Polícia britânica efetua primeira prisão usando van com reconhecimento facial

Ação aconteceu antes da final da UEFA Champions League, no País de Gales, no último sábado

Os autores de ficção científica têm escrito sobre isso há décadas. Defensores da privacidade nos alertaram que ele estava chegando. Agora, o reconhecimento facial aperfeiçoado está um passo mais próximo de se tornar realidade.

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Autoridades do Reino Unido efetuaram, na semana passada, sua primeira prisão contando com um sistema de reconhecimento facial automático (AFR, na sigla em inglês), a polícia de Gales do Sul confirmou ao Ars Technica, na terça-feira (7). Não se sabe muito atualmente sobre o homem preso ou o crime que ele supostamente cometeu, mas seu rosto, presume-se, é um dos 500 mil que fazem parte de um banco de dados de segurança.

Em um comunicado para o Ars Technica, um comissário de polícia de Gales do Sul disse que o uso do reconhecimento facial foi “centrado em uma intervenção antecipada e rápida” e que a tecnologia ofereceu à polícia a capacidade de “identificar a vulnerabilidade, desafiar os perpetradores e reduzir circunstâncias de delitos dentro de ambientes em que a tecnologia é aplicada”.

Em outras palavras, o objetivo de aplicar o AFR se trata sobre pegar os perpetradores quanto sobre prever e prevenir crimes — a teoria sendo que, se um potencial transgressor souber que seu rosto já foi reconhecido, ele terá muito menos probabilidade de se envolver em um delito contra a lei.

A câmera que capturou o rosto do homem em Gales do Sul estava supostamente montada no topo de uma van policial enviada para cuidar da segurança antes da final da UEFA Champions League. A polícia se recusou a revelar mais sobre o crime envolvido, segundo o Ars Technica, provavelmente porque o caso ainda está em andamento.

O reconhecimento facial é uma tecnologia que pode, um dia, alertar autoridades para a presença de um potencial terrorista, como Youssef Zaghba, que, apesar de estar em uma lista de observação na Itália, conseguiu jogar uma van contra pedestres na London Bridge, na semana passada, antes de sair esfaqueando pessoas no Borough Market.

Mas essa tecnologia é também assustadora, mesmo em uma sociedade obcecada por câmeras. E com o advento de equipamentos de vigilância vestidos pela polícia, que poderiam ser ligados a esses sistemas um dia, existe o potencial de que cidadãos, mesmo aqueles que não sejam suspeitos de algum crime, sejam monitorados para onde quer que vão.

Devido ao nível de segredo em torno da vigilância digital e dos bancos de dados da polícia que a abastecem, pode ser impossível detectar abusos quando eles ocorrerem — e, sem dúvida, eles vão ocorrer. Uma vez que estejamos todos marcados, com cada movimento nosso rastreado, pode não haver caminho de volta desse pesadelo distópico. A privacidade pode acabar se tornando algo de que lembraremos com carinho, mas que nunca atingiremos por completo novamente.

[Ars Technica]

Imagem do topo: Getty

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