O futuro com o Leap Motion: como o aparelho de gestos está sendo usado pelos brasileiros da deVoid

iPad, Windows 8, smartphones, Kinect. Todos esses equipamentos, embora distantes uns dos outros em diversos aspectos, têm uma característica marcante em comum: eles buscam novas formas de interação que se distanciam do WIMP. O Leap Motion junta-se ao grupo e, para entendê-lo melhor, conversamos com o pessoal da deVoid, empresa de jogos do Rio de Janeiro que já […]

iPad, Windows 8, smartphones, Kinect. Todos esses equipamentos, embora distantes uns dos outros em diversos aspectos, têm uma característica marcante em comum: eles buscam novas formas de interação que se distanciam do WIMP. O Leap Motion junta-se ao grupo e, para entendê-lo melhor, conversamos com o pessoal da deVoid, empresa de jogos do Rio de Janeiro que já trabalha com o acessório.

A deVoid apareceu no nosso radar graças ao OctoRhythm, um jogo musical casual que usa o Leap Motion como interface. Além da nossa, ele também chamou a atenção dos criadores do Leap Motion, tanto que graças a uma demo bem preliminar publicada em um fórum de desenvolvedores a equipe ganhou um segundo kit de desenvolvimento. Batemos um papo bem esclarecedor com Yanko Oliveira, um dos sócios da deVoid, sobre o Leap Motion.

Tudo pelo Leap Motion

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Na conversa que tivemos com Yanko ficou bem claro como a Leap Motion está comprometida em fomentar o cenário do acessório — e questões geográficas parecem não ser barreiras para aqueles interessados em ajudá-la nessa tarefa. O primeiro kit de desenvolvimento da deVoid foi conseguido através de um formulário simples, liberado no site para desenvolvedores, onde o requisito para receber o kit gratuitamente era dar uma ideia promissora e algum histórico em programação:

“Como estávamos trabalhando no update do nosso último jogo (Tribot), não tive muito tempo pra brincar com ele. Mas depois de uma semana consegui um tempo e fiz um protótipo bem rápido, em dois dias, do jogo que estamos fazendo atualmente. Gravei um vídeo do protótipo, postei no fórum de desenvolvedores e, para minha surpresa, recebi um email de um dos funcionários da empresa falando que tinha achado o vídeo interessante e marcando uma conversa por Skype comigo. A partir daí comecei a conversar com ele com frequência e estou trabalhando pra lançar o jogo que saiu daquele protótipo junto com a abertura da loja, em maio. Também conversando com ele consegui um segundo device, que está sendo usado pelo Bruno Bottino (meu sócio na deVoid) pra desenvolver um protótipo do que pode a vir ser nosso próximo jogo.”

A loja a que Yanko se refere é a Airspace, uma central de apps e jogos certificados para serem usados com o Leap Motion. A mecânica segue a cartilha instituída pela Apple com a App Store: pré-aprovação do que entra ali e uma mordida no valor das vendas. Além das vantagens óbvias do modelo (facilidade para usuários encontrarem conteúdo e para desenvolvedores vendê-lo), há um fator extra no peculiar caso do Leap Motion: um canal constante de verba para reinvestir na tecnologia. É o que acha Yanko:

“Para a empresa cria a possibilidade de, mesmo quando as vendas do hardware diminuírem, manterem um fluxo de verbas de P&D para melhorias no produto atual e em novos produtos. E aí entra o ponto em que eles já acertam desde o início: tragam bons desenvolvedores para a plataforma, o que vai gerar bons apps desde o início e, com isso, atrair cada vez mais consumidores.”

Como é esse OctoRhythm?

O OctoRhythm é um jogo musical que, conceituamente, lembra um pouco alguns grandes sucessos, como Parappa the Rapper, Guitar Hero e Dance Central. O grande diferencial é a “guitarrinha” que você usa, no caso, as próprias mãos. Algumas demos podem ser vistas no canal do Yanko no YouTube, como esta:

Ele ainda empresta outra ideia bacana de jogos musicais, como Audiosurf e Beat Hazard: a de usar a batida da música para moldar o gameplay — com a sutil diferença de que as músicas aqui são todas originais, compostas por Leo Perantoni. Quanto mais rápida a música, mais difícil fica o jogo. Para ganhar, é preciso fazer gestos com as mãos, os mesmos que aparecerem na tela. Além desse modo básico, existem outros modos de jogo:

“Há outros modos de jogo também: em um deles, você deve memorizar a sequência de até oito símbolos mostrados e repeti-los depois (como no Genius). Os outros dois são basicamente o mesmo que os anteriores mas, em vez de fazer com as mãos os símbolos mostrados, você tem que fazer os símbolos que ganhariam uma partida de pedra-papel-tesoura contra os símbolos mostrados pelo computador — começa simples, mas depois de algumas fases você pode se encontrar fazendo símbolos contrários aos que estão aparecendo, com duas mãos, 175 vezes por minuto.”

Mais um vídeo, o último publicado até agora, no modo HARDCORE:

Mas o e Leap Motion, é tudo isso mesmo?

“Sobre o aparelho em si: dizer que ele é algo realmente novo, como produto, não é exagero”, disse Yanko. Segundo ele, o que coloca o Leap Motion em posição única é a sua capacidade específica de interpretar movimentos dos dedos, coisa que o paradigma dominante no reconhecimento de gestos, o Kinect da Microsoft, não faz. Não por limitação, como ele nos alertou, mas simplesmente por ter uma proposta diferente.leapmotion1

Nem mesmo desenvolvedores com acesso ao kit sabem como o sistema funciona por dentro. Não há saída de dados crus, processados pelas duas câmeras e alguns LEDs infravermelhos que fazem a captura dos movimentos, então é virtualmente impossível saber o que acontece dentro daquela caixinha. Só vemos a mágica acontecendo e, no caso dos desenvolvedores, que dedos você está balançando na frente do computador — comporte-se, hein!

“O que nós temos acesso pelo SDK, como desenvolvedores, são dados já filtrados e processados. Basicamente a cada frame capturado (como quadros de um vídeo), temos como ver quantas mãos, dedos e ferramentas (ferramenta é qualquer coisa mais longa e fina que um dedo, como um lápis ou vareta) estão sendo reconhecidos pelo dispositivo naquele momento. A partir daí, podemos usar esses dados e outros derivados (posição, direção etc) nos aplicativos. Do ponto de vista do desenvolvedor, é bem fácil de integrar e programar com ele em mente.”

Nem tudo é perfeito e Yanko diz que iluminação, por exemplo, é um fator crucial. Se ela não for favorável, a detecção fica prejudicada — algo presumível, dada a natureza visual do acessório. Mas o suporte pré-lançamento parece bastante ativo e updates com melhorias são frequentes, alguns deles inclusive trazendo suporte a novos gestos. Ele nos disse, por exemplo, que o último implementou “taps” (toques no ar) e círculos. “[Isso] já cria novas possibilidades acessíveis de maneira bem fácil para os desenvolvedores”.

Nesse mundo cão sabemos que, nem sempre, uma tecnologia disruptiva e/ou interessante é suficiente para ter um sucesso comercial nas mãos. Mas é pelo preço para o consumidor final, US$ 80, que Yanko acredita que o Leap Motion emplacará:

“A grande questão sobre o impacto na informática é que ele consegue criar uma plataforma nova de interação que independe de qualquer outra coisa (basta plugar no PC ou Mac) por um preço acessível: você paga um pouco mais caro que um mouse padrão e tem uma maneira 100% nova de interagir com o seu computador. Nos jogos, isso abre possibilidades inexploradas de gameplay, além de ser uma ferramenta interessante para performances ao vivo e experiências interativas em feiras, instalações etc.”

O Leap Motion será lançado em maio e infelizmente o Brasil não consta na lista de destinos para onde ele pode ser enviado na pré-venda. Para saber mais sobre o OctoRhythm, visite o site da deVoid e dê uma olhada no canal do Yanko no YouTube.

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