Como a Kodak sobrevive na era pós-filme fotográfico

O que acontece depois que uma empresa de tecnologia é deixada para morrer, mas seus funcionários se recusam a desistir?

O que acontece depois que uma empresa de tecnologia é deixada para morrer, mas seus funcionários se recusam a desistir? É a pergunta que o New York Times faz sobre a Kodak: uma sombra do que era no passado, a empresa continua na ativa, empregando 8.000 pessoas ao redor do mundo. Eis o que elas estão fazendo.

Para recapitular: a Kodak foi fundada em 1888, quando lançou a primeira câmera do mundo para não-profissionais. Ao longo de um século, a empresa ganhou o mundo da fotografia analógica: em 1976, ela dominava 90% das vendas de filmes e 85% de câmeras nos EUA.

O sucesso cegou a empresa. A Kodak criou a primeira câmera digital em 1975, e ao longo dos anos 90, ela tomou algumas medidas tímidas para apostar em fotografia digital – mas foi pouco. Afinal, os executivos da Kodak não conseguiam imaginar um mundo sem filme fotográfico.

No início dos anos 2000, as vendas de filme começaram a despencar 20%-30% por ano, à medida que mais pessoas compravam câmeras digitais da Sony e outras empresas. Foi a ruína da Kodak.

A sede da empresa tinha 200 edifícios. Destes, 80 foram demolidos e 59, vendidos. Onde antes eram fabricadas câmeras, agora são feitos… potes de molho! São 6.500 funcionários, mas só um quarto deles trabalha para a Kodak.

A empresa declarou falência em 2012. Desde então, ela desistiu de fabricar câmeras, porta-retratos digitais, scanners, entre outros. Ela também vendeu 1.100 patentes relacionadas à fotografia digital para um grupo de doze empresas – incluindo Apple, Google, Facebook, Amazon, Microsoft, Samsung, Adobe e HTC – por US$ 527 milhões.

Ela permaneceu com 7.000 patentes relacionadas à química e física de imprimir imagens, e vem usando isso a seu favor. Do New York Times:

Desde que emergiu da recuperação judicial, a empresa tem servido principalmente a mercados de nicho para filme fotográfico – ainda há alguns diretores obstinados que se recusam a gravar em formato digital – e fornece equipamentos para impressão de jornais, embalagens e afins… a chave para a sobrevivência está em seu legado de pesquisa, milhares de patentes e um grupo de cientistas que estão fazendo novas descobertas.

Entre essas descobertas, temos uma touchscreen mais barata, que usa uma malha de fios de prata criada a laser.

Sede da Kodak

Isto vem da divisão Kodak Technology Solutions, criada para estimular a criação e o uso de tecnologias dentro da empresa. Eric-Yves Mahe, chefe da divisão, diz: “nós temos tintas invisíveis que as pessoas poderiam usar contra a pirataria ou falsificação, sensores para embalagens inteligentes, e fios antimicrobianos para a medicina que utilizam prata”.

A dificuldade, agora, é levar essas tecnologias ao mercado sem que a Kodak seja massacrada pela concorrência. Afinal, ela talvez não tenha dinheiro o suficiente para disputar de frente com gigantes nessas áreas. Apesar de ter US$ 2 bilhões em vendas no ano passado, ela sofreu prejuízo de US$ 114 milhões – e isto deve se repetir este ano.

Por isso, se a empresa tem algum futuro, é melhor que ele chegue logo. Confira a reportagem completa aqui: [New York Times]

Fotos por Jo Christian Oterhals e Thomas Belknap/Flickr

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