Os detalhes do misterioso programa de investigação de OVNIs do Pentágono

O Pentágono tinha um programa secreto para estudar OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados) que recebeu US$ 22 milhões e que funcionou entre 2008 e 2012. O projeto era apoiado pelo ex-Senador Harry Reid e administrado pela autoridade da inteligência militar Luis Elizondo, conforme a reportagem publicada nesta sábado (16) pelo New York Times. O projeto […]

O Pentágono tinha um programa secreto para estudar OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados) que recebeu US$ 22 milhões e que funcionou entre 2008 e 2012. O projeto era apoiado pelo ex-Senador Harry Reid e administrado pela autoridade da inteligência militar Luis Elizondo, conforme a reportagem publicada nesta sábado (16) pelo New York Times.

O projeto começou após a consideração de inúmeros relatos sobre fenômenos inexplicáveis que poderiam envolver tecnologias avançadas desenvolvidas por governos estrangeiros ou até mesmo alienígenas interessados na Terra. Durante anos, o programa contou com agentes federais e apoio de empresas que investigavam diversos fenômenos, igualzinho a Fox Mulder e Dana Scully em Arquivo-X.

O Advanced Aerospace Threat Identification Program, AATIP, (ou Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais, em tradução livre) não era totalmente confidencial, mas tinha muita proteção por ser algo que deveria ser secreto. A iniciativa gastou US$ 22 milhões entre 2008 e 2011, e maior parte da grana foi para a Bigelow Airspace. A empresa é de posse de Robert Bigelow, amigo e doador de campanha do ex-senador Reid. Apesar disso, o programa também era apoiado pelos já falecidos senadores Ted Stevens e Daniel Inouye. Os US$ 22 milhões permitiram que a empresa contratada construísse um depósito discreto em Nevada para guardar o que eles chamam de artefatos não identificados obtidos a partir de OVNIs, além do registro de testemunhas:

Sob a direção do Sr. Bigelow, a empresa modificou edifícios em Las Vegas para o armazenamento de ligas metálicas e outros materiais que Sr. Elizondo e a empresa contratada pelo programa disseram ter sido recuperadas a partir fenômenos aéreos não identificados. Pesquisadores também estudaram pessoas que disseram ter vivenciado efeitos físicos a partir de encontros com os objetos e as examinaram para a verificação de quaisquer alterações fisiológicas. Além disso, os pesquisadores falavam com membros do serviço militar que relatavam ter avistado aeronaves estranhas.

O governo federal dos Estados Unidos já lançou diversas investigações sobre OVNIS e sempre descobriu pouquíssima coisa, incluindo o famoso Projeto Livro Azul entre 1947 e 1969. Neste caso, foi concluído que a maioria dos fenômenos envolviam estrelas, nuvens, aeronaves convencionais e aeronaves espiãs, embora 701 fenômenos jamais tenham sido explicados.

De acordo com o New York Times, Reid achou que o programa “realizou descobertas extraordinárias e que por isso era necessária uma segurança maior para protegê-lo”, o que manteria o material apenas nas mãos de algumas autoridades. Os analistas da AATIP afirmavam que tinham evidências convincentes de que os objetos não identificados em questão usavam algum tipo de tecnologia de propulsão avançada e que os Estados Unidos seria incapaz de se defender caso a ameaça se tornasse hostil.

No entanto, a designação do acesso restrito foi negado e o programa foi cancelado posteriormente para liberar recursos, já que falhou em oferecer avanços. De acordo com o Politico, até mesmo Reid concorda que o AATIP chegou a um ponto de esgotamento.

Um dos relatos, detalhado extensivamente no New York Times, envolve dois jatos F/A-18E/F Super Hornet que foram enviados para investigar uma “aeronave misteriosa” detectada por um navio da Marinha americana em Princeton, em 2004. Os OVNIs foram detectados depois de surgirem do nada a uma altitude de 80 mil pés, mergulhando em direção ao mar e depois sobrevoando a área a 20 mil pés de altitude. O objeto voltou a subir em disparada ou ficou voando abaixo do alcance do radar. Segundo o site entusiasta de aviação FighterSweep.com, o sistema SPY-1 de Princeton era o “radar mais sofisticado e poderoso do planeta”, naquela época.

Os dois pilotos, o Comandante David Fravor e Capitão-tenente Jim Slaight, voaram tão perto da localização da aeronave que seus rastros no radar não podiam ser separados dos objetos desconhecidos. Eles então perceberam que o mar parecia agitado antes de ficar totalmente revolto, segundo o Times:

Sobrevoando 50 pés acima da agitação do mar havia uma aeronave de algum tipo – esbranquiçada – que tinha cerca de 12 metros de comprimento e formato oval. O veículo pulava erraticamente, ficando acima das ondas, mas não se movia em nenhuma direção específica, disse o Comandante Fravor. A perturbação parecia fazer com que as ondas ficassem espumosas, como se a água fervesse.

Quando a aeronave se aproximou, Fravor disse ao jornal que “ela acelerou de uma maneira que jamais vi na vida” e desapareceu, deixando-o “bem perturbado”. Algo aconteceu que o fez ficar mais perturbado ainda. Quando os caças começaram a se retirar para outra posição a 60 milhas de distância, o radar mostrou que o objeto reapareceu em menos de um minuto.

Além disso, existem alguns vídeos bem esquisitos desse encontro, mostrando um objeto não identificado no céu enquanto os pilotos se maravilham:

Isso não é, necessariamente, evidência de alienígenas e provavelmente existe uma explicação racional. Mas se as descrições do comportamento do objeto forem precisas e não apenas a descrição de algum tipo de ilusão, de fato se trata de um desafio em relação as possibilidades atuais da engenharia e da nossa compreensão da física – sugerindo que uma potência estrangeira realizou avanços incríveis na aeronáutica ou, bem, tivemos a visita de um turista extraterrestre. Portanto, talvez não seja uma surpresa tão grande que alguém tenha se interessado em verificar os fenômenos e descobrir o que fazer a respeito.

Reid insiste que o dinheiro do programa foi bem gasto.

“Não estou embaraçado ou envergonhado ou culpado de que fiz isso acontecer”, disse ao Times. “Acho que é uma das coisas boas que fiz durante meu serviço como parlamentar. Fiz algo que ninguém tinha feito antes”.

Um dos pesquisadores envolvidos, o oficial da inteligência militar Luis Elizondo, renunciou ao cargo depois que o orçamento para o programa foi cortado, mas disse ao Times que um sucessor no Pentágono continua a investigar fenômenos aéreos, embora não tenha revelado nomes. As autoridades negam que o programa continue dentro do Pentágono.

Atualmente, Elizondo se juntou a Harold E. Puthoff, que trabalhou no AATIP e desenvolveu pesquisas para a CIA, e a Christopher K. Mellon, que foi assistente da secretaria de defesa de inteligência, em uma iniciativa privada chamada To the Stars Academy of Arts and Science. Eles falam publicamente a respeito de seus esforços, já que o empreendimento busca levantar uma grana para a pesquisa de OVNIs.

De acordo com a Reuters, a porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, Laura Ochoa, se recusou a comentar sobre a continuidade do programa de alguma forma dentro do governo, escrevendo que “O Departamento de Defesa leva a sério todas as ameaças e potenciais ameaças ao nosso povo, nosso patrimônio e nossa missão e toma iniciativa sempre que informações confiáveis são desenvolvidas”.

[New York Times]

Imagem do topo: Captura de tela via New York Times

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