse foi o último papel de protagonista de Lon Chaney Jr., e isso foi realmente especial. E foi provavelmente o primeiro filme de terror que feito sem uma gota de sangue. Foi assustador. Você nunca sabia o que ia acontecer. Estava sempre à beira de algo terrível acontecer. Isso é, para mim, um bom roteiro de terror.

Você acha que as pessoas que apreciam terror e filmes pesados são mais adaptáveis às coisas na vida, por não terem medo de enfrentar o lado escuro e andar sobre ele às vezes?

Eles não têm um problema com isso, porque os verdadeiros fãs de terror são as crianças que eram diferentes. Basicamente, os párias. Nós só pensamos um pouco diferente. Eu gosto disso. Na verdade, as pessoas que gostam de terror são aquelas que, quando estavam na escola, tiveram um momento mais difícil ou o que quer que seja. Não há melhores fãs em qualquer outro gênero do que os fãs de filmes de terror. Eles são absolutamente incríveis e dedicados ao que você está fazendo.

Naomi Hynd, Ph.D.

Psicóloga especializada em Neuropsicologia do HCPC, registrada na British Association for Performing Arts Medicine, Spotlight e atriz registrada do Equity

Responder a esta pergunta depende de uma série de fatores.

A) Treinamento de atuação e técnica: algumas escolas de teatro defendem métodos e técnicas de formação em que os atores são incentivados a se identificarem e se tornar o personagem. A profundidade com que o ator faz essas coisas provavelmente terá um impacto sobre se o ator é afetado psicologicamente, interpretando o papel. Quando Heath Ledger atuou em O Cavaleiro das Trevas, relatórios alegaram que ele foi consumido pelo personagem. A super-identificação com papéis pode potencialmente levar a problemas de saúde mental. Papéis que são emocionalmente exigentes podem ter impacto sobre o ator e seus relacionamentos. Por exemplo, Angelina Jolie supostamente discutiu as dificuldades ao filmar À Beira Mar, que potencialmente afetou seu casamento.

B) Deroling [sair do papel]: Deroling não é ensinado ativamente em escolas de teatro, mas é uma parte significativa da formação para dramaterapeutas. A ideia é que certas técnicas ajudam o ator (ou cliente/paciente) a identificar as diferenças entre eles e seus personagens/papéis e, portanto, ajudam a separar o ator da pessoa que eles estão interpretando. Quanto mais o ator leva seu trabalho para casa, mais provável é que ele seja afetado por ele. Da mesma forma, à medida em que o ator tem interesses externos que lhe permitem relaxar e ser ele mesmo, isso provavelmente vai ajudar a restaurar a flexibilidade psicológica e o bem-estar.

C) O pano de fundo do ator: será que o ator tem um histórico de problemas de saúde mental ou mau humor? O modelo de vulnerabilidade a estresse poderia sugerir que os atores que não têm estratégias de enfrentamento adequadas ou têm eventos estressantes que coincidem com interpretar esse tipo de papel podem ser mais afetados psicologicamente. Se o ator teve experiências negativas com palhaços quando eram mais jovens, interpretar um papel desse tipo poderia trazer à tona sentimentos e experiências difíceis, tornando o deroling mais importante.

D) Percepções: o quão prontamente os outros atores são afetados pelo palhaço quando o ator está no papel. Quando o filme é lançado, como outros respondem? Por exemplo, quando Rebecca de Mornay estrelou A mão que balança o berço, a percepção pública dela como pessoa mudou. As pessoas acreditavam que ela era a personagem e evitavam manter seus filhos perto dela. Como o ator percebe o personagem também é significativo. Será que o ator sente que a reprodução de um personagem do mal de alguma forma os deixa parecidos psicologicamente?

E) Catarse: Interpretar esse papel poderia ser útil psicologicamente. Alguns atores falam sobre como interpretar certos papéis lhes permite expressar emoções ou sentimentos (como raiva ou maus pensamentos) indesejados, mas eles conseguem fazer isso em um ambiente controlado, através do personagem. Então, ao invés de ser prejudicial, fazer um papel desse tipo, se lidado de forma adequada pelo ator, poderia ser divertido e útil emocionalmente.

Cheryl Arutt, Psy.D.

Psicóloga clínica e forense, professora Adjunta da California School of Professional Psychology na Alliant International University, especializada em questões de criatividade artística, atriz aposentada

Carl Jung considerou os lados sombrios da personalidade como sede de criatividade, e encontrar maneiras de expressar impulsos escuros ou primitivos de uma forma socialmente aceitável, como fingir ser um personagem palhaço malvado em um filme, permite que o ator sublime qualquer de seus próprios impulsos escuros. Atores estão trabalhando com circunstâncias imaginárias e sangue falso. Não é psicologicamente prejudicial retratar esses personagens, e, na verdade, pode haver importantes benefícios psicológicos em expressar esses cenários em arte, em vez de na vida.

Harrod Blank

Presidente da Les Blank Films Inc., documentarista e artista de carros, ator do filme cult de 1988 Palhaços Assassinos do Espaço Sideral

Eu sou Harrod Blank, eu interpretei um monte de cenas de “slim” e muitos dos palhaços assassinos mais altos, já que eu tenho 1,93 m. O irônico é que eu apareci no teste com o meu carro Oh My God!, que era uma espécie de carro palhaço de arte.

Eu sempre fui uma pessoa chata e que fala alto — meu animal totem é o galo —, mas malvado não era algo que eu já fui ou quis ser. Quando eu tinha 6 anos, meus pais se separaram, e o novo namorado da minha mãe era um palhaço profissional, Skippy The clown. Eles se mudaram para uma comuna nas montanhas de Santa Cruz. Então, talvez eu aprendi alguns truques com ele?

Quando eu estava reunido com os irmãos Chiodo [diretores], 25 anos após o filme ter sido lançado, em convenções de filmes terror para dar autógrafos, fiquei espantado com o medo que alguns tinham de palhaços. Algumas pessoas não falavam comigo ou ficavam muito perto, e eu nem estava vestido como um palhaço.

O único palhaço que eu conheci  e que foi filmado para o meu primeiro filme Wild Wheels foi espancado quando criança. Tudo o que ele queria fazer era deixar as crianças felizes, então ele cobriu o carro com brinquedos. Ele era famoso em Austin e chamado de “Darrell, o Palhaço”. Esse exemplo me fez pensar se outros palhaços se tornaram palhaços por causa da tristeza. Mas também tem o Charlie Chaplin, que era um gênio em tirar sarro e fazer as pessoas rirem. Eu sou mais a favor desse tipo de palhaço.

Eu acho que o que é interessante sobre palhaços é que, por trás de uma máscara,ninguém sabe quem você realmente é. Por isso, a maldade pode se esconder mais facilmente. É por isso que eu acho que o conceito de Palhaços Assassinos era tão brilhante.

E, para responder a sua pergunta, eu não acho que interpretar um palhaço malvado seja prejudicial para a sua saúde mental. Pelo contrário, acho que fazer um palhaço malvado é uma forma de brincar, e brincar é saudável para a alma. Eu realmente me diverti muito trabalhando nesse filme, que eu sentia que era muito criativo e positivo. Beber o sangue do casulo foi o único momento em que eu pensei que tinha ido um pouco longe demais, mas é precisamente por isso que ficou ótimo no final.

Eu acho que os irmãos Chiodo são surpreendentes e devem receber tudo o que precisarem para um segundo filme, o mais importante sendo a propriedade intelectual que eles inventaram em primeiro lugar.

Paula Thomson, PsyD

Professora, Departamento de Cinesiologia, California State University, Northridge, psicóloga clínica, escreveu um estudo sobre a vulnerabilidade psicológica em atores.

Nossa pesquisa não investigou essa questão. Nós sabemos que os artistas tendem a ter uma distribuição maior de trauma passado não resolvido e perda, mas não sabemos como isso afeta quando eles estão realmente atuando. Nossos dados sugerem que, apesar da adversidade passada na infância e do trauma, atores valorizam experiências criativas e são capazes de atingir experiências de fluxo ideais.

Aaron Mirtes

Escritor e diretor do filme de 2017 Clowntergeist

Várias pessoas em nossa equipe ficaram aterrorizadas com palhaços, e trabalhar com nosso personagem palhaço demoníaco realmente foi pesado para elas depois de alguns dias. Todos nós também começamos a ficar exaustos com a maneira como os palhaços assustadores estavam dominando nossas vidas. Fazer um filme com palhaços definitivamente afeta algo em você que fazer outros tipos de filmes de monstros não afeta.

Doug Jowdy, Ph.D.

Psicólogo licenciado, especializado em psicologia do esporte e desempenho

Para responder à sua pergunta, isso depende de vários fatores diferentes. Dado o lugar que estamos na psicologia, como resultado de ainda mais décadas de pesquisa, a resposta “depende” é (ou pelo menos deveria ser) utilizada com mais frequência do que o contrário. Eu digo depende, nesse caso, porque, a partir de um ponto de vista prático, os fatores a serem considerados incluem o seguinte – 1) o nível de sua atuação, por exemplo Broadway; 2) a quantidade de tempo gasto no ensaio; 3) o que mais está acontecendo na vida da pessoa; 4) o que ser “mal” seria, ou seja, o grau com que essa pessoa inflige dor física ou emocional; 5) o que a pessoa vai fazer após a produção; e 6) as motivações/intenções da pessoal para assumir esse papel, tanto conscientes quanto inconscientes. Essas seriam algumas das considerações práticas principais ao responder a sua pergunta.

Eu gostaria de saber a “potência” do papel e da qualidade de vida da pessoa, incluindo a sua saúde e seu bem-estar. A potência é crucial para saber porque, a partir de uma perspectiva psicológica, isso contribui, como você sabe, para o nível de interiorização ou incorporação dessa personagem. Se a “dose” é bastante potente, o que é comum em níveis mais elevados no teatro, dança e na música (embarcar nessa de ter que ser bastante compulsivo, obsessivo e perfeccionista), e a pessoa está em um mau momento na vida, o resultado poderia ser prejudicial. Eu vejo isso em artistas de alto nível em todas as áreas da vida, quando eles não estão assumindo o papel de um palhaço malvado. Entre os padrões/expectativas da pessoa e a interação com a cultura (em esporte, música, negócios etc — existe uma cultura com crenças e valores insanos), pode ser letal em alguns casos. Conforme vemos altos índices de abuso de substâncias, depressão e suicídio em certas profissões. Portanto, seria crucial que a pessoa nesse papel tivesse o que chamamos de “fatores de proteção”, ou seja, um bom sistema de apoio, sentir-se amado e seguro no mundo, bons hábitos alimentares, de higiene e sono e talvez algum grau de espiritualidade, de modo que esse papel como um palhaço malvado não possa definir quem ele é, algo que vejo o tempo todo em diferentes áreas.

Então, em um nível mais profundo, mais psicológico, depende da personalidade da pessoa e o quão integrada ela é, em comparação com fragmentada. Alguém que é fragmentado tem uma péssima“força de ego”, que leva a dificuldade em estabelecer limites, tanto internos como com outras pessoas. Essas pessoas são mais propensas a se perder em qualquer papel em particular e têm dificuldade em separar o palhaço de quem elas são. As pessoas que tendem a ser mais elevadas nas escalas que medem a sugestionabilidade e absorção (dois fatores correlacionados com hipnose) podem estar mais em risco de efeitos adversos ao interpretar esse papel. Especialmente se for uma dose altamente potente, que é como uma forma de hipnose para essa pessoa.

Mas também pode ser altamente benéfico em algumas situações. Porém, repito, depende de todos esses fatores. E outra variável psicológica seria o quão “sintônico ou distônico ao ego” o papel poderia ser. Esse não é exatamente o uso correto dessas palavras, mas existe um sentido em usá-las. Em termos mais simples, quão consistente é esse papel do palhaço malvado com a forma como a pessoa se enxerga (auto-imagem/conceito)? Todos nós temos um “lado mau” (lado escuro, partes alienadas, partes reprimidas de nós mesmos, crenças negativas internalizadas etc, em psicologia). Dependendo dessa psicodinâmica do ator/atriz, esse papel poderia disparar regressão, desestabilização e/ou dissociação. E se isso acontecer, acabará por aparecer tanto intra-psiquicamente quanto interpessoalmente. Assim, dadas algumas dessas considerações, uma pessoa ao desempenhar este papel se beneficiaria de estar em psicoterapia, não só para promover a estabilidade/saúde, mas com esse papel proporcionando a oportunidade para um tremendo crescimento pessoal.

Eu amei essa pergunta, já que ela tem profundas implicações para a vida como a conhecemos. Como eu mencionei – as pessoas se identificam demais com o que elas fazem (o papel que desempenham seguindo o “script” escrito por elas, pelos pais, por treinadores, professores, religião, espiritualidade, sociedade etc.) em comparação com quem elas são como seres humanos e com o impacto negativo que “interpretar um palhaço malvado” pode ter. Estou vendo isso não apenas com adultos, mas cada vez mais com crianças.

Quando a psicologia aborda o conceito de “efeitos nocivos”, seja resultado de drogas/álcool, telefones celulares, exercício, ioga, ou sendo um músico profissional, etc, pensamos sobre o impacto contínuo. Da mesma forma como pensamos na “potência” que eu abordei, ou seja, a quantidade de álcool/drogas e de que tipo, quanto uso do telefone celular, quanto tempo se está em um relacionamento abusivo etc. Especificamente sobre a sua pergunta, os efeitos nocivos podem ser vistos no contínuo que vem a seguir.

Em uma ponta, tem o UM (impacto mínimo – o ator/atriz pode ter alguma inquietação, desconforto, um sonho ou dois sobre ser o palhaço malvado, mas rapidamente desaparece quando a produção acaba), até o DEZ (o ator/atriz experimenta mudança de humor, aumento da ansiedade, insônia severa, pensamentos intrusivos, uso de drogas/álcool para lidar, evita ir para o ensaio, experimenta sintomas somáticos durante o ensaio, tendo pesadelos) – que se eu fosse generalizar, envolveria assassinato, violência física/emocional, aniquilação, terror, entre outras características que simbolicamente poderiam representar o que chamamos de auto-estado (saudável, positivo, o lado pró-social) em guerra com o outro auto-estado (sombra, lado escuro, partes alienadas, partes reprimidas que se caracterizam pela raiva, ira, hostilidade que tem sido mal expressada), e desempenhar este papel desencadeia esses sentimentos que são “distônicos ao ego” e uma ameaça para você mesmo (sua auto-persona) – um dos lados tentaria “matar” o outro, e isso poderia levar a descompensação, regressão, desestabilização etc.

Imagem do topo: Warner Bros. Pictures

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