O Porvir, do Instituto Inspirare, quer democratizar a tecnologia aplicada na educação

O Projeto Porvir, do Instituto Inspirare, tem como objetivo propor novas formas de integrar a tecnologia ao aprendizado em sala de aula

Quando ouvimos sobre tecnologia na escola, é possível que a primeira coisa que venha à nossa mente seja a lousa interativa. Esse substituto moderno para o quadro negro ainda não se tornou tão popular, mas as possibilidades do uso da tecnologia com foco em educação vão muito além de colocar apetrechos dentro da sala de aula: o verdadeiro objetivo da tecnologia educacional é colocar o conhecimento diretamente nas mãos do usuário. Ou melhor, do aluno.

A partir da década de 1970, a tecnologia já começava a modificar as modalidades de ensino por meio de telecursos exibidos nas grades de programação das emissoras de TV. Mas foi somente nos anos 1990, com a chegada da internet comercial, que o aluno pode começar — com pequenos passos: você se lembra de como a internet era nessa época? — a tomar o controle da informação. Já nos últimos anos, o desafio deixou de ser ensinar o aluno a manusear o computador e passou a ser encontrar formas de dar a ele as ferramentas para acessar a informação correta e manuseá-la da melhor forma possível.

“Se antes a gente educava os alunos para usar a tecnologia, hoje a gente usa a tecnologia para educar os alunos”, explica Anna Penido, diretora do Inspirare, instituto que busca maneiras de melhorar a educação no Brasil. Em outras palavras, a tecnologia hoje é usada menos para focar no conteúdo e mais para auxiliar no desenvolvimento das capacidades do aluno aprender a aprender.

Hoje, o aluno não depende mais da grade da emissora de TV, pode escolher quando vai aprender com as vídeoaulas disponibilizadas no YouTube, no iTunes U — canal da Apple com conteúdo acadêmico–  e sites dedicados ao ensino a distância, como o Coursera (rede de ensino a distância com aulas das mais diversas universidades do mundo, incluindo algumas brasileiras, como USP e Unicamp). Além disso, redes sociais e aplicativos dedicados permitem o contato rápido e direto entre alunos e professores.

Anna explica que são três os grandes desafios da educação hoje: equidade, qualidade e contemporaneidade. “Com a tecnologia a gente consegue ampliar o acesso dos alunos independente da região em que eles se encontram”, diz a diretora sobre o primeiro item, explicando como os alunos podem ter educação de qualidade mesmo com o professor não estando presente no mesmo local que eles. Além disso, a equidade lida também com a personalização do ensino, que permite usar inteligências artificiais para determinar o ritmo de aprendizado de cada aluno, por exemplo. “Com a tecnologia podemos personalizar melhor a educação, fazendo com que cada um possa encontrar a sua melhor maneira de aprender”, diz.

O segundo aspecto, a qualidade, é o desafio de trazer recursos ricos, interativos e dinâmicos que auxiliam no aprendizado do aluno e facilitam o ensinamento do professor, com estratégias pedagógicas mais eficazes. Este aspecto também faz com que a educação esteja disponível a toda hora e em todo lugar. Já o terceiro aspecto lida com a contemporaneidade, a tecnologia se aproximando do universo dos alunos do Século 21. “O que também ajuda a prepará-los para a vida presente e futura, mediadas cada vez mais pelos recursos tecnológicos”.

Mas a tecnologia está longe de substituir o professor. É preciso usar o que hoje é chamado de Ensino Híbrido, a junção entre aprendizado online e offline. “O professor cria estratégias pedagógicas em que alunos usam jogos, experimentam em projetos, fazem trabalhos em grupo, participam de mentoria… é essa mistura que vai melhorar a qualidade e a efetividade da educação”, explica Anna.

Eric Rodrigues, professor de história da Escola Municipal Emílio Carlos, no Rio de Janeiro, faz um ótimo uso do ensino híbrido, misturando diversas formas de aprendizado com recursos tecnológicos e em papel.

A mistura de mídias, de tópicos e  formas de ensino dá uma maior autonomia aos alunos. O aluno leva ao professor algo que ele não saiba a resposta, estimulando a pesquisa e a discussão na sala de aula. Hoje os recursos são muitos e bem diversos. Além das já conhecidas vídeoaulas, hoje acessadas quando o estudante preferir, temos também as plataformas de ensino, como o Coursera, que agregam vídeo e conteúdo de leitura, animações, jogos educativos e simuladores.

Para ajudar professores e educadores a garantirem uma aula tão interativa e efetiva quanto a do professor Rodrigues, o projeto Porvir, do instituto Inspirare, elaborou um conteúdo especial com recomendações e experiências sobre o tema. O material tem sugestões, video aulas e documentos que ajudarão a orientar os ensinadores interessados. Ele pode ser acessado neste link.

Mas para atingir tais parâmetros e melhorar a nossa educação, o Porvir explica a necessidade de uma infraestrutura adequada e funcional, para garantir que a internet chegue veloz a todas as escolas do Brasil. O acesso à internet nas escolas brasileiras ainda é ruim, especialmente nas escolas públicas de áreas rurais: um estudo do MEC realizado em 2014 determinou que apenas 16% das escolas públicas em áreas rurais está conectada à internet e apenas 8% destas escolas têm acesso à uma conexão de banda larga. Em contrapartida, 84% das escolas públicas em áreas urbanas têm acesso à internet e 71% delas têm conexão banda larga.

O Porvir explica que para reduzir essa desigualdade é “preciso reforçar princípios de universalidade e equidade”. Além do acesso garantido à internet, é preciso também “propiciar o uso efetivo da conectividade para todos, sem discriminação de renda, região ou localidade”. Em outras palavras: nenhuma escola deve ficar de fora.

Conheça também a nova plataforma do Instituto Inspirare voltada para empreendedores que querem inovar em educação, Apreender.org. A iniciativa contou com produção e edição de conteúdo da F451, empresa que publica, entre outros sites, o Gizmodo Brasil, e desenvolvimento da Inketa.

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