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NASA descobre sete planetas “irmãos” da Terra, e todo mundo está esperando que exista vida neles

Todos eles habitam o sistema estelar TRAPPIST-1, e três deles estão na zona habitável, significando que existe a possibilidade de vida

Depois de um dilúvio de comunicados de imprensa provocantes e especulações prematuras, nós finalmente podemos compartilhar notícias muito importantes da NASA: nesta quarta-feira (22), a agência anunciou que uma equipe cientistas confirmou a existência de sete exoplanetas do mesmo tamanho da Terra orbitando a TRAPPIST-1, estrela localizada a apenas 39 anos-luz de distância do nosso Sol. Os seis planetas mais próximos da estrela muito provavelmente são rochosos, têm aproximadamente a mesma massa da Terra e teriam temperaturas de superfície comparáveis às de nosso planeta. Três dos planetas podem até mesmo ser capazes de propiciar a existência de água no estado líquido e, talvez, vida.

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Essa descoberta representa o maior número de planetas do tamanho da Terra e o maior número de mundos possivelmente habitáveis já encontrados em um sistema de estrela única. Ambos os fatores tornarão a TRAPPIST-1 imensamente atraente nas pesquisas correntes em busca de mundos habitáveis e de vida além da Terra.

“Esta é a primeira vez que tantos planetas desse tipo são formados em torno da mesma estrela”, afirmou, em comunicado de imprensa, Michaël Gillon, astrônomo da Universidade de Liège, na Bélgica, e co-autor do estudo, publicado nesta quarta na Nature. “Os planetas formam um sistema muito complexo, já que estão todos muito próximos uns dos outros e muito próximos da estrela, que lembra muito as luas em torno de Júpiter.”

Em 2016, Gillon, junto com os astrônomos Amayry Triaud, Emmanuël Jehin e outros, observou três exoplanetas orbitando a TRAPPIST-1, classificada como uma estrela “anã ultragelada” por apresentar temperaturas de superfície inferiores a 2426º C. Após acompanhar a TRAPPIST-1 usando instrumentos como o Telescópio Spitzer, da NASA, e o Very Large Telescope, da ESO, a equipe descobriu mais quatro exoplanetas no sistema estelar. Todos os mundos potencialmente similares à Terra foram encontrados usando o método de trânsito, que mede mergulhos na saída de luz de uma estrela conforme um corpo planetário passa em frente à nossa linha de visão.

A notícia, justificavelmente, fez os aficionados de espaço entrarem em frenesi. “Encontrar vários planetas potencialmente habitáveis por estrela é uma grande notícia para nossa busca por vida (exraterrestre)”, disse ao Gizmodo Lisa Kaltenegger, diretora do Instituto Carl Sagan, na Universidade Cornell.

 

Imagem: NASA/JPL-Caltech

Em nosso sistema solar, a Terra está situada diretamente na zona habitável em que água no estado líquido pode se formar, enquanto dois outros planetas (Vênus e Marte) contornam as bordas interna e externa, respectivamente. De acordo com os modelos, o sistema da TRAPPIST-1 contém três planetas na zona habitável, o que o torna um recordista entre sistemas estelares que conhecemos com planetas rochosos que poderiam ter água líquida, explicou Kaltenegger.

A essa altura, temos mais perguntas do que respostas sobre esses exoplanetas. Esperamos que o Telescópio James Webb, que será lançado no ano que vem, e o ainda inconcluído Extremely Large Telescope sejam capazes de nos dizer mais sobre suas atmosferas. Isso será essencial para determinar se os planetas realmente podem ter água em estado líquido e vida ou não.

“Se estrela estiver ativa (como indicado pelos fluxos de raio-X), então [um planeta em órbita] precisa de uma camada de ozônio para proteger sua superfície dos fortes raios ultravioleta que esterilizariam a superfície”, disse Kaltenegger. “Se esses planetas não tiverem uma camada de ozônio, a vida precisaria se abrigar abaixo do solo ou em um oceano para sobreviver (e/ou desenvolver estratégias para se proteger dos raios UV).”

Renderização do sistema planetário TRAPPIST-1 (NASA/JPL-Caltech)

Uma das várias questões que essa descoberta levanta é: podemos ir até lá? Embora o sistema estelar Proxima Centauri seja uma escolha mais sensata para uma viagem interestelar, já que também contém um planeta rochoso, numa zona habitável, e está muito mais próximo da Terra (a 4,22 anos-luz de distância), a oportunidade de encontrar vida em vários mundos no sistema TRAPPIST-1 aumenta suas chances de visita um dia.

“Descobrir vários planetas potencialmente habitáveis em torno de uma estrela é, definitivamente, motivador”, disse Kaltenegger.

[Nature]

Imagem do topo: NASA/JPL-Caltech

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