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O diretor do FBI está bem triste com a criptografia ponta a ponta do WhatsApp

James Comey, diretor do FBI e inimigo da criptografia, odeia que qualquer pessoa possa se comunicar de forma privada e segura.

James Comey, diretor do FBI e inimigo da criptografia, odeia que qualquer pessoa possa se comunicar de forma privada e segura.

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Comey lamentou o triunfo técnico do WhatsApp em criptografar automaticamente as mensagens e ligações de um bilhão de usuários, segundo o Politico.

Com a criptografia ponta a ponta, nem mesmo os funcionários do WhatsApp podem ler os dados enviados através do aplicativo. Ela usa duas chaves de criptografia: uma pública, e outra privada, em posse apenas do destinatário.

Quanto a isso, Comey disse: “o WhatsApp tem mais de um bilhão de clientes, a esmagadora maioria de boas pessoas, mas nesse bilhão de clientes estão terroristas e criminosos, então o recurso agora onipresente em todos os produtos do WhatsApp vai afetar ambos os lados da casa” – isto é, tanto investigações de terrorismo como de crimes comuns.

Ele completa: “inevitavelmente, isso será um impedimento para ordens de grampo em casos criminais, e para ordens em casos de segurança nacional. Se haverá uma disputa jurídica sobre isso no futuro, eu não sei. Mas essa colisão está acontecendo, assim como está acontecendo com empresas que armazenam dados”.

O WhatsApp armazena apenas metadados, isto é, seu número de celular, lista de contatos e quando cada mensagem foi enviada ou recebida. Eles podem ser revelados às autoridades “se isso for exigido por lei… ou para responder a uma ordem judicial, intimação mandado de busca ou equivalente”, dizem os termos de privacidade.

Jan Koum, chefe do WhatsApp, disse recentemente: “não somos uma rede anônima. Para usar o app, as pessoas precisam de um número de telefone que é associado à sua identidade… tratar-nos como uma rede anônima na qual as pessoas podem acessar e criar um usuário anônimo, pseudônimos, não é algo totalmente preciso”.

Para a NSA, que defende a criptografia, é perfeitamente possível operar um extenso programa de vigilância apenas com metadados. E, claro, ela tem a capacidade de contornar a criptografia e chegar ao conteúdo desejado através de invasões hacker.

Enquanto isso, Comey não para de se lamentar sobre a criptografia. Há meses, ele vem defendendo a criação de backdoors para facilitar investigações. O efeito prático, claro, é que todos ficariam menos seguros, porque não existem brechas de segurança apenas para pessoas “do bem”.

Além disso, o real impacto da vigilância em massa no combate ao terrorismo é bem menor do que parece. E pior: governos estão usando leis antiterrorismo para limitar a liberdade de expressão – mesmo quem não “deve” tem algo a temer.

Comey parece esquecer que os terroristas sempre abusam de quaisquer ferramentas que tiverem à sua disposição, e isso não é motivo para negar ao público em geral o direito de proteger seus dados.

[Politico]

Foto: o diretor do FBI, James Comey (Carlos Osorio/AP). Colaborou: William Turton.

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