O Mar Cáspio está secando e cientistas tem uma suspeita do motivo

O Mar Cáspio é tão estranho quanto um corpo d’água pode ser. Sua superfície fica a 27,5 metros abaixo do nível do mar, e a água presente nele não sai dali – ele é isolado de outros oceanos, dependendo de uma série de rios asiáticos para manter os níveis. Uma equipe de pesquisadores de universidades […]

O Mar Cáspio é tão estranho quanto um corpo d’água pode ser. Sua superfície fica a 27,5 metros abaixo do nível do mar, e a água presente nele não sai dali – ele é isolado de outros oceanos, dependendo de uma série de rios asiáticos para manter os níveis.

Uma equipe de pesquisadores de universidades de todo o planeta calcularam os principais fatores que causam mudanças aos níveis do Mar Cáspio. A bacia já subiu e caiu no decorrer das últimas décadas graças a escoamentos, precipitações e evaporações que se revezam para adicionar ou subtrair o volume do mar. Agora, os cientistas acreditam que os dados dessa nova pesquisa, em conjunto com os efeitos das mudanças climáticas, não são nada boas para o Mar Cáspio.

“Com o contínuo aquecimento do hemisfério norte, pode-se esperar que os níveis de evaporação anual do Mar Cáspio continuem a crescer no futuro”, escrevem os pesquisadores em um artigo publicado mês passado na Geophysical Research Letters.

A preocupação dos pesquisadores vem de um simples modelo que foi construído para que os dados coletados pudessem ser interpretados. Como uma bacia, os principais fatores que afetam os níveis do Cáspio são chuva, evaporação e seus afluentes, principalmente o rio Volga, mas com o auxílio de outros como o Ural, dependendo do ano. Produzir essa análise requereu anotar os volumes de descarga dos dados coletados e preencher os espaços em branco com outros modelos de previsão, como os encontrados no Centro Nacional de Previsão Ambiental.

Tudo isso é adicionado a uma simples equação: a taxa de mudança do Mar Cáspio é o resultado da taxa de mudança da precipitação mais a taxa de mudança dos influxos dos rios menos a taxa de mudança da evaporação.

Uma vez que o modelo estava a funcionar, a equipe o comparou as taxas observadas e os dados de satélite, mostrando que eles fizeram um bom trabalho ao estimar os maiores impactos ao nível do mar do Cáspio. Foi observado um aumento na média de 13,09 cm ao ano de 1979 a 1995, e uma queda na média de 6,72 cm por ano de 1996 até os dias de hoje.

Níveis do mar observados de 1984 até hoje

Mas a importância deste modelo não era apenas em recriar dados. Na verdade, sua importância está na descoberta do principal fator que causa a diminuição dos níveis do Mar Cáspio: o aumento na evaporação de 1979 a 2016 é a principal razão para o mar estar encolhendo. Além disso, a evaporação está ligada ao aumento das temperaturas, uma tendência que provavelmente continuará graças às mudanças climáticas.

Entretanto, este é apenas um modelo, e o que nosso complexo planeta decidirá fazer ainda é incerto. Afinal de contas, os níveis do mar caíram e subiram em resposta à hidrelétricas e outros fatores que ocorreram durante o século, de acordo com a Natural History Magazine. Os pesquisadores também não usaram o modelo para fazer previsões, e outros fatores determinantes não foram aplicados a este modelo, como a contribuição dos lençóis freáticos ao nível do Mar Cáspio. Além disso, o modelo dos pesquisadores se esquiva de dados de 2010 e, especialmente, de 2011 e 2012 e eles não sabem explicar o motivo.

Mares encolhendo naquela região com certeza são um motivo para se preocupar. O Mar de Aral, localizado nas proximidades do Mar Cáspio, já foi um dos quatro maior lagos salgados do mundo, mas hoje ele é praticamente um deserto graças à União Soviética, que desviou os afluentes do Mar de Aral para usá-los para consumo. O Mar Cáspio e suas fontes são de muito interesse dos países ao seu redor, e sabe-se lá o que futuros desenvolvimentos podem fazer a região.

Mas, de qualquer forma, o modelo e os dados não negam: a evaporação parece ser a principal razão para a queda dos níveis de mares desde 1996. Mas ainda não sabemos o que nos aguarda no futuro.

Imagem de topo: Globe Master 3D/Wikimedia Commons

[Geophysical Research Letters]

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