Por que “Partícula de Deus” é um nome perfeito para o Bóson de Higgs

Eu prefiro chamar de A Força – “uma partícula que nos cerca e nos penetra, ligando a galáxia como um todo” –, mas o físico Tcheco Luboš Motl tem um belo argumento a favor de chamar o Bóson de Higgs de “Partícula de Deus”. Motl argumenta que os cientistas que são contra chamá-la assim têm […]

Eu prefiro chamar de A Força – “uma partícula que nos cerca e nos penetra, ligando a galáxia como um todo” –, mas o físico Tcheco Luboš Motl tem um belo argumento a favor de chamar o Bóson de Higgs de “Partícula de Deus”.

Motl argumenta que os cientistas que são contra chamá-la assim têm essa opinião principalmente por não quererem ser rotulados, “um ritual que ajuda a assegurar muitos físicos de que ‘são parte da comunidade certa’, um clássico exemplo de pensamento grupal”.

Ele tem bons argumentos, colocando na balança todas as alternativas de nomes. Um físico propôs o horrível o evanescente e essencial bóson de Higgs. Segundo Motl, este é um nome “longo, redundante, presunçoso, difícil de pronunciar, arbitrário e universalmente incômodo”. Ele está certo.

Outros propuseram stickyon, inertiaon, oom (Origin Of Mass – Origem Da Massa) e weighton. Mesmo billion, já que vai custar US$ 10 bilhões para encontrá-lo.

Eu preciso concordar com Motl: todos esses nomes são babacas.

 

Por que Partícula de Deus?

Além de Partícula de Deus, o físico tcheco e brega também gosta do nome hardon (um sinônimo em inglês para “ereção”), “porque ela torna duras/pesadas partículas que antes eram moles/leves/plácidas”. Este é o meu favorito do monte, mas, obviamente, não é um nome muito elegante para aquela que pode se tornar uma das partículas mais fundamentais da física – se acabar sendo descoberta mesmo.

Depois de examinar todas as opções, o ateu Motl acha que, de fato, Partícula de Deus é um grande nome. Para justificar, ele usa o livro de Gênesis (em itálico, em tradução livre), traduzindo suas passagens para uma versão cientificamente correta (em negrito):

1. No início, Deus criou o céu e a terra.

1. No início, o campo de Higgs criou, através de interações consigo mesmo, o ponto estacionário instável no topo e o vale estacionário estável no fundo do potencial.

2. E a terra era sem forma, e inválida; e a escuridão era o rosto das profundezas. E o Espírito de Deus se moveu sobre a face das águas.

2. O vácuo de quebra de simetria foi um mar de radiação sem nenhuma estrutura interna; e as interações eletromagnéticas e a luz foram previamente misturadas com outros bósons de calibre eletrofracos. E a condensação do campo de Higgs se moveu para dentro do mar de radiação.

3. E Deus disse, Que haja luz: e houve luz.

3. E o campo de Higgs tinha os números quânticos para preservar a simetria intacta da luz: e a partícula de luz se manteve luminosa/leve e provavelmente sem massa.

4. E Deus viu a luz, viu que era bom. E fez Deus separação entre a luz e as trevas.

4. E o campo de Higgs conseguiu interagir com a luz (por loops virtuais dos bósons-W e quarks de topo), ou seja, “vê-la”, e as interações em nível de árvore que desapareciam garantiram que o número quântico dando origem às interações através da troca de partículas de luz virtuais era um bom número quântico (chamado de carga elétrica).

O artigo dele tem mais dessa brincadeira com o Gênesis. E ele me convenceu, assim, brincando. A partir de agora, pra mim, o nome é Partícula de Deus. [The Reference Frame]

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