O que a radiação nuclear faz com seu corpo

Digamos que algum líder mundial maluco finalmente aperte o grande botão vermelho. Ou talvez um terrorista tome conta de um reator nuclear. Você sobrevive ao ataque inicial, mas terá que viver em um mundo comprometido pela radiação nuclear. Como seria isso? Medindo a dosagem Quando as reações nucleares começam, elas jogam partículas com energia suficiente […]
Ser humano brilhante.

Digamos que algum líder mundial maluco finalmente aperte o grande botão vermelho. Ou talvez um terrorista tome conta de um reator nuclear. Você sobrevive ao ataque inicial, mas terá que viver em um mundo comprometido pela radiação nuclear. Como seria isso?

Medindo a dosagem

Quando as reações nucleares começam, elas jogam partículas com energia suficiente para extrair elétrons de átomos e moléculas. As ligações alteradas produzem pares de íons que são extremamente reativos. Isso é conhecido como radiação ionizante e é onde o problema começa.

Existem vários tipos de radiação ionizante. Escolha uma entre cósmica, alfa, beta, gama ou raios-X, nêutrons ou de um punhado de outras mais. O que realmente importa é o quanto um organismo fica exposto — um conceito chamado de dose absorvida.

Uma forma de medir a dose absorvida é em unidades de Grays (Gy). Outra unidade comum é o sievert (Sv), que pega a medida em Gy e a multiplica pelo tipo de radiação para calcular a dose efetiva em um tecido vivo. A exposição à radiação média durante alguns segundos de um raio-x abdominal é de 0,0014 Gy — é uma dose leve e administrada localmente, então não é tão ruim. Você terá problemas quando seu corpo inteiro fica exposto em um cenário… digamos, como o da sala de controle de Chernobyl imediatamente após a explosão. Lá, você seria embebido por 300 Sv por hora. Mas você não resistiria a uma hora. A dose seria letal em apenas 1~2 minutos.

Como você morreria

Grandes doses de radiação ionizante em um curto espaço de tempo levam à Síndrome Aguda de Radiação (SAR), também conhecida como envenenamento por radiação. A gravidade dos sintomas da SAR depende do nível de exposição. Uma dose de radiação baixa como 0,35 Gy se parece com uma gripe — náusea e vômito, dores de cabeça, fadiga e febre. Se o corpo for exposto a uma dose maior, algo entre 1~4 Gy, as células sanguineas começam a morrer. Você ainda poderia se recuperar — tratamentos desse tipo de síndrome de radiação geralmente envolvem transfusões de sangue e antibióticos —, mas pode ter uma fraqueza em seu sistema imunológico devido a uma queda em glóbulos brancos sangrando incontrolavelmente pela falta de plaquetas, e apresentar anemia pela redução dos glóbulos vermelhos. Você também nota um tipo de bronzeamento estranho se fosse exposto a 2 Gy ou mais de radiação ionizante. Tecnicamente conhecida como radiodermite aguda, seu efeitos incluem manchas vermelhas, descamação da pele e algumas bolhas. Espere esses sintomas dentro de 24 horas.

Entre 4 e 8 Gy, porém, a dose pode ser fatal — mas o caminho até a morte ainda varia de acordo com o nível da exposição. Pacientes neste nível apresentam vômito, diarreia, tontura e febre. Sem tratamento, você pode morrer apenas algumas semanas após a exposição.

O físico Louis Slotin, que morreu de SAR durante sua pesquisa de 1946 no Manhattan Project, foi exposto a uma dosagem estimada de pouco mais de 10 Gy de radiação gama e raio-x. Ele não sobreviveria hoje, mesmo com tratamentos modernos como os transplantes de medula óssea. Pacientes expostos à radiação entre 8 e 30 Gy apresenta náusea e diarreia severa dentro de uma hora e morrem entre 2 dias e 2 semanas após a exposição.

Absorver doses superiores a 30 Gy causa danos neurológicos. Em minutos, pacientes apresentam vômito e diarreia fortes, tontura, dores de cabeça e inconsciência. Convulsões e tremedeira são comuns, bem como ataxia, ou a perda do controle voluntário das funções musculares. A morte em 48 horas é inevitável.

Se você evitar o suficiente de radiação para permanecer vivo

Só porque você escapou da SAR após uma explosão nuclear não significa que terá um final feliz. A exposição prolongada à radiação ionizante, mesmo em doses muito pequenas para produzirem quaisquer dos sintomas citados acima, pode induzir mutações genéticas e câncer. Este é o maior risco para os sobreviventes do disastre de Fukushima — o acidente emitiu uma fração do material radioativo lançado em Chernobyl. Mas estimativas recentes preveem que ele poderá ser o responsável por mais de mil mortes decorrentes de câncer.

Normalmente, as células são controladas por estruturas químicas de moléculas de DNA. Mas quando a radiação deposita energia o bastante para romper as ligações moleculares, cadeias de DNA são quebradas. Embora a maioria se repare corretamente, cerca de um quarto não consegue — e então tem início um longo e lento processo que resulta em um aumento na taxa de mutações nas futuras gerações de células. A probabilidade de se desenvolver câncer aumenta com doses de radiação efetiva — mas, de forma cruel, a gravidade do câncer independe da dose. A exposição é o que conta e não importa se o nível de radiação foi alto ou baixo.

Com a exposição prolongada, modelos que preveem o risco continuam controversos. Na realidade, o modelo mais aceito sugere que, em termos alcance, a radiação de baixo nível é a fonte mais perigosa de radiação. Embora a SAR seja uma maneira horrível de morrer, é a contaminação mais lenta que deveria preocupá-lo mais.

Imagem por Spectral Design/Shutterstock.

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