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A tecnologia defeituosa que impediu os iPhones de usarem telas de safira

A empresa que fabricaria cristal de safira para a tela dos iPhones foi mal administrada, e o produto que eles estavam fabricando era problemático.

No início do ano, circularam boatos de que a Apple usaria cristal de safira na tela dos iPhones. Aí chegaram os iPhone 6 e 6 Plus, mas com tela de vidro. O que aconteceu? A empresa responsável por fabricar a safira sintética meteu os pés pelas mãos e acabou pedindo proteção contra falência.

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O cristal de safira é mais duro que o Gorilla Glass, mais resistente que o aço, e ainda é transparente. Por si só, ele não é mais resistente a quedas, mas a Apple tem algumas patentes para resolver isso – por exemplo, usar duas lâminas com tipos diferentes de safira para criar um vidro mais robusto.

Isso, na teoria. De acordo com o Wall Street Journal, a GT Advanced Technologies – que fornecia cristal de safira para a Apple – foi mal administrada, e o produto que eles estavam fabricando era problemático:

O casamento Apple-GT foi conturbado desde o início. A GT não tinha produzido safira em massa antes de fechar negócio com a Apple. O primeiro cilindro de safira da empresa, com 260 kg, foi feito poucos dias antes de as empresas assinarem contrato – mas era falho e inutilizável.

A GT contratou centenas de pessoas sem muito controle; alguns funcionários entediados recebiam hora extra para varrer o chão várias vezes, enquanto outros não iam trabalhar.


Um dos lingotes de safira produzidos pelos fornos especiais da GT.

Assim deveria ser o cristal de safira produzido pela GT; no entanto, de cada dois lingotes, um saía rachado – e não podia ser cortado em lâminas para virar telas. Cada um deles custa US$ 20.000 e leva 30 dias para ficar pronto.

Tudo isso se soma ao fato de que a Apple, sozinha, usa “um quarto da oferta mundial de safira para cobrir a lente da câmera e o sensor de impressão digital nos iPhones”. Aumentar a demanda acabaria agravando quaisquer problemas preexistentes – como, por exemplo, saber onde estava o cristal de safira. Do WSJ:

A fabricação não era o único problema. Segundo um dos ex-funcionários, em agosto a GT notou que 500 blocos de safira tinham sumido. Algumas horas mais tarde, descobriu-se que um gerente havia enviado os blocos para reciclagem, em vez de mandá-los para transporte. Se não tivessem sido recolhidos, eles teriam custado à GT centenas de milhares de dólares.

A GT assinou contrato em novembro de 2013, recebendo uma grana alta para que uma de suas fábricas produzisse safira apenas para a Apple. Mas como nota o WSJ, “um negócio com a Apple pode gerar bilhões de dólares em receita, mas também significa se adaptar a grandes flutuações na demanda, com margens de lucro bem baixas e pouco espaço para erro”.

Em outubro deste ano, a GT pediu proteção contra falência, demitindo 890 funcionários nos EUA. Ela terá que devolver US$ 439 milhões para a Apple nos próximos quatro anos. No entanto, a empresa pretende continuar na ativa.

A Apple havia contratado a GT também para fabricar as telas de safira do Apple Watch. Ela diz estar estudando fornecedores alternativos, mas talvez volte a trabalhar com a empresa. [Wall Street Journal]

Imagens via Wetsun/Flickr e GT Advanced Technologies

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