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Por que filme “O Hobbit” parecerá estranho em alguns cinemas? Peter Jackson explica

O Hobbit, de Peter Jackson, foi gravado de maneira diferente da que estamos acostumados. Ele usa a tecnologia HFR 3D (alta taxa de quadros, na sigla em inglês) com 48 quadros por segundo – mas estamos acostumados a assistir filmes em 24 fps. A Warner Bros. já preparou um panfleto que explicará a diferença aos espectadores, […]

O Hobbit, de Peter Jackson, foi gravado de maneira diferente da que estamos acostumados. Ele usa a tecnologia HFR 3D (alta taxa de quadros, na sigla em inglês) com 48 quadros por segundo – mas estamos acostumados a assistir filmes em 24 fps.

A Warner Bros. já preparou um panfleto que explicará a diferença aos espectadores, e agora é a vez do diretor falar um pouco sobre a opção de usar essa forma diferente ao criar o filme.

Jackson postou um Q&A no Facebook falando sobre a produção da trilogia do Hobbit. Logo na primeira resposta ele já explica o motivo de filmá-la a 48 fps:

“Nós vivemos em uma era de avanço digital rápido. A tecnologia continua sendo desenvolvida para melhorar e enriquecer a experiência de ir ao cinema. O uso do High Frame Rate em filmes de maior público só se tornou viável nos últimos dois anos, e ainda vivemos em uma era de crescimento do entretenimento em casa. Comecei a filmar O Hobbit em HFR porque queria que a audiência sentisse como o cinema pode ser inesquecível e imersivo.”

Ele continua explicando como a indústria evoluiu pouco em relação à taxa de quadros: desde 1927, o padrão usado no cinema é o de 24 fps, e praticamente todas as salas do mundo são equipadas para exibir filmes a essa taxa. É um dos motivos para que poucas salas no mundo exibam O Hobbit em sua versão pura. No Brasil, apenas algumas salas em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Curitiba rodarão o filme a 48 fps – confira a lista aqui.

Há uma preocupação de que, com o HFR 3D, o filme fique com menos “jeito de filme”. As primeiras exibições mostraram que sim, ele parece mais tremido do que os filmes tradicionais e que o público em geral pode não se acostumar logo de cara.

O Engadget fez uma simulação de como ficaria um filme gravado a 48 fps. Acima, você encontra dois vídeos com as mesmas cenas. Um deles está a 25 fps e o outro a 50 fps. Não é a mesma coisa que assistir a um filme inteiro, ainda mais considerando que ele será em 3D nos cinemas – e é aí que está a grande diferença do HFR para os 24 fps. Peter Jackson afirma que os 48 fps são melhores para filmes em 3D por não forçarem tanto os nossos olhos, e isso reduz a sensação de desconforto que muitos têm no cinema 3D.

“A ciência nos diz que os olhos humanos param de enxergar imagens individuais a partir de aproximadamente 55 fps. Assim, filmar a 48 fps dá uma ilusão maior de vida real. A redução do motion blur em cada quadro aumenta a nitidez e dá ao filme a sensação de que foi gravado em 65mm ou IMAX. Uma das grandes vantagens é o fato dos olhos verem o dobro do número de imagens por segundo, dando ao filme uma incrível qualidade imersiva. Isso faz a experiência 3D muito mais fluida e reduz o cansaço visual.”

Há também, é claro, uma questão de mercado. Com mais pessoas tendo acesso a TVs grandes, home theaters e conteúdo em Full-HD, a indústria precisa criar novos atrativos para levar o público ao cinema – e o HFR 3D é um deles. É confortável assistir a um filme no sofá da sala, mas os estúdios querem trazer você ao cinema – desta vez, prometendo uma experiência bem diferente da que estamos acostumados.

O Hobbit – Uma Jornada Inesperada estreia no Brasil em 14 de dezembro. [Facebook via The Verge]

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