Made in Brazil Microsoft descobre que reduzir o preço do software faz pirataria cair

 Ontem bati um longo papo com executivos da Microsoft, da área do Office. Eles disseram quão impressionante foi a guinada nas vendas depois da redução de preço em abril de 2008, quando a edição Home & Student do Office 2007, com 3 licenças, passou a ser vendida abaixo da mágica barreira de R$ 200. "As vendas mais que duplicaram em volume depois do corte!", comentou um deles. Eu nunca imaginei que as pessoas comprariam mais um produto se ele fosse mais barato.  

Ontem bati um longo papo com executivos da Microsoft, da área do Office. Eles disseram quão impressionante foi a guinada nas vendas depois da redução de preço em abril de 2008, quando a edição Home & Student do Office 2007, com 3 licenças, passou a ser vendida abaixo da mágica barreira de R$ 200. "As vendas mais que duplicaram em volume depois do corte!", comentou um deles. Eu nunca imaginei que as pessoas comprariam mais um produto se ele fosse mais barato.

Isso não quer dizer que a pirataria tenha dado sinais de que vai acabar, longe disso. Eles estimam que 60% das cópias do Office rodando no Brasil sejam piratas. A Microsoft usa muito o termo "vítima de pirataria", e me relataram que é bastante comum pessoas reclamando que pagaram software original mas receberam um piratão. Os reclamantes apresentam nota fiscal e tudo. O lance é que o pessoal que compra micros montados no mercado cinza paga X pelo hardware e Y pelo software. Mas como ninguém acompanha a instalação, acabam levando Jack por lebre.

É claro que é fácil a gente falar para as empresas simplesmente "vendam mais baixo" e apontar para obviedades econômicas: mais gente compra quando o preço é menor. Mas a verdade é que a realidade tributária brasileira é muito, muuuito particular. O pessoal da Microsoft diz que é difícil até explicar internamente para os americanos como que o preço do Windows aqui é tão alto. A matemática dos americanos é: fabricante vende pro varejo e ganha 6% ou 7% sobre o custo, varejista vende ao público final e ganha mais 6% ou 7%, na boca do caixa é registrado um imposto sobre vendas, que é basicamente todo o imposto pago no processo produtivo. Aqui a gente tem bem mais siglas no processo.

Ok, ok. A vida é difícil. Mas se a cópia do Microsoft Home & Student custa US$ 149 nos EUA e R$ 149 a R$ 199 aqui, por que não fazer mais dessa mesma conversão no preço do Windows 7, por exemplo? Eu não sabia o preço do Office lá fora e esqueci dessa pergunta na hora. Damn.

Mas de qualquer forma eu me fingi de surdo durante a explicação do "custo Brasil" e perguntei quando que eles iriam estender a história de "uma cópia, 3 licenças" do Microsoft Office para o Windows, que já rola em diversos países. Sabemos que o Windows 7 tem preços comparativamente caros no Brasil e uma medida assim poderia dar uma guinada semelhante nas vendas do Windows 7. A resposta: "a Microsoft está estudando os outros modelos, de verdade". Não tão animador, mas já é melhor do que "não temos qualquer previsão", que é a resposta padrão à pergunta "E quando a Xbox Live vêm ao Brasil?"

Mesmo que não use muito, acho R$ 199 (ou R$ 149, em promoções), um preço bastante razoável, dada a aplicabilidade da família de aplicativos. E parece que a Microsoft ganha dinheiro com isso – o Office 2010 custará o mesmo tanto. Fato é que eu gostaria de repetir o título "empresa X descobre que reduzindo o preço vende mais" todo dia.

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