A verdadeira identidade de Jack, o Estripador ainda é desconhecida

O empresário Russell Edwards disse ter descoberto provas genéticas para identificar quem foi Jack, o Estripador. Agora há evidências de que ele estava errado.

Você lembra que, no mês passado, um empresário disse ter descoberto provas genéticas para identificar quem foi Jack, o Estripador? Bem… agora há evidências de que ele estava errado.

>>> A ciência forense enfim descobriu quem é Jack, o Estripador?

Para relembrar: o empresário Russell Edwards obteve, há alguns anos, um xale que supostamente pertencia a uma das vítimas de Jack, o Estripador – assassino em série que, em 1888, matou diversas mulheres com requintes de crueldade em Londres.

Ele também encontrou uma descendente de Aaron Kosminski, um dos suspeitos na época de ser o assassino. O cientista forense Jari Louhelainen colheu o DNA dessa pessoa e o comparou ao DNA do xale.

O resultado: Louhelainen alegou ter descoberto uma mutação extremamente rara no DNA da descendente de Kosminski, e encontrou uma correspondência no material genético do xale.

Só que essa mutação não é rara. O jornal The Independent conversou com vários especialistas de genética, incluindo Alec Jeffreys – que criou a impressão genética, técnica que encontra “impressões digitais” no DNA – e eles confirmaram um erro muito básico. (Membros do fórum casebook.org foram os primeiros a notá-lo.)

Louhelainen relatou que havia encontrado uma mutação chamada 314.1C. Mas a mutação na verdade deveria ser chamada de 315.1C, de acordo com as práticas forenses, e ela é extremamente comum em 99% das pessoas de ascendência europeia. Se essa é a grande prova, então praticamente qualquer pessoa na Europa poderia ter sido Jack, o Estripador.

Para Louhelainen, a probabilidade era de 1/290.000. Mas para chegar a esse número errado, parece que ele cometeu outro erro – desta vez dividindo (e exagerando) a raridade da mutação em 10 vezes. Pelo método errado, ele teria que usar o total de mutações em um banco de dados (cerca de 29.000), resultando no valor de 1/29.000.

Para aumentar a desconfiança, Edwards preferiu publicar sua descoberta no livro Naming Jack the Ripper (escrito por ele próprio) e no Daily Mail (um jornal nem sempre confiável), não em um periódico científico respeitável.

Ele defende sua obra através de um porta-voz da editora: “a conclusão alcançada no livro – de que Aaron Kosminski era Jack, o Estripador – depende de muito mais que este valor”. Mas são tantos erros básicos que é mais seguro assumir que o verdadeiro Jack, o Estripador ainda é uma incógnita. [The Independent]

Imagem: “A Suspicious Character”, publicada no jornal Illustrated London News em outubro de 1888, via Wikimedia Commons

Atualizado às 16h19

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