Palestra do Festival Path debate participação das mulheres no mercado de tecnologia

Por Mayra Sartorato Tecnologia e inovação são, obviamente, dois temas que interessam imensamente a nós, do Gizmodo. Não por menos, nos dispusemos a participar neste final de semana da terceira edição do Festival Path, um evento inspirado no SXSW e que mistura de palestras, shows, filmes, feira gastronômica e festa, divididos em uma programação variada, mas […]

Por Mayra Sartorato

Tecnologia e inovação são, obviamente, dois temas que interessam imensamente a nós, do Gizmodo. Não por menos, nos dispusemos a participar neste final de semana da terceira edição do Festival Path, um evento inspirado no SXSW e que mistura de palestras, shows, filmes, feira gastronômica e festa, divididos em uma programação variada, mas com um viés tecnológico e inovador.

E, entre os diversos temas promovidos neste primeiro dia de evento, uma das palestras mais relevantes tratou de tecnologia e inovação, mas também de uma parcela ainda pouco representativa do mercado de trabalho de tecnologia: as mulheres.

Quando uma mulher observa esse universo pela ótica da minoria, é preciso questionar o porquê. E Camila Achutti, Cientista da Computação, Consultora do tema, disseminadora da cultura “todo mundo pode aprender programação” e autora do blog Mulheres na Computação, se perguntou o motivo pelo qual era a única menina em sua turma na faculdade. E, infelizmente, ela encontrou alguns dados assustadores que respondiam à sua dúvida:

-Segundo a Forbes, apenas 6% dos cargos de liderança de empresas de tecnologia são ocupados por mulheres.

– Afinal, 23% delas desistem da faculdade de Ciência da Computação logo no primeiro ano, de acordo com informações da Bureau of Labor Statistics.

– Esse número é ínfimo, especialmente quando levamos em consideração que apenas 14% das turmas de Ciência da Computação, em nível global, são compostas por mulheres.

Em sua palestra Vamos mudar o mundo com Mulheres, Tecnologia e Empreendedorismo?, Camila propôs alguns dos caminhos que, ela, como minoria no mercado de trabalho, pensa ser as respostas momentâneas. Para ela, uma das únicas maneira de reverter essa situação é incentivando as garotas a entrarem neste universo de trabalho.

Camila

Ela, portanto, se uniu à uma companheira de profissão, arregaçou as mangas, e colocou seu plano de disseminação em prática. Criou o Desafio Tech só para garotas, que reuniu mais de 5 mil meninas, em mais de 850 equipes de trabalho, espalhadas por mais de 45 países. O número de alcançadas parece pequeno, mas esse pequeno passo para a tecnologia é um grande passo para as mulheres.

Camila questionou, então, de onde surgiu o estereótipo do programador homem, que usa óculos e camisetas dos seus softwares favoritos, que passam mais de 12 horas sentados em frentes aos seus computadores. E chegou à conclusão de que a derrapada no caminho aconteceu aproximadamente em 1984, quando os computadores se popularizaram e se tornaram brinquedos quase que exclusivos para os meninos.

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Ou seja, não foi sempre assim. Para provar seu ponto, ela recorreu à primeira turma de Ciência da Computação formada pela IME-USP. Dos alunos formados, 70% eram mulheres. À época, programação e ciência da computação eram associadas à prática profissional do secretariado, por exemplo, uma função muito próxima das mulheres.

De lá para cá, a desigualdade de gênero, o estereótipo, a falta de exemplos profissionais e de apoio familiar culminaram no cenário que vemos hoje: empresas de tecnologia pouco diversas e ainda menos mulheres em suas folhas de pagamento.

Mas, se o que a gente quer é sempre aproximar ainda mais a tecnologia da inovação, como fazemos quase desde que os temas foram associados, precisamos entender o gênero e o mercado como entendemos programação: existem muitas linguagens diferentes e todas elas são importantes para algum propósito.

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