Memorando da Apple lembra funcionários que vazar informações da empresa dá cadeia

A Apple quer muito que seus funcionários fechem a matraca. Pelo menos, essa é a interpretação clara que se pode tirar de um memorando interno da empresa sugerindo graves consequências a quem vazar informações da companhia para a imprensa. • Troca de tela com peças originais está zoando o controle de brilho dos iPhones • iPhones 8 […]

A Apple quer muito que seus funcionários fechem a matraca. Pelo menos, essa é a interpretação clara que se pode tirar de um memorando interno da empresa sugerindo graves consequências a quem vazar informações da companhia para a imprensa.

• Troca de tela com peças originais está zoando o controle de brilho dos iPhones
• iPhones 8 com telas consertadas por assistências não autorizadas param de funcionar no iOS 11.3

Nesta sexta-feira (13), Bloomberg publicou o memorando interno na íntegra. Nele, a Apple dizia que havia pego 29 vazadores no ano passado, 12 dos quais foram presos. Segundo o memorando, da dúzia de pessoas presas, algumas eram funcionários, enquanto outras eram contratados terceirizados e parceiros na cadeia logística da empresa. “Vazadores não apenas perdem seus empregos na Apple”, declara o texto. “Em alguns casos, eles enfrentam pena de prisão e enormes multas por invasão de rede e roubo de segredos comerciais, ambos classificados como crimes federais.”

Além de ameaçar de prisão seus próprios funcionários de maneira não tão sutil, a Apple os adverte de amigos falsos na imprensa. O memorando observa que os jornalistas vão entrar em contato com funcionários da Apple em redes sociais, na tentativa de obter informações privilegiadas. “Embora possa parecer lisonjeiro ser abordado, é importante lembrar que você está sendo manipulado”, afirma o memorando. “O sucesso dessas pessoas de fora é medido pela obtenção e a publicação de segredos da Apple. Um furo sobre um produto inédito da Apple pode gerar tráfego enorme para uma publicação e beneficiar financeiramente o blogueiro ou repórter que o revelou. Mas o funcionário da Apple que vaza tem tudo a perder.”

Certamente não é nenhuma revelação surpreendente que a Apple leva seus sigilos muito a sério. Antes de um lançamento de iPad em 2010, por exemplo, um desenvolvedor de apps disse que teve que entregar seu nome e número de previdência social antes de poder ver o dispositivo e, mesmo então, só pôde vê-lo em uma sala sem janelas em que o aparelho estava acorrentado à mesa. Além disso, a empresa supostamente faz você assinar um acordo de não divulgação só para ver o codinome de um projeto ainda a ser lançado.

Em uma gravação de uma reunião interna obtida pelo The Outline, no ano passado, um vice-presidente da Apple é ouvido dizendo: “Tenho muita fé de que, se contratarmos pessoas inteligentes, elas vão pensar nisso, vão entender isso e, por fim, vão fazer a coisa certa, que é manter a boca calada”. E esses são só alguns exemplos da obsessão de décadas da empresa com confidencialidade.

Faz sentido por que uma empresa como a Apple iria querer manter os detalhes de seus produtos privados até que eles estivessem aprimorados para o lançamento ao público. Mas o lembrete quase arrogante das consequências legais é perturbador — e, certamente, intimidador para os vazadores que queiram revelar algo mais importante do que a data de lançamento do próximo iPhone.

Imagem do topo: Getty

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