Ötzi, o presunto de 5 mil anos, já fazia presunto

Uma nova pesquisa feita em Ötzi, o Homem do Gelo, mostra que ele comeu um tipo de carne parecida com o bacon.

Uma nova pesquisa feita em Ötzi o Homem do Gelo, um humano de 5.300 anos incrivelmente preservado encontrado em uma geleira européia, mostra que ele comeu um tipo de carne curada chamada “speck”, uma comida gordurosa parecida com o bacon, encontrada nas tábuas de charcutaria até hoje em dia.

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Em outras palavras, europeus pré-históricos da era do bronze estavam comendo um tipo de prosciutto há mais de 5.000 anos. A impressionante descoberta foi feita pelo especialista em múmias da Academia Européia de Bolzano, Albert Zink, que está estudando o conteúdo do estômago de Ötzi o Homem de Gelo há anos.

Em 2011, Zink encontrou traços de Ibex, uma espécie de cabra selvagem que vive nas montanhas dos Alpes Europeus, preservados no estômago da múmia. Essa nova pesquisa adiciona outro nível de detalhe à descoberta inicial, mostrando que Ötzi comeu carne curada a seco que foi preparada de maneira muito parecida com o bacon.

Só para lembrar, os restos mortais de Ötzi foram encontrados preservados em uma geleira em 1991 por alpinistas alemães que estava passando pelos alpes Ötzal perto da fronteira com a Itália e Suíça. Se mostrou uma das descobertas mais incríveis da história da ciência, produzindo um tesouro de informações sobre os europeus da Idade do Cobre.

Estudos mostram que Ötzi tinha entre 40 e 50 anos quando morreu, e que ele provavelmente foi morto por uma flecha que atingiu seu ombro esquerdo. Seu corpo coberto de tatuagens mostra sinais de dor crônica nas juntas, doença do carrapato, doença periodontal, úlceras e diversos ferimentos não fatais, incluindo cortes de faca e um trauma de contusão bem sério em seu rosto, que ele provavelmente recebeu nos dias ou horas anteriores à sua morte. Ötzi, como ficou claro, viveu uma vida dura e cheia de acontecimentos, e sofreu uma morte pior ainda.

Mas ao menos ele tinha acesso a carnes deliciosas.

fvh9yilzhuzkhnd19bldSpeck do sul do Tirol como conhecemos hoje em dia. (Imagem: Frieder Blickle)

Zink fez a descoberta ao analisar a nanoestrutura das fibras de carne de bode encontrada no estômago de Ötzi. Testes mostraram a presença de carne crua que foi curada, não cozida ou assada, o que teria enfraquecido as fibras. Zink especula que Ötzi, que foi encontrado sem um arco de caça, trouxe a carne curada para sua jornada, onde carne crua não processada teria apodrecido rapidamente. Maiores análises mostraram que ele não tinha comido nenhum queijo ou produtos de laticínios, apenas carne.

“Parece provável que sua última refeição tenha sido carne crua gordurosa, talvez uma espécie de speck ou bacon pré histórico”, disse Zink ao The Local. Dado que Ötzi estava do lado sul tirolez dos Alpes, é possível que suas provisões tenham vindo de lá.

A descoberta de carne curada de 5.300 anos de idade não é nada menos que surpreendente. Fazer carne curada é um processo razoavelmente sofisticado que envolve defumar a frio e a adição de sais e temperos.

Antes dessa descoberta, os exemplos mais antigos de curar carne a seco eram da Pérsia e Grécia, por volta de 2.500 anos atrás. Exemplos de cura também existem em culturas da Idade da Pedra. Povos indígenas das Grandes Planícies e Pradarias Canadenses penduravam suas carnes no topo de suas cabanas para aumentar a quantidade de fumaça que entrava em contato com a comida. Europeus da Era do Cobre, agora nós sabemos, faziam algo parecido.

[The Local]

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