Os charmes da Soyuz: decolando em um foguete russo maluco

Nosso astronauta convidado Leroy Chiao é um dos poucos homens espaciais a ter voado tanto em um ônibus espacial dos EUA quanto na Soyuz, uma espaçonave russa de cinco décadas de idade – alguém adivinha qual ele prefere?

Nosso astronauta convidado Leroy Chiao é um dos poucos homens espaciais a ter voado tanto em um ônibus espacial dos EUA quanto na Soyuz, uma espaçonave russa de cinco décadas de idade – alguém adivinha qual ele prefere?

Na quarta-feira eu escrevi sobre como é ser lançado a bordo de um ônibus espacial. Desta vez, vamos considerar o foguete e espaçonave russa Soyuz. Por quê? Um foguete não é um foguete? Será que é tão diferente assim? Sim e não, não e sim. Ambos levam astronautas/cosmonautas pro espaço em mais ou menos nove minutos. Mas eles são muito diferentes.

Em primeiro lugar, vamos comparar as duas espaçonaves. Elas têm aparência bem diferente uma da outra. Uma é parte de um míssil, a outra é um veículo alado preso a um foguete.

Se o espaço interno do ônibus espacial é classe executiva…

…então a Soyuz é definitivamente classe econômica.

No entanto, devo dizer que a Soyuz tem um lugar bastante especial no meu coração. É um lançador e uma espaçonave robusta e plenamente capaz. Ela tem os melhores índices demonstrados de segurança de qualquer espaçonave tripulada. E ela é cheia de apetite.

Mas então, como é ser lançado na Soyuz?

Em primeiro lugar, você praticamente veste a Soyuz em vez de se prender a ela. Ao me espremer pela escotilha até chegar ao meu assento, eu tive uma ideia de como deve ser sofrer de claustrofobia. Se alguém for minimamente claustrofóbico, certamente a Soyuz a deflagraria. As suas pernas ficam dobradas até o seu peito. Ela não é muito confortável. Assim como no ônibus espacial, você começa a se prender lá dentro aproximadamente duas horas e meia antes do lançamento. Mas peraí, as coisas ficam piores ainda. A Soyuz requer duas órbitas para conseguir telemetria suficiente até o solo para o Centro de Controle de Missão conseguir verificar que a espaçonave está saudável. Durante este período, você precisa permanecer preso ao seu assento caso você precise executar uma saída de órbita de emergência. Tempo total naquela posição? Aproximadamente seis horas.

Ou seja, nada de tirar um cochilo na Soyuz; você fica desconfortável demais. Você espera. Daí você checa a sua lista de verificação, é lógico. A hora-zero é totalmente diferente – não há coice, já que não há foguete com propulsores sólidos. Os motores líquidos são bem macios. O empuxo vai aumentando gentilmente até o foguete simplesmente se destacar da ponte de lançamento. Você precisa até olhar no seu relógio e ouvir o anúncio da base pra saber que você já está voando!

Há uma leve desaceleração logo antes da troca de estágio, e depois um “bang!” meio abafado conforme os quatros propulsores líquidos se separam. O mesmo para o terceiro estágio. O que me surpreendeu (na verdade, me deu um susto da porra, isso sim) foi o “BANG!!” bem alto e logo em seguida um flash instantâneo de luz bastante brilhante. Apenas por uma fraca de segundo, eu achei que estávamos explodindo, mas era apenas a separação da torre de escape e do manto! Agora eu já conseguia enxergar pela vigia e olhar para baixo praquela vista familiar da Terra e da linha azul fluorescente da atmosfera.

Você já sabe o resto.

Acompanhe Leroy Chiao na sua coluna visitante enquanto celebramos a vida humana no espaço com a nossa semana “Tire-me Deste Rochedo”. Foto dos propulsores insanos da Soyuz direto da Wikipedia.

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