Megacidades crescem tão rápido que precisamos usar satélites para estudá-las

Relatório avalia uma década de crescimento do leste asiático.

É difícil acompanhar o crescimento de cidades de diversos países de forma consistente — especialmente quando se leva em consideração que imagens de satélite começaram a ser usadas há poucas décadas. Mas esta semana, o Banco Mundial revelou os resultados da análise de uma década de crescimento de uma das regiões mais interessantes do mundo: a Ásia Oriental.

Imagem: Hong Kong capturada por Jesse Varner do sofware World Wind da NASA

O relatório usa imagens do Leste da Ásia capturadas com o espectroradiômetro de imagens de média resolução dos satélites Terra e Aqua da NASA, e comparou dados de censo e outros métodos de rastreamento. Qual era a ideia? Criar uma base de dados para planejadores urbanos e políticos. “Uma vez que cidades são construídas, sua forma urbana e comportamentos de uso do território estão estabelecidos pelas próximas gerações,” explica a introdução dos autores. Para criar estratégias de crescimento inteligente, planejadores urbanos e políticos precisam avaliar fatos.

É fascinante observar o crescimento da região entre 2000 e 2010. Você pode ler um resumo em PDF aqui, mas vamos avaliar os principais pontos:

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O relatório inclui este mapa do Delta do Rio das Pérolas, produzido pela Universidade do Wisconsin-Madison, Setembro. 2013; Fronteiras administrativas da Universidade de Michigan – Data Center da China.

Tóquio não é mais a maior área urbana do mundo

Um das principais características do relatório é que Tóquio foi retirada do posto de maior e mais populosa área do mundo. Quem entra no lugar? O Delta do Rio das Pérolas, que nada mais é que a junção do Cantão, Shenzhen, Foshan e Dongguan, quatro cidades gigantes chinesas cujo crescimento foi tão grande que elas acabaram se aglomerando. Juntas, elas somas mais de 42 milhões de habitantes, “mais que a população da Argentina, Austrália, Canada e Malásia,” alegam os autores.

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Crescimento urbano de Jacarta entre 1976, 1989 e 2004, capturado pelo satélite Terra da NASA.

Cidades pequenas se aglomeram formando uma única grande cidade

Mas isso não necessariamente significa que elas funcionam como uma só cidade. Quando cidades conurbam, ou se conectam à outras jurisdições, elas geralmente continuam a operar separadamente, mesmo que se tornem uma grande área urbana. “Menos de 40% da área desenvolvida e da população da área urbana de Jacarta estão localizadas dentro dos limites territoriais de Jacarta,” explica o Banco Mundial.

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A Hidrelétrica das Três Gargantas do Rio Yangtzé. Via JPL/NASA.

A expansão não é tão grande quanto parece

Do satélite pode até parecer que a população se expandiu, mas não. “Apesar de aparentar uma expansão descontrolada, as cidades do leste asiático são uma forma eficiente de povoamento humano, com uma população urbana equivalente ao dobro da população da Europa vivendo em um pedaço menor de área urbana,” afirma o estudo.

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Delta do Rio das Pérolas capturado pela NASA com o Landsat 7 em 2003.

Se quer ver crescimento real, veja além das megacidades

Claro, as megacidade — aglomerações urbanas com mais de dez milhões de habitantes — são as que mais chamam a atenção, diz o autor. Mas para ver o retrato do real crescimento, observe como crescem as cidades de tamanho médio ou grande. “A urbanização da Ásia Oriental tende a focar nas imensas megacidades com mais de dez milhões de habitantes,” conta. “Entretanto, só existem oito dessas na região, e existem mais de 572 cidades com população de 100.000 a 500.000 pessoas, contabilizando dois terços das áreas urbanas de toda a região.”

E este é o grande desafio, dizem os autores do projeto. Quando não se pode tratar uma cidade como uma entidade única, torna-se quase impossível implementar políticas de crescimento inteligente, tanto da perspectiva de planejamento como na de desenvolvimento.

Você pode baixar o relatório completo aqui, ou um resumo em PDF aqui.

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