Microsoft teria dado à NSA acesso a emails, chamadas de vídeo e mais, segundo jornal

A Microsoft é uma das empresas de tecnologia que faz parte do PRISM, o programa de vigilância do governo dos Estados Unidos que observa quase tudo o que a gente faz na internet (e nós, brasileiros, estamos entre os preferidos do pessoal da NSA). E a mais recente revelação de Edward Snowden, o responsável por […]

A Microsoft é uma das empresas de tecnologia que faz parte do PRISM, o programa de vigilância do governo dos Estados Unidos que observa quase tudo o que a gente faz na internet (e nós, brasileiros, estamos entre os preferidos do pessoal da NSA). E a mais recente revelação de Edward Snowden, o responsável por vazar todas essas informações, deixa as coisas um pouco mais feias para Steve Ballmer & cia.

A Microsoft ajudou a NSA inclusive a quebrar a criptografia dos seus próprios serviços para dar acesso ao Outlook.com, ao falecido Hotmail, arquivos SkyDrive, e chamadas de vídeo e áudio do Skype. Em outras palavras, praticamente tudo o que você faz em produtos da Microsoft pode ser acessado pela NSA.

De acordo com a reportagem do The Guardian, a Microsoft fornecia acesso em estágio pré-criptografado para a NSA aos emails do Outlook.com e Hotmail. Os agentes da NSA podiam inclusive ler conversas em chat. Quanto o Outlook.com foi lançado, arquivos vazados por Snowden mostram preocupação da agência em relação à interceptação de chats criptografados – mas outro arquivo de 26 de dezembro de 2012 disse que a Microsoft trabalhou ao lado do FBI para criar uma solução que desse acesso aos dados criptografados dos chats.

Em abril deste ano, também após meses de trabalho conjunto entre Microsoft e FBI, os agentes norte-americanos ganharam acesso ao SkyDrive, segundo o documento. Isso “resulta em uma resposta de coleção muito mais completa”, segundo o documento. Assustador. E o Skype, comprado pela Microsoft em 2011, ficou mais vulnerável ao PRISM nove meses depois da aquisição: em julho do ano passado, a NSA tinha capacidade de coletar o triplo de chamadas de vídeo do Skype do que tinha antes.

Em sua defesa, a Microsoft voltou a dizer que só fornece dados de usuários “em resposta a exigências governamentais, e apenas de usuários ou contas específicas” – a empresa nega fornecer acesso direto aos dados de qualquer um dos seus usuários. Mas de qualquer forma é um tanto estranho a Microsoft, que fez campanha acusando o Google de ler seus emails e que tem como slogan “Sua privacidade é a nossa prioridade“, aparentemente ter dado acesso tão fácil a informações de seus usuários – e ter trabalhado lado a lado do FBI para ajudar a quebrar a própria criptografia.

No Brasil

A espionagem dos EUA atinge diretamente o Brasil. Hoje, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse “estar convencido” de que os Estados Unidos tem uma coleção de emails e chamadas telefônicas feitas no Brasil. O embaixador dos EUA, Thomas Shannon, confirmou que existe uma coleta de metadados, mas disse não existir nenhuma base de dados, nem acordo com empresas daqui para o fornecimento das informações. E, para Bernardo, a espionagem tem motivação econômica. “Com certeza uma parte dessa espionagem é comercial, industrial, formas de burlar a concorrência”.

As coisas ainda estão um tanto nebulosas, tanto essa suposta participação da Microsoft no esquema quanto a questão da espionagem no Brasil. Mas aparentemente Snowden ainda tem muita coisa a revelar enquanto procura um lugar para fugir. Vamos torcer para que sua luta não seja em vão, e que a questão da privacidade seja tratada com mais seriedade por governos no mundo inteiro. [The Guardian, UOL]

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