Com estes problemas, a missão para colonizar Marte pode não se tornar realidade

A Mars One é um programa que planeja enviar quatro humanos em uma viagem só de ida para Marte, para estabelecer uma colônia por lá.

Mars One é um programa que planeja enviar quatro humanos em uma viagem só de ida para Marte, para estabelecer uma colônia por lá. Eles ainda estão selecionando candidatos para voar ao planeta vermelho em 2024, construir habitats e morrer entre as estrelas – afinal, esta é uma viagem só de ida.

Tudo isso assume que a Mars One conseguirá financiamento, uma espaçonave, e grandes avanços tecnológicos necessários para fazer tudo isso acontecer. De acordo com um finalista, todo o projeto cheira a golpe.

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Em um artigo publicado na revista online Matter, o Dr. Joseph Roche, Ph.D em física e astrofísica e professor da Trinity College’s School of Education em Dublin, Irlanda, revelou algumas das muitas potenciais armadilhas da Mars One.

Para uma missão que deveria procurar quatro humanos ideais para sobreviver em um ambiente bastante inóspito, o processo seletivo parece muito desleixado. Roche diz que lhe foram prometidos vários dias de entrevista pessoal e testes, mas tudo acabou sendo reduzido a uma chamada de 10 minutos no Skype:

Roche disse que, em seguida, teve uma breve conversa via Skype com o médico-chefe da Mars One, Norbert Kraft, durante a qual ele foi questionado com perguntas sobre o material que a Mars One forneceu a todos os candidatos, que explicava detalhes sobre Marte e sobre a missão. Nenhum teste psicológico ou psicotécnico rigoroso fez parte da avaliação. Os candidatos tiveram um mês para estudar o material antes da entrevista.

Ou seja, para selecionar candidatos, eles dependem de três itens: o formulário de inscrição; o vídeo para se candidatar; e a entrevista via Skype. Enquanto isso, na NASA, um candidato precisa registrar no mínimo 1.000 horas de voo em aeronaves a jato a fim de ser considerado para viagens espaciais.

A Mars One recebeu inicialmente 202.586 inscrições, mas quando chegou a hora de pagar a taxa (entre US$ 5 e US$ 75) e fazer um vídeo dizendo porque o candidato queria ir a Marte, esse número se reduziu para 2.761 pessoas.

Além disso, a Mars One tem alguns métodos não-convencionais para arrecadar dinheiro:

Você ganha pontos para passar por cada fase do processo de seleção (mas apenas um número arbitrário de pontos, nada a ver com um ranking). Em determinado momento, a única maneira de conseguir mais pontos é comprando mercadorias da Mars One ou doando dinheiro para eles…

Em fevereiro, os finalistas receberam uma lista de “dicas e truques” para lidar com solicitações da imprensa, que incluía o seguinte: “Se você receber pagamento para uma entrevista, sinta-se livre para aceitá-lo. Nós pedimos gentilmente para você doar 75% do seu lucro para a Mars One”.

Pelo menos eles pediram gentilmente.

A Mars One diz que precisa de US$ 6 bilhões para sua missão, o que é extremamente barato se comparado a projetos da NASA para chegar ao planeta vermelho. E uma das formas de financiamento seria através de um reality show: a Endemol – criadora do Big Brother – faria um programa sobre os participantes do projeto, “acompanhando com exclusividade a seleção e treinamento dos primeiros astronautas a um dia irem a Marte”. No entanto, a Endemol já desistiu do projeto.

O objetivo da Mars One é levar humanos para Marte até 2024. No entanto, até mesmo Gerard ‘t Hooft, ganhador do prêmio Nobel de Física e ex-conselheiro do projeto, diz que isso deve demorar cem anos para se tornar realidade – não dez anos.

Se a ideia de colonizar Marte em uma década parecia absurda, é porque talvez seja mesmo. [Matter]

Imagem por Mars One

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